Texto e fotos por Clovis Roman – Edição por André Luiz
Com uma interessante proposta de reunir bandas de diversos estilos dentro do Rock, o Amplitude Rock Fest teve sua primeira edição em Curitiba realizada no dia 06 de dezembro na espaçosa casa Spazio Van, local ainda pouco conhecido do público desse estilo na cidade. Era, de fato, o primeiro show de música pesada por lá. O público, infelizmente, compareceu em quantidade reduzida, mas mesmo assim, foi possível perceber que havia diversos grupos diferentes: os fãs de Sepultura, os de sons mais modernos (para ver o Project46) e a galera que curte Dead Fish, além dos apreciadores das bandas locais; estes, em menor quantidade.
A maratona começou com três atrações locais de inegável qualidade. A Fire Shadow foi a primeira, divulgando seu EP Phoenix, um dos melhores lançamentos do ano. Na sequência, o Braveheart, que está em alta por ter aberto recentemente um show do Deep Purple, e por fim, o Krucipha, grupo que faz uma espécie de Thrash Metal modernoso, com muita raiva e peso. Como suas apresentações foram a tarde, acabaram pegando pouca gente, mas mesmo assim, todas cumpriram seus papéis com inegável competência.
A primeira atração de fora foi a garotada do No Way (Osasco/SP), que teve uma alteração em seu line up especialmente para o show em Curitiba. A guitarrista do grupo HellArise, Mirella Max, entrou no lugar de Rodrigo Alves, ausente por motivos pessoais. Eles mandaram um set baseado em seu disco Rise Of Insanity, do qual vieram cinco das oito músicas apresentadas. De resto, uma cover do Pantera, “Walk”, e uma do HellArise, “More Than Alive”; além da nova “Kill For Money”. A presença de palco deles é bem interessante, com destaque para a vocalista Diana Arnos, que mantém uma boa comunicação com a plateia. O som deles é um híbrido de Death/Heavy, com riffs mais cadenciados e lentos, sem aquela necessidade de enfiar blast-beats em tudo. Bacana.
Na sequência, uma das maiores sensações do metal moderno nacional, o Project46, que provou ter uma boa base de fãs na cidade. Brotou gente de tudo quanto é canto para agitar no show dos caras, que foi um arregaço só. O som deles chega a lembrar o Worst, mas flui de maneira muito mais natural, portanto, sem soar forçado. Entre os sons apresentados, tivemos “Erro +55”, “Caos Renomado”, “Capa de Jornal” e “Na Vala”, que já sugerem o tipo de letras que os caras escrevem. Para quem não lembra, o Project46 tocou na edição 2013 do festival Monsters Of Rock.
Agraciados com uma belíssimo coro de “Ei Dead Fish, vai tomar no cu”, o grupo capixaba subiu ao palco e mandou uma quantidade considerável de canções, em aproximadamente uma hora de apresentação. A agressividade calculada e os sons feitos na medida para o “pogo” causaram o efeito desejado, e a galera se quebrou como louca, enquanto rolavam músicas como “Mulheres Negras” e “Proprietários do Terceiro Mundo”.
Por fim, o Sepultura, atração principal da noite subiu ao palco para apresentar seu novo trabalho, The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart, do qual tivemos cinco representantes. De resto, alguma coisa mais recente e vários sons gravados na fase áurea do Sepultura, que como todos sabemos engloba dos anos 80 até meados da década seguinte.
A abertura ficou com a nova “The Vatican” e “Kairos”, faixa título do álbum anterior, mas foi em “Propaganda “ que o negócio pegou fogo. Mais duas novas e “Convicted In Life”, de Dante XXI, mantiveram as coisas em ordem, assim como a ótima “Dusted”, do Roots. Sua colega de disco, “Attitude”, veio depois, e aí o pau comeu solto tanto na pista vip quanto na pista comum.
Em meio a mais algumas coisas recentes, como “Spectrum” e “Do Caos A Lama” (cover de Chico Science), tivemos alguns dos grandes clássicos do Sepultura: “Dead Embrionic Cells” e “Arise” (ambas completinhas, e não no formato medley, como fizeram por muito tempo), além de “Inner Self”, “Biotech Is Godzilla” e “Refuse/Resist”, que encerrou o set.
A volta para o encore foi rápida, com “Trauma Of War”, que se encaixou bem no repertório, e o fim definitivo veio com “Ratamahatta” e, obvio ululante, “Roots Bloody Roots”. O Sepultura está lançando discos regulares nos últimos tempos, com bons momentos em meio a outros não tão emocionantes. Mas há de se reconhecer a garra do quarteto em manter este grande nome na ativa após tantos anos e tantos problemas.
O festival como um todo foi um sucesso, que merece ter continuidade e também maior público em suas eventuais novas edições.
Vídeo: Sepultura – Inner Self