Texto por Clayton Franco – Fotos por The Ultimate Music – Edição por André Luiz
Kansas… Uma banda com tanta história e peso para o rock progressivo, mas que nunca foi reconhecida no Brasil. O grupo formado nos anos 70 sempre foi considerado um dos grandes nomes do rock progressivo (medalhão do porte de um Yes ou King Crimson) e lançou excelentes discos como “Point of Know Return” que é parte integral em qualquer coleção que se dedique ao estilo. Possui canções como “Dust in the Wind” e “Carry On Wayward Son” que se tornaram clássicos atemporais as quais embalaram muitos casais. Então, sempre me perguntei, como uma banda com tal histórico nunca fez tour pelas terras tupiniquins? Se tantas outras bandas do mesmo porte fizeram vários shows por aqui (vide o Yes), qual o motivo de nunca termos tido uma visita do Kansas?
Dizer nunca, também é um erro, pois a banda passou sim pelo Brasil, mas em um único show ocorrido em 2002 no festival de rodeio de Jaguariúna (não, não me pergunte o motivo de terem tocado em um rodeio e ainda por cima longe das capitais). Mas o que sabemos é que este show foi um completo fracasso em termos de público, por uma completa desorganização e falta de informação o show não foi divulgado, e após o rodeio e a apresentação dos artistas sertanejos “top” da época, o local que tinha mais de 10 mil pessoas se esvaziou ficando cerca de 200 presentes assistirem a banda. Depois disso, acreditei que o grupo nunca mais passaria pelo Brasil. Ano atual 2014… Bem longe dos idos 2002, e finalmente temos dois shows do Kansas realizados com uma boa divulgação e em grandes capitais. Primeiramente o grupo passou pelo Rio de Janeiro na noite de 20 de novembro, e na sexta seguida, desembarcaram em São Paulo para um show histórico e maravilhoso que os caros leitores acompanharão nesta resenha.
O show anunciado para as 22h começou com cerca de 10 minutos de atraso para um HSBC Brasil completamente lotado. Vale destacar que a plateia ao contrário de muitos shows de rock e metal, não teve pista. Pelo show ser mais intimista e direcionamento progressivo do grupo, nada melhor do que curtir a noite em cadeiras e mesas. Esta foi a disposição da casa, e devo dizer que todas as mesas estavam lotadas assim como os camarotes. Fiquei feliz ao ver a lotação, pois isso é um claro indicio que a banda pode passar novamente pelo Brasil em futuras tours. E desta forma o show iniciou-se com “People of the South Wind” seguida de “Point of Know Return”. O palco extremamente simples, apenas com um pano de fundo que não foi trocado durante todo o show e todo o equipamento da banda (bateria, teclados, microfones de banking vocais, etc) montados bem próximos ao centro do palco (o que deixou as laterais livres e a banda concentrada no centro), já demonstrava que o destaque da noite seria o grupo e as músicas em si… A banda presenteou os fãs com uma viagem histórica pela sua discografia (concentrando-se principalmente nos sucessos dos anos 70 e algumas dos anos 80) dentre as quais se se incluem músicas como “Play the Game Tonight”, “Song for America” e “The Wall”.
A formação atual do grupo já não conta a mais de 10 anos com a presença do lendário líder Kerry Livgren nas guitarras, mas a presença dos outros dois membros fundadores Rich Williams (guitarras) e Phil Ehart (bateria) mantem o virtuosismo do grupo e a coesão da formação atual que mistura antigos membros com novos integrantes. E por falar em novos integrantes Ronnie Platt é o atual vocal do grupo. Entrou neste ano substituindo aquele que é considerado a voz do Kansas: Steve Walsh. Mas verdade seja dita, Platt não deve nada a seu antecessor. Dono de um vocal limpo, passou com louvor em canções como “Reason To Be” e “Dust In The Wind”. Aliás, tal canção foi um dos grandes destaques da noite e uma das que o público mais cantou e agitou acompanhando a banda. Não dá para deixar de exaltar a performance magnifica de David Ragsdale com seu violino nesta canção que muitos deveriam escutar apenas como lição de alma cultural-musical. Os backing vocals de Billy Greer (baixo) e David Ragsdale (violino) também são responsáveis pelo tom marcante que canções como “Opus Insert”, “Closet Chronicles” e “Hold On” assumem ao vivo.
O show já se encaminhava para o final com “What’s on My Mind” e “Belexes”, contagiando a todos com a nostalgia da noite. E novamente temos uma magistral participação de Robby em “Portrait (He Knew)”. A primeira parte do show se encerra com “Sparks of the Tempest” e a banda rapidamente retorna ao palco com “Fight Fire with Fire”. Para o derradeiro final, nada como “Carry On Wayward Son” que novamente levantou todos os presentes de suas cadeiras convidando a cantar em plenos pulmões. Um belíssimo encerramento para uma grande noite. A banda se despede do palco com vários agradecimentos ao público que ainda estava em êxtase.
É certeza que tanto o Kansas como os presentes no show saíram de alma lavada e corações felizes por uma noite de grandes canções executadas de forma excelente por uma grande banda. Tudo isso leva a crer que o grupo novamente volte ao Brasil… Assim esperemos que a produtora 8×8 Live traga-os novamente em suas próximas tours a qual com certeza estarei novamente assistindo. Deixo aqui meus agradecimentos finais ao Costábile Salzano da The Ultimate Music pelo credenciamento de nosso veículo de cobertura e um abraço a todos que me acompanharam nesta resenha.









Rapaz… Robby está aposentado há alguns anos, ou seja, não veio ao Brasil. O violinista é David Ragsdale… bom corrigir aí =)
Obrigado pelo comentário Cleo, nome corrigido e informado ao autor do texto.
Forte Abraço!!!