Iron Maiden – 07-12-2024 – São Paulo (Allianz Parque)

Texto por André Luiz – Fotos por Felipi Noguerol (Portal Metal Revolution), Stephan Solon (Move Concerts), reprodução imagens do Portal Metal Revolution e John McMurtrie (Iron Maiden) – Edição por André Luiz

São Paulo foi a cidade escolhida para receber os últimos shows da The Future Past Wolrd Tour. Se na sexta-feira, 06, o clima no Allianz Parque foi insano, o sábado, 07, iniciou com anúncio de Nicko McBrain e banda de que àquela seria a ultima apresentação do baterista com o Iron, após 42 anos com o Maiden.

McBrain sofreu um AVC recentemente e passou por tratamento contra um câncer. “Desde o Rock in Rio em 1985, temos uma relação especial com o Brasil, então encerrar uma turnê na frente de 90 mil fãs aqui em São Paulo por duas noites é poético e você [McBrain] merece todos elogios que tenho certeza que esses fãs maravilhosos lhe darão neste último show”, afirmou a banda em comunicado.

O próprio McBrain comentou a respeito de sua despedida dos palcos “Após muita consideração, é com tristeza e alegria que anuncio minha decisão de dar um passo para trás da rotina do estilo de vida de turnês extensas. Hoje, sábado, 7 de dezembro, em São Paulo, será meu último show com o Iron Maiden. Desejo muito sucesso à banda daqui para frente. No entanto, continuarei firmemente como parte da família Iron Maiden, trabalhando em uma variedade de projetos que meus empresários de longa data, Rod Smallwood e Andy Taylor, têm em mente para mim. O que posso dizer? Fazer turnê com o Maiden nos últimos 42 anos tem sido uma jornada incrível! Para minha devota base de fãs, vocês fizeram tudo valer a pena e eu amo vocês! (…)! Aos meus companheiros de banda, vocês fizeram um sonho se tornar realidade e eu amo vocês! Olho para o futuro com muita animação e grande esperança! Vejo vocês em breve, que Deus abençoe a todos e, claro, ‘Up the Irons!’”.

Em meio a comoção pela despedida, o Allianz Parque receber dezenas de milhas de fãs das mais diversas idades, os quais demonstraram animação na fila ao redor do estádio, na entrada pelos portões – várias foram as cenas de comemoração por parte do público – e no interior da arena. Show do Iron Maiden na capital paulista pode ser resumido em nostalgia, um momento de reencontrar amigos (e porque não fazer novos?) sob a desculpa de assistir a apresentação da banda de heavy metal mais popular no país. Nas duas noites de shows, um movimento interessante foi o de crianças e adolescentes dividindo espaço com a “velha guarda”. Abaixo, separamos alguns relatos de famílias presentes nos shows, compartilhados nos perfis de mídias sociais do Portal Metal Revolution:

Programada para às 19h10m, a apresentação da Volbeat iniciou com um bom público presente no interior do Allianz Parque, pouco mais da metade da capacidade do local no momento em que os PA’s da arena executaram “Born To Raise Hell” (Motorhead) e os dinamarqueses adentraram no palco para começarem sua apresentação com “The Devil’s Bleeding Crown”, “Lola Montez” e “Sad Man’s Tongue”.

Em meio a canções como “A Warrior’s Call” e “Black Rose”, o frontman agradecia a presença do público e pedia interação na base das palmas, como no discurso antes de “Wait A Minute My Girl”. Originada em Copenhague no ano 2001, os dinamarqueses mesclam heavy metal com rockabilly e em dados momentos acrescentam até mesmo pitadas de country e blues. A line up composta pelo vocalista e guitarrista Michael Poulsen, o baterista Jon Larsen, o baixista Kaspar Boye Larsen e o guitarrista de tour Flemming C. Lund, apresentou-se pela turnê mundial do último lançamento, o disco ‘Servant Of The Mind’ (2021).

A performance dos dinamarqueses segui com “Shotgun Blues”, a animada “Fallen”, “Seal the Deal” e a canção com mais amostras de mesclas de estilos, “The Devil Rages On”. Em “For Evigt”, a apresentação dos músicos e pedido de Poulsen para ligar as luzes dos celulares – prontamente atendidos pelo público, os quais iluminaram o início de noite na arena. O término ocorreu com a faixa mais conhecida da banda europeia, “Still Counting” (do disco ‘Guitar Gangsters & Cadillac Blood’ de 2008), e a despedida do palco ao som de “Trust Me” (Brad Fiedel) nos PA’s. A animação dos integrantes demonstrada em posts no Instagram e a boa receptividade do público aparentam que veremos os dinamarqueses mais vezes nos próximos anos pelo país, e convenhamos, a abertura para shows da banda de heavy metal mais popular do Brasil impulsiona a curiosidade de novos fãs pela sonoridade da Volbeat.

Set List Volbeat:
The Devil’s Bleeding Crown
Lola Montez
Sad Man’s Tongue
A Warrior’s Call
Black Rose
Wait A Minute My Girl
Shotgun Blues
Fallen
Seal the Deal
The Devil Rages On
For Evigt
Still Counting

O Allianz Parque estava lotado em meio os trabalhos dos roadies para arrumação do palco visando a apresentação da atração principal da noite – o estádio para jogo de futebol comporta até 45 mil pessoas, as mídias sociais da banda citaram 70 mil. O repertório da The Future Past World Tour inclui músicas do mais recente álbum de estúdio do Iron Maiden, ‘Senjutsu’, assim como do clássico disco de 1986, ‘Somewhere In Time’, ao lado de outras favoritas dos fãs. Mais de 750.000 fãs presenciaram a tour em mais de 30 shows esgotados em toda a Europa no verão de 2023. A banda também apresentou-se no Canadá, pela Power Trip Festival da Califórnia, Nova Zelândia, Austrália, Japão, EUA, Colômbia, Chile, recebendo excelentes críticas pelos países os quais visitou – as performances na capital paulistas foram as últimas válidas pela turnê.

Independente dos números, o anúncio feito na manhã daquele sábado 07 elevou a apresentação em São Paulo para um dos principais momentos da história do Iron Maiden: veículos de comunicação de todo mundo reportavam manchetes como “fim de uma era”, Nicko McBrain esteve entre os trending topics do X e hashtags mais populares nas mídias sociais. E exatamente às 20h52, quando os PA’s do Allianz Parque passaram a executar “Doctor Doctor” (UFO) e a intro “Blade Runner” (End Titles, Vangelis) a história acontecia, Nicko assumia a bateria da donzela de ferro pela última vez ao lado de Bruce Dickinson (vocal), Steve Harris (baixo) e do trio de guitarristas Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers.

A dobradinha do ‘Somewhere In Time’ de 1986 deu início ao espetáculo: a enérgica “Caught Somewhere In Time” bradada a plenos pulmões pelos milhares de presentes na arena e “Stranger In A Strange Land” com um inspirado solo de Adrian Smith além da breve aparição do Eddie “Somewher In Time” ao lado do palco. Mas na primeira pausa, os gritos de “Nicko, Nicko” ecoaram no Allianz Parque, sobrepujando as tentativas de discurso de Bruce e visivelmente emocionando McBrain – cartazes e faixas levadas pelo público em alusão ao baterista eram exibidas em destaque nos telões, assim como a imagem de Nicko agradecendo o carinho do público.

“The Writing On The Wall” com palmas em meio ao trecho inicial de Adrian ao violão e público cantando em uníssono o refrão da canção e “Days Of Future Past”, completando a trinca do ‘Senjutsu’ de 2021 com “The Time Machine” precedida por Bruce dizendo que “Senjutsu já está velho e vocês tem que pular nessa próxima canção porque ela já é conhecida” – os pulos? Ocorreram sim, e o frontman encerrou a música enrolado em uma bandeira do Brasil com logo da banda estampado. O momento nostalgia veio à tona com “The Prisoner” – ‘The Number Of The Beast’ de 1982 –, seguido por discurso de Dickinson comentando sobra história da canção seguinte, a longa “Death Of The Celts” – mais uma do mais recente disco, ‘Senjutsu’ – destacando-se a performance teatral do vocalista e a intro de Harris ao violão.

O brado de “Can I Play With Madness” (‘Seventh Son Of A Seventh Son’ de 1988) ecoou no Allianz Parque, iniciando uma sequência de clássicos atemporais da donzela de ferro. “Heaven Can Wait” contou o retorno do Eddie “SIT” ao palco duelando com Bruce Dickinson durante o solo de guitarra – o mascote da donzela com sua arma e o frontman com um canhão laser postado na plataforma ao lado do palco. Porém por mais que tenha sido divertido o momento anterior, foi durante outro clássico do ‘Somewhere In Time’ que a euforia tomou conta do Allianz Parque: “Alexander The Great” não foi executada durante a tour do disco de 1986, mas esteve presente no set list da FPWT, uma das canções épicas dos britânicos mais pedidas pelos fãs ao longo dos anos, foi comemorada como se um gol de seu time de futebol pelos presentes. Desde a intro ao solo magistral de guitarra, culminando no término emocionante com Bruce segurando o vocal por 24 segundos, a conclusão é de que os anos de espera para presenciar ao vivo o hino valeram a pena.

O clássico “Fear Of The Dark” do disco homônimo de 1992 contou com Allianz Parque iluminado pelos celulares e explosão de animação do público na que podemos considerar a canção mais popular da banda. A faixa que carrega o nome do sexteto e o debut album de 1980, “Iron Maiden”, teve show pirotécnico, Eddie “Senjutsu” brincando com Janick Gers e fazendo reverências ao baterista como se fosse uma despedida do músico, e ao fim Nicko a frente do palco sendo saudado por todos antes dos integrantes deixarem o palco para uma curta pausa.

O retorno dos integrantes ao palco ocorreu com a execução de “Hell On Earth” – ‘Senjutsu’ de 2021 –, culminando na dobradinha derradeira composta pelos clássicos “The Trooper” – ‘Piece Of Mind’ de 1983 – e “Wasted Years” – ‘Somewhere In Time’ de 1986. Por mais que o encore tenha sido empolgante, com participação ativa do público bradando as letras das canções a plenos pulmões, àquelas seriam as últimas músicas executadas no palco por Nicko McBrain após 42 anos. Ao término exatamente às 22h50m, os músicos agradeceram os presentes, registraram uma foto com público ao fundo e deixaram o baterista de 72 anos de idade sozinho para o que, nas palavras de Bruce Dickinson, “era o momento de Nicko”. Foram cerca de dois minutos de um misto de aplausos, coros de “Nicko, Nicko”, baquetas jogadas ao público e muitos agradecimentos de um McBrain visivelmente emocionado antes de dirigir-se ao backstage.

Enquanto o público olhava incrédulo para o palco ao som de “Always Look On The Bright Side Of Life” (Monty Python) nos PA’s, a ficha caía aos poucos sobre o que haviam acabado de presenciar no Allianz Parque: se um show do Iron Maiden por si só possui uma atmosfera nostalgicamente diferente em se tratando de Brasil, a despedida do icônico baterista após 42 anos de banda trazia a sensação um tanto agridoce no paladar do público, o qual acabara de apreciar um dos momentos mais aguardados na agenda anual de eventos do headbanger mais fanático. Na saída do estádio se viam sentimentos diversos, de famílias felizes por seu primeiro show reunidos a fãs com olhos lacrimejando pela despedida do músico, outros um tanto afoitos registrando o momento em imagens ou marcando o próximo destino – afinal, era um sábado às 23h… Enfim, em alusão a faixa derradeira executada pelo clássico sexteto on stage, esses 42 anos de Nicko à frente da bateria do Iron Maiden estão longe de serem considerados anos perdidos e novos “golden years” sigam com seu sucessor, Simon Dawson (agradecimentos à Midiorama e Move Concerts).

Set List Iron Maiden:
Blade Runner (Vangelis – Intro) / Caught Somewhere In Time
Stranger In A Strange Land
The Writing On The Wall
Days Of Future Past
The Time Machine
The Prisoner
Death Of The Celts
Can I Play With Madness
Heaven Can Wait
Alexander The Great
Fear Of The Dark
Iron Maiden

Hell On Earth
The Trooper
Wasted Years

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