Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Costabile Salzano Jr (The Ultimate Press)
“Nós estamos aqui para celebrar a vida e o legado de Chuck Schuldiner”. A frase dita pelo baixista Steve DiGiorgio ainda no começo do show deu o tom do que seria a noite dos fãs que compareceram em excelente número ao Via Marquês.
Banda precursora do estilo que ficou conhecido pelo seu nome, o Death existiu entre 1983 e 2001, tendo lançado 7 álbuns de estúdio durante sua carreira. Infelizmente, Chuck Schuldiner, líder do grupo, faleceu em dezembro de 2001 após travar uma longa batalha contra um tipo raro de tumor no cérebro.
Desde 2012 seus ex-companheiros de banda excursionam mundo afora como forma de manter o legado de Chuck vivo. Ao contrário do que se especula, a empreitada não tem nada de pilantragem, pelo contrário, é apoiada pela família do músico e por Eric Greif, ex-empresário do Death e gestor da propriedade intelectual do grupo.
A atual formação da banda conta com Steve DiGiorgio (Human e Individual Thought Patterns), Gene Hoglan (Individual Thought Patterns e Symbolic) e Bobby Koelble (Symbolic). Além deles, Max Phelps (Cynic e outros) teve a difícil tarefa de tocar guitarra e cantar as partes de Chuck Schuldiner. E fez um trabalho espetacular. Aliás, curiosamente, os dois são muito semelhantes fisicamente.
A abertura ficou a cargo das bandas D.E.R e Test. As duas bandas, além de dividirem o mesmo baterista, já lançaram um split e inovaram ao gravar músicas diferentes sobre a mesma base. Com isso, em cada caixa de som você escuta uma banda diferente. A novidade parece ter agradado o público que recebeu com empolgação a apresentação da banda nos seus poucos mais de 20 minutos em cima do palco.
Pontualmente às 21h, a atração principal da noite entrou no palco e deu início ao massacre sonoro. Apesar da reconhecida qualidade dos músicos envolvidos com o Death To All, impressionou o entrosamento demonstrado desde o início avassalador com a parte instrumental de “Out of Touch” seguida pelo clássico “The Philosopher”, passando pelos medleys absurdamente bem executados de músicas mais antigas (demonstrando a força do catálogo do grupo) como “Leprosy / Left To Die” e “Spiritual Healing / Within The Mind”, a temas como “Living Monstrosity”, do excelente álbum Spiritual Healing, lançado em 1990.
A parte ruim da apresentação ficou por conta participação especial de Steffen Kummerer, guitarrista e vocalista da banda alemã Obscura. Convocado ao palco por Steve DiGiorgio, o músico alemão destoou de seus companheiros e errou visivelmente nas músicas que participou, mais notadamente em “Overactive Imagination.”
Felizmente, Phelps logo reassumiu seu posto e a banda partiu para a última parte do show onde não perdoou o público que àquela altura já estava se acabando em rodas gigantescas por quase uma hora e tocou mais um medley, dessa vez versões pesadíssimas para “Zombie Ritual” e “Baptized In Blood”, além do clássico “Crystal Mountain”. Assim como no DVD Live In L.A, uma das últimas apresentações do Death com Chuck Schuldiner, o show foi encerrado com o clássico “Pull The Plug”.
Uma apresentação memorável e uma grande homenagem a um dos maiores nomes do metal pesado em todos os tempos. Com um setlist muito bem escolhido, que contou com pelo menos uma música de cada disco da carreira da banda, além da performance absurda dos músicos que ajudaram a escrever a história do grupo. Os fãs que nunca tiveram a chance de ver a banda ao vivo (creio que a imensa maioria) puderam celebrar a carreira de uma lenda e de quebra ainda presenciaram uma verdadeira aula de death metal.
Setlist
Out of Touch
The Philosopher
Leprosy / Left to Die
Living Monstrosity
Suicide Machine
In Human Form
Lack of Comprehension
Spiritual Healing / Within the Mind
Flattening of Emotions
Symbolic
Zero Tolerance
Bite the Pain
Overactive Imagination
Zombie Ritual / Baptized in Blood
Crystal Mountain
Pull the Plug
One thought on “Death To All – 07-09-2014 – São Paulo (Via Marquês)”