Texto por Alvaro Ramos – Fotos por Marta Ayora (Midiorama) – Edição por André Luiz
Conhecidos por suas músicas marcantes e engajadas em causas políticas/ambientais, o Midnight Oil é uma daquelas bandas que nem todos conhecem pelo nome, mas todo mundo já ouviu pelo menos uma vez algum de seus hits. Após 15 anos sem fazer uma turnê, os australianos anunciaram que finalmente retornariam aos palcos do mundo todo para a “The Great Circle 2017 World Tour”, o que causou grande alegria aos fãs que finalmente teriam a oportunidade de ver (ou rever) a banda ao vivo. E para os fãs brasileiros essa alegria foi ainda maior, pois quando o Midnight Oil divulgou as datas dos shows, além de haver quatro datas no Brasil, nosso país foi escolhido como o primeiro depois da Austrália a receber a tão aguardada turnê. Depois de dois shows em Porto Alegre e Curitiba, no sábado (29) foi a vez do público de São Paulo receber a banda, exatamente 20 anos após a última apresentação na cidade.
Chegando ao local do show (Espaço das Américas) por volta das 20h30m, a casa já se encontrava com sua lotação praticamente máxima, e o clima era de ansiedade, com um público que viajava desde adolescentes que veriam a banda pela primeira vez, até os jovens dos anos 90, hoje já com seus quarenta e poucos anos, que aguardavam ansiosamente para reviver o show anterior. O início estava marcado para as 22h, mas 2 minutos antes disso as luzes se apagaram e logo em seguida o inconfundível vocalista Peter Garrett entrou no palco com sua gaita, tocando os acordes iniciais de “Blue Sky Mine”, que em poucos segundos já fez todo o público do Espaço das Américas dançar, pular e cantar com a banda. O clima logo no início do show era de festa e nostalgia para a grande maioria, além da expectativa de que um ótimo show viria pela frente, pois a banda mostrou que veio para fazer uma apresentação inesquecível e cheia de energia.

Com muito carisma, simpatia e suas famosas danças desengonçadas, Peter falou em bom português um “Boa noite, São Paulo!” ao término da primeira música, mas sem muito tempo para conversa, pois em seguida a banda já disparou “Truganini”, outro clássico que manteve a empolgação no mesmo nível e não deixou ninguém parar. Em seguida, “Too Much Sunshine” deu continuidade ao show, e ao término da mesma, uma pequena pausa para conversar com o público. Peter se colocou à frente do palco, bem próximo do público, e em português disse “Obrigado São Paulo por esperar tanto tempo!”, obviamente se referindo aos 20 anos sem se apresentar na cidade. Aplaudido por todos que estavam lá, Peter entendeu o recado de que estava perdoado pela demora, e então o show foi retomado com “Redneck Wonderland”, faixa do álbum de mesmo nome, lançado em 1998. Em seguida, uma série de clássicos sem grandes pausas, para não deixar o clima no Espaço das Américas esfriar; a maravilhosa “Short Memory”, que não havia sido tocada em Curitiba nem em Porto Alegre; depois “Earth And Sun And Moon”, “Power And The Passion”, “Only The Strong” e “Antarctica” também foram cantadas em uníssono pelos fãs, e depois já em uma parte um pouco mais tranquila do show, Peter ajoelhou no palco para uma performance emocionante de “Arctic World”.

Seguindo sem interrupções com “Warakurna”, “Dreamworld” e “My Country”, o show teve mais uma breve pausa para Peter conversar com o público (também em português) enquanto a banda trocava os instrumentos para começar um trecho acústico. Seguiu-se um dos pontos mais altos da noite: uma versão acústica de “When The Generals Talk” foi executada pela banda e cantada por Peter e pelo público em uma só voz. “Luritja Way” veio em seguida, também na versão acústica, e logo depois outro ponto emocionante: “US Forces”, uma das músicas mais esperadas pelos fãs foi cantada também por todos os presentes. Aliás, vale abrir parênteses sobre essa questão de “pontos altos” no show, o Midnight Oil foi um daqueles shows nos quais chega a ser difícil dizer qual ponto foi mais alto, pois não existem pontos baixos durante toda a apresentação. Todas as músicas são hits, dançantes e executadas de forma vibrante pela banda, que esbanjava carisma e talento a cada momento. Chega a ser difícil acreditar que todos os membros já estão na casa dos quase 60/70 e poucos anos, dada a energia que demonstravam o tempo todo, além da feição de contentamento dos músicos por serem tão bem acolhidos pelos fãs que cantavam e vibravam junto com a banda.

Mas, voltando ao que interessa, já que o show não pode parar: “The Dead Hearts” veio logo depois de “US Forces”, e a faixa seguinte seria nada menos que “Beds Are Burning”, provavelmente a música mais conhecida da banda e um dos hits de maior sucesso. Não preciso nem repetir que foi também cantada por todo o público, que continuava pulando e dançando sem parar, mesmo já com uma hora e meia de show. Com os fãs extasiados, “Read About It” veio a seguir para dar uma tranquilizada, e então “Forgotten Years” foi escolhida pela banda para finalizar a primeira parte do set list de forma enérgica, já que trata-se de uma das músicas que mais grudam na cabeça. Agradecendo ao público em português, Peter, Rob, Jim, Martin e Bones deixaram o palco do Espaço das Américas, retornando após 3 minutos para atender aos pedidos dos fãs que gritavam e pediam mais. A bela “Put Down That Weapon” deu continuidade ao show, seguida de “Now Or Never Land” e “Sometimes”, que encerraram de vez a noite após exatamente duas horas de hits. A banda mais uma vez agradeceu e deixou o palco, ficando nos fãs aquela sensação de que o show poderia continuar durante a noite toda, de tão bom que estava o clima.

Em um ano repleto de shows incríveis, Midnight Oil com certeza se firmou como um dos melhores shows de 2017, e porque não um dos melhores shows dos últimos anos? Com certeza superou as expectativas de qualquer pessoa que estava presente nesta noite para lá de inesquecível. Tenho certeza que assim como eu, cada fã de Midnight Oil já está torcendo para que a banda decida fazer mais uma turnê mundial ao término da “The Great Circle” para que possamos ter a oportunidade de presenciar tudo aquilo mais uma vez. E, caso isso aconteça, a dica que deixo é: vá ao show do Midnight Oil se tiver a oportunidade, e prepare-se para um dos melhores shows da sua vida! Agradecimentos à move Concerts e Midiorama pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe.
Set List Midnight Oil:
Blue Sky Mine
Truganini
Too Much Sunshine
Redneck Wonderland
Under the Overpass
King Of The Mountain
Short Memory
Earth And Sun And Moon
Power And The Passion
Antarctica
Only The Strong
Arctic World
Warakurna
Dramworld
My Country
When the Generals Talk (acústica)
Luritja Way (acústica)
US Forces
The Dead Heart
Beds Are Burning
Read About It
Forgotten Years
Put Down That Weapon
Now Or Never Land
Sometimes










