Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por André Luiz
Encerrando sua bem-sucedida turnê por seis cidades do Brasil, o lendário baixista e vocalista Glenn Hughes veio à cidade maravilhosa para se apresentar diante de um público que não apenas entupiu o Teatro Odisseia, como também participou ativamente do show e fizeram o dia seguinte ao aniversário de 64 anos do experiente músico ser mais uma daquelas noites memoráveis.
Após experiências que terminaram de certa forma sendo traumáticas com o Black Country Communion e o California Breed, Glenn decidiu que era hora de retornar às suas raízes e sair em turnê solo, apostando novamente no formato power trio, assim como fez lá no começo de sua carreira nos anos 1970 com o Trapeze. Para a empreitada recrutou o excelente guitarrista Doug Aldrich (Dio, Revolution Saints), que tocou durante anos no Whitesnake ao lado de seu grande parceiro musical, David Coverdale. Completando o time, o baterista sueco Pontus Engborg, que colabora há anos com Hughes em sua carreira solo.

Uma olhada no set list dos primeiros shows no Brasil me deixou de certa forma cabreiro com a apresentação. Afinal de contas, parecia um tanto quanto conservador, uma aposta segura com alguns de seus maiores sucessos no Deep Purple figurando no repertório e ignorando por completo boas fases de sua carreira, como os projetos com os guitarristas Tony Iommi e Pat Thrall, só para citar dois exemplos. E ainda houve espaço para um inexplicável cover do Whitesnake. Mas bastou o trio formado por Glenn Hughes, Doug Aldrich e Pontus Engborg entrar no palco, para qualquer dúvida com o set list ir por água abaixo. O começo fulminante com o clássico “Stormbringer” do Deep Purple pôs o Teatro Odisseia abaixo e de cara deu o tom do que seria a noite.
Se “Orion” foi recebida com certa indiferença, “Way Back To The Bone” e “Sail Away”, clássicos do Trapeze e Deep Purple, respectivamente, fizeram a alegria dos presentes e colocaram a plateia para cantar alto novamente. “Touch My Life”, mais uma do Trapeze, foi mais uma demonstração da força e da versatilidade de Hughes. Em conversa com o público antes de “One Last Soul” do Black Country Communion, supergrupo que Hughes formou ao lado do guitarrista Joe Bonamassa e do baterista Jason Bonham, ficou claro que por mais que o baixista diga ‘não’, as feridas pelo fim do grupo ainda estão abertas e vivas na mente dele.

Antes de “Mistreated” aconteceram alguns dos grandes momentos da noite. Primeiro, Glenn contou a história da criação da música, sua primeira colaboração com Ritchie Blackmore e lembrou momentos das sessões de gravação do álbum ‘Burn’ do Deep Purple. Em seguida, Doug Aldrich foi ao microfone e se dirigiu ao público para lembra-los que no dia anterior havia sido o aniversário de 63 anos de Glenn e incitou a plateia a cantar parabéns ao vocalista. Pedido feito, pedido atendido. A surpresa fez Glenn se emocionar mais uma vez. Em cima do palco, uma versão matadora do clássico do Deep Purple foi executada. Com direito a solo de Aldrich na introdução e um Glenn Hughes inspiradíssimo, alternando entre tons mais baixos e graves com incrível facilidade fazendo tanto as partes dele quanto as que cabiam a Coverdale na versão original.
Se um primeiro momento o cover de “Good To Be Bad” do Whitesnake causou desconfiança, a pesadíssima versão para a música fez a desconfiança ser rapidamente esquecida. Caminhando para o final da apresentação, tivemos a excelente “Soul Mover”, faixa-título do álbum solo lançado por Glenn em 2005 e que contou com um extenso solo do bom baterista sueco Pontus Engborg. Após uma breve saída de cena, o trio retornou ao palco e encerrou a noite com o clássico atemporal “Burn” do Deep Purple.
Mais uma grande noite de rock no Rio de Janeiro proporcionada pelo sujeito popularmente conhecido como a ‘Voz do Rock’. Glenn parece ter encontrado em Doug Aldrich um parceiro ideal. Os dois demonstraram grande química e Doug tem muita identificação com o tipo de som que o vocalista fez durante sua carreira, tornando-se uma espécie de parceiro perfeito para Hughes. O entrosamento demonstrado pelo trio nos faz torcer para que essa parceria seja estendida e gere frutos mais duradouros. Agradecimentos à produtora Blog N Roll pelo tratamento dispensado a equipe do Portal Metal Revolution.
Set List Glenn Hughes:
Stormbringer
Orion
Way Back To The Bone
Sail Away
Touch My Life
One Last Soul
Mistreated
Good To Be Bad
Soul Mover
Burn











