Texto por André Luiz – Fotos por Ricardo Matsukawa (Mercury Concerts) – Edição por André Luiz
A capital paulista recebeu a sétima edição do tradicional Monsters Of Rock no Brasil, um festival intimamente ligado às raízes da música pesada no país cujo line up escolhido literalmente homenageia os fãs, reunindo no mesmo palco alguns dos nomes mais influentes do rock mundial: Kiss, Scorpions, Deep Purple, Helloween, Candlemass, Symphony X e Doro.
A data de 22 de abril é marcada pela chegada dos portugueses ao Brasil em 1500, porém muito embora este não seja considerado um feriado oficial no país, para os fãs de música pesada a data estava reservada desde o anúncio de mais uma edição do Monsters no ano passado. O anúncio das bandas presentes apenas alimentou mais ainda a avidez do público, tornando o evento sold out – estimado em 60 mil pessoas no local – e abrindo a possibilidade para side shows das bandas em outros estados.
A abertura dos portões do Allianz Parque ocorreu às 10h, e além da “corrida” para ocupar espaços junto ao palco – captada por alguns vídeos os quais circularam nas mídias sociais –, pôde-se conhecer a estrutura montada para atender o público no estádio. De stands com camisetas e itens do festival, a ativações com o mascote do Monsters e pontos para alimentação tanto nas pistas quanto no interior do Allianz, a grande quantidade de público acarretou em filas tanto nos banheiros quanto nas lanchonetes durante o intervalo dos shows. Até este ponto seria algo considerado normal para a grande demanda de público, mas o destaque negativo foi para o término da alimentação entre 20 e 21h – enquanto o Scorpions estava no palco –, em especial considerando que milhares de pessoas estavam desde a manhã de sábado no local.
Os anfitriões do festival foram o radialista/apresentador Tatola Godas e Walcir Chalas da tradicional Woodstock Discos, os quais surgiram no palco pouco antes das 11h30m, anunciando a primeira atração do festival. A metal queen Doro Pesch trouxe ao Monsters 2023 um repertório com foco nos sucessos da época de Warlock mesclando a alguns hits de sua carreira solo, mas a sequência inicial deu-se com canções de sua antiga banda: primeiramente “I Rule The Ruins”, seguida pela enérgica “Earthshaker Rock” e o refrão cativante de “Burning The Witches” e “Fight For Rock”.
Ao lado da metal queen, Johnny Dee (bateria), Bas Maas (guitarra), Stefan Herkenhoff (baixo, teclado) e o brasileiro Bill Hudson (guitarra) trouxeram uma música mais recente de Doro, “Raise Your Fist In The Air”, do disco ‘Raise Your Fist’ de 2012, seguida por uma faixa do debut álbum do Warlock, “Metal Racer”. “Amo vocês metal racers, ótimo abrir esse festival, essa próxima música é do nosso segundo álbum” citando a canção que nomeia o disco de 1985 do Warlock, “Hellbound”.
A parte derradeira do curto primeiro show do Monsters 2023 se aproximava, “Revenge” foi regada a punhos no ar regidos pela metal queen e emendada com o hino do heavy metal alemão, “All We Are”, de longe a música com maior interação do público, o qual vibrou quando a metal queen exibiu bandeira do Brasil. A apresentação seria encerrada após a execução de “All For Metal” (‘Forever Warriors, Forever United’ de 2018) às 12h15m com os agradecimentos de Doro mesclando idiomas – “thank you very much, amigos para sempre” – e a apresentação dos integrantes da banda. Para quem não recorda, a vocalista teve shows em São Paulo adiados pela pandemia e posteriormente cancelados no ano passado, até o anuncio da presença da metal queen no line up do festival, e diga-se de passagem: não haveria ocasião melhor para um retorno da vocalista ao país do que um Monsters.
Set List Doro:
I Rule The Ruins
Earthshaker Rock
Burning The Witches
Fight For Rock
Raise Your Fist In The Air
Metal Racer
Hellbound
Revenge
All We Are
All For Metal
O clima quente no Allianz Parque, tanto pela temperatura ambiente quanto pelas apresentações, teria prosseguimento com o rápido trabalho dos roadies e os músicos do Synphony X adentrando ao palco às 12h30m com um animado Russell Allen brincando “boa tarde Sao Paulo, esse é um ótimo dia para rock and roll” portando um copo de bebida na mão. Desta forma, iniciaram a apresentação com “Nevermore”, uma das quatro faixas do disco ‘Underworld’ presentes no set.
O show com tempo mais curto obrigou o corte de algumas faixas se comparado à repertórios de shows anteriores –“Evolution (The Grand Design)”, “When All Is Lost” e a ausência sentida de “The Odyssey” –, desta forma, Michael Romeo (guitarra), Michael Pinnella (teclado), Jason Rullo (bateria), Russell Allen (vocal) e Michael LePond (baixo) seguiram mesclando faixas do ‘Paradise Lost’ (2007) e ‘The Divine Wings Of Tragedy’ (1997), além do já citado disco de 2015: a excelente “Serpent’s Kiss”, “Sea Of Lies”, “Without You” com direito a discurso de Allen sobre a presença do Symphony X no festival dividindo palco com nomes como Deep Purple e Scorpions.
A trinca final contou com “Kiss Of Fire”, “Run With The Devil” – solo sensacional de Romeo – e o show particular de Allen em “Set The World On Fire (The Lie Of Lies)” com o vocal ao fim fazendo trocadilhos incluindo o nome da cidade de “Sao Paulo” na canção, encerrando às 13h12m. Os fãs do metal progressivo da banda norte-americana acostumados a “pechas” maiores, certamente estranharam um set de 42 minutos do Symphony X em terras brasileiras, mas a dinâmica da programação do festival ainda encurtaria outros sets. De qualquer forma, sempre será um privilégio presenciar Allen e Romeo juntos no palco, desfilando técnica e carisma aos fãs.
Set List Symphony X:
Nevermore
Serpent’s Kiss
Sea Of Lies
Without You
Kiss Of Fire
Run With The Devil
Set The World On Fire (The Lie Of Lies)
Durante o início deste ano, o line up do Monsters foi alterado devido ao cancelamento da vinda do Saxon ao festival por conta do afastamento dos palcos do guitarrista Paul Quinn. Os suecos do Candlemass substituíram a banda alemã, trazendo no line up Leif Edling (baixo), Mats “Mappe” Björkman (guitarra), Lars Johansson (guitarra), Jan Lindh (bateria) e o primeiro vocalista da banda, Johan Längqvist, o qual retornou ao posto em 2018 – exatos 32 anos após o registro do debut album ‘Epicus Doomicus Metallicus’, de 1986.
Desta forma, a intro “Marche Funebre” foi ouvida nos PA’s do Allianz Parque às 13h30m, precedendo o início com o clássico do doom metal “Mirror Mirror”. “Como vocês estão Brasil? É uma alegria estar aqui, daremos o melhor para vocês” discursou Längqvist, anunciando “Bewitched”. De fato, após o debut album, a formação clássica do Candlemass contou com o ícone sueco Messiah Marcolin – line up inclusive que estreou a banda no Brasil em 2006 durante a tour de divulgação do álbum homônimo ‘Candlemass’, pouco antes de Marcolin deixar o grupo pela última vez –, seguindo Robert Lowe e Mats Levén antes do citado retorno de Längqvist. Cada vocalista possui características próprias, geralmente elogiadas por público e crítica, mas é complicado desassociar a figura de Messiah em interpretações de canções clássicas como “Dark Are The Veils Of Death” e “Crystal Ball”, ocorridas no festival.
O líder da banda Leif Edling demonstrou satisfação pela reação do público às canções executadas, agradeceu a presença de todos e disse que tocariam várias canções clássicas, antes de anunciar “Under The Oak” – mesmo em tour de divulgação do disco de 2022 ‘Sweet Evil Sun’, nenhuma faixa recente foi executada no curto set list, o qual se comparado a outros shows recentes teve a própria faixa título do álbum de 2022, “The Bells Of Acheron” e “Samarithan” cortadas do repertório. “The Well Of Souls” teve o público levantando as mãos no ritmo dos riffs da canção, enquanto a dobradinha final foi formada por “A Sorcerer’s Pledge” e o clássico “Solitude” – detalhe para Längqvist esquecendo o microfone do lado oposto do palco, atrasando sua entrada pós solo de guitarra –, culminando no encerramento da apresentação às 14h28m.
Set List Candlemass:
Marche Funebre / Mirror Mirror
Bewitched
Under The Oak
Dark Are The Veils Of Death
Crystal Ball
The Well Of Souls
A Sorcerer’s Pledge
Solitude
Pouco antes das 15h, como ocorrido nos demais shows, os mestres de cerimônias surgiram no palco para anunciar as respectivas bandas, mas o detalhe foi para o comentário de Walcir Chalas dizendo que foi o primeiro a trazer um álbum do Helloween ao Brasil – enquanto exibia uma bandeira do disco ‘Walls Of Jericho’. Desta forma, a Intro “Halloween” foi executada nos PA’s, porém a grande cortina negra com o símbolo da banda não caiu devido um problema técnico, acarretando no início da apresentação dos alemães com “Dr. Stein” sendo executada enquanto os roadies retiravam manualmente o adorno. Passado o momento inusitado, o ritmo frenético da curta apresentação do Helloween seguiu com Deris deixando o palco e Kiske comandando “Eagle Fly Free” cantada a plenos pulmões pelos presentes.
“Oh Sao Paulo, ouvi do backstage e vocês estão cantando muito alto. Tudo bem com todos? Vocês realmente tem a força” brincou Deris em seu retorno ao palco, anunciando “Power” do ‘The Time Of The Oath’ de 1996. “Obrigado, temos uma questão, vocês querem ouvir o verdadeiro heavy metal old school? Vamos chamar então o senhor Kai Hansen”, convocando o ícone do power metal mundial para protagonizar um curto medley, composto apenas por “Ride The Sky” e “Heavy Metal (Is The Law)” – sendo limados trechos de “Metal Invaders”, “Victim Of Fate” e “Gorgar” –, finalizando com o discurso bilíngue “Sao Paulo you are pica das galaxias” de Hansen, arrancando risadas gerais no Allianz Parque.
A dupla de vocalistas retornou ao palco sentados em um banco em frente a bateria, e com Sascha na guitarra, Deris anunciou o momento catarse “Forever And One (Neverland)”, cativando o público cantar a plenos pulmões. O teclado característico anunciava o momento seguinte, Kiske deixou o palco para o retorno de Hansen, enquanto Deris comandou a performance durante a canção do disco ‘The Dark Ride’ de 2000, “If I Could Fly”, celebrada pelos presentes. Sascha Gerstner apresentou um curto solo, até o retorno dos demais músicos para execução da faixa presente do mais recente disco das abóboras, “Best Time”, do ‘Helloween’ de 2021. Certamente, a continuação da UNITED FORCES TOUR 2022-2023 – a qual já passou com sucesso por São Paulo no ano anterior – marcou um dos principais momentos do heavy metal mundial nas últimas décadas: a reunião de Michael Weikath (guitarra), Markus Grosskopf (baixo), Kai Hansen (guitarra, vocal), Michael Kiske (vocal), Andi Deris (vocal), Sascha Gerstner (guitarra) e Daniel Löble (bateria).
Apenas Kai e Kiske permaneceram no palco, e após uma intro cômica, já com os demais músicos no palco, incendiaram o estádio com o hino “Future World”. O curto set – simbolizado pelo sinal de Michael aos fãs como que apontando para o relógio – seria finalizado com um solo de Löble na bateria e o clássico “I Want Out” com direito a bolas laranjas ilustradas pelo símbolo da banda jogadas ao público, encerrando o show às 15h54m em meio a “For The Love Of A Princess” (James Horner) nos PA’s. Menos de uma hora para uma performance do Helloween, se comparado ao repertório da versão colombiana do Monsters, além do citado corte no medley de Kai Hansen, também foram preteridas “Walls Of Jericho”, “How Many Tears” e “Perfect Gentleman”. A sensação de que faltou algo a mais para os fãs foi nítida, muito embora os músicos tenham performado com excelência em meio ao ritmo acelerado e problemas de palco na canção inicial: a competência musical e a energia contagiante definem o Helloween no Monsters 2023.
Set List Helloween:
Halloween / Dr. Stein
Eagle Fly Free
Power
Ride The Sky / Heavy Metal (Is The Law)
Forever And One (Neverland)
If I Could Fly
Guitar Solo / Best Time
Future World
Drum Solo / I Want Out
Histórico. A icônica banda britânica, Deep Purple, estreou no festival Monsters na edição 2023, aos 55 anos de carreira. São simplesmente quatro integrantes septuagenários, sendo que Gillan e Glover completam 78 ainda este ano, enquanto Paice e Airey em alguns meses chegam aos 75 – apenas Simon McBride fugia à regra, com 44 anos de idade.
Em meio a intro “Mars, The Bringer Of War” (de Gustav Holst) nos PA’s às 16h30m, os músicos surgiram no palco executando o petardo “Highway Star”, cantado em uníssono pelo estádio, emendada na faixa seguinte, “Pictures Of Home”; já em “No Need To Shout”, os músicos de cordas dividiram os microfones com Gillan durante o marcante refrão. “Obrigado, tudo bem com vocês?” questionou Gillan, dedicando a música seguinte à Jon Lord, seguida de um curto solo de Simon McBride e a faixa “Uncommon Man”, presente no ‘Now What?!’ de 2013, com novo “obrigado” em português ao final proferido pelo frontman.
Don Airey permaneceu sozinho no palco e protagonizou seu primeiro momento solo ao teclado, despejando requinte ao instrumento e bebendo uma taça de vinho servida por um garçom – arrancando aplausos do público –, retornando ao teclado para seguirem com “Lazy” destacando-se o dueto Airey/McBride e Gillan na gaita. O vocalista, aliás, roubou a cena em “When A Blind Man Cries”, enquanto o riff característico de “Anya” ecoou no Allianz Parque durante a canção seguinte do show.
Novamente no comando, Airey executou um solo estendido incluindo trechos de músicas brasileiras e o clássico “Perfect Strangers” seguiu a performance dos britânicos, sendo muito celebrada pelo público. Gillan anunciou “Space Truckin’”, enquanto Roger Glover assumia a frente do palco junto ao seu baixo, posteriormente coreografando com McBride, enquanto o timbre rasgado de Gillan dava o tom da música, sendo repetida pelo grande público em alto e bom som. Finalizando a primeira parte do show, o uníssono completo com o hino atemporal “Smoke On The Water”, seguida por agradecimentos de Gillan e a banda deixando o palco.
Poucos segundos se passaram, os músicos retornaram e iniciaram o petardo “Hush” (originalmente gravado por Joe South) com duelo entre guitarra e teclado durante o solo estendido. Glover também teve seu momento protagonista com um “bass solo” antecedendo a faixa derradeira da performance do Purple, “Black Night”, regada a coral de “oh oh oh”, luzes de celulares dando um tom totalmente diferente ao solo de guitarra, e após o momento apoteótico, os agradecimentos de Gillan – “muito obrigado, take it easy, bye bye” – e Glover jogando palhetas aos presentes encerrando com pontualidade britânica às 18h. Simplesmente histórico, a presença de Ian Paice (bateria), Roger Glover (baixo), Ian Gillan (vocal), Don Airey (teclado) e Simon McBride (guitarra) pode ter sido a última da banda no país, mas é impossível não citar o privilégio de assistir verdadeiras lendas no palco.
Set List Deep Purple:
Highway Star
Pictures Of Home
No Need To Shout
Guitar Solo / Uncommon Man
Lazy
When A Blind Man Cries
Anya
Keyboard Solo / Perfect Strangers
Space Truckin’
Smoke On The Water
Hush (Joe South cover)
Bass Solo / Black Night
A noite adentrava em São Paulo, o clima quente no Allianz Parque deu lugar a um frio típico da capital paulista – a previsão para a noite girava em torno de 14 a 15 graus. Os roadies desistiram de estender a bandeira do Scorpions devido algum problema na estrutura de palco (para evitar episódio semelhante ao ocorrido no início da apresentação do Helloween), desta forma, às 18h45m os músicos simplesmente surgiram no palco executando “Gas In The Tank”, faixa do disco ‘Rock Believer’ de 2022, emendando em “Make It Real” com palmas para o alto.
“Boa noite, como esta?” discursou Klaus Meine em português, anunciando “The Zoo”, celebrada pelos presentes, logo emendada na instrumental “Coast To Coast”, durante a qual Schenker assumiu o protagonismo inclusive com Meine na guitarra. Uma dobradinha do citado disco de 2022 seguiu a performance dos alemães, “Seventh Sun” – regada a fumaça de gelo seco dando o tom do ambiente no palco – e “Peacemaker”. De fato, os septuagenários Meine e Schenker – ambos completam 75 anos nos próximos meses – deram ênfase ao mais recente trabalho, sem deixar de lado faixas clássicas, mas era notório que a banda apelava para momentos solos para poupar o fôlego dos integrantes.
“Obrigado, esta é do ano de 1984” comentou Kleine, fazendo referência à “Bad Boys Running Wild” do disco ‘Love At First Sting’; já em “Delicate Dance” Klaus e Schenker deixaram o palco para Jabs assumir o protagonismo – detalhe para o roadie na segunda guitarra. O frontman retornou, perguntou como o público se sentia e anunciou o hit “Send Me An Angel”, faixa regada a luzes de celulares por todo Allianz Parque iluminando o estádio durante a parte acústica. Em meio a novos agradecimentos, o som de assobio nos PA’s dava o tom do que seguiria, e o hino do disco ‘Crazy World’ de 1990, “Wind Of Change” fez o mar de celulares se erguerem novamente no estádio.
A sequência de “obrigados” em português antecederam as canções seguintes: “amamos vocês, estão prontos para o Rock?” em “Tease Me Please Me”, “gostaria de perguntar se vocês acreditam no rock?” na faixa título do disco de 2022 “Rock Believer”. Em “New Vision”, Pawel e Dee iniciaram duelo particular, até o baixista deixar o palco para o momento solo do baterista com muita energia, interação junto ao telão simulando jogo caça níquel – em dado momento homenageando Lemmy Kilmister, ícone com quem Mikkey atuou no Motörhead – e o retorno dos músicos para o petardo seguinte: “Blackout”, destacando-se Schenker com uma espécie de escapamento de carro na guitarra soltando fumaça e público bradando alto o refrão da canção. Finalizando a primeira parte do show, “Big City Nights” teve brados alto durante o chorus e aplausos, até a banda deixar brevemente o palco.
Jabs e Meine retornaram ao palco, o frontman anunciou “Still Loving You Brasil” e o clássico começou a ser executado pela dupla em meio a um Allianz cantando em uníssono sobrepondo a voz de Klaus, celulares iluminando o estádio e a parte elétrica estremecendo o Allianz Parque. Finalizando a performance dos alemães, “Rock You Like A Hurricane” foi cantada alto por todos, encerrando o show às 20h15m com Meine coberto por uma bandeira do Brasil ilustrada pelo logo do Scorpions e foto dos integrantes. Em meio a 58 anos de carreira, hinos atemporais da história do rock mundial e definitivamente uma trajetória de sucesso, os alemães continuam demonstrando com seu material novo que continuam acreditando no rock.
Set List Scorpions:
Gas In The Tank
Make It Real
The Zoo
Coast To Coast
Seventh Sun
Peacemaker
Bad Boys Running Wild
Delicate Dance
Send Me An Angel
Wind Of Change
Tease Me Please Me
Rock Believer
New Vision (Drum solo)
Blackout
Big City Nights
Still Loving You
Rock You Like A Hurricane
Completando a trinca de headliners icônicos do Monsters 2023, o KISS trouxe um pouco dos seus 50 anos de carreira ao palco do Allianz Parque. Trata-se de um dos principais espetáculos do meio musical, repleto de pirotecnia, momentos teatrais, interações com o público, o típico show que todos sabem o que vai acontecer, mas continuam assistindo evento após evento com o passar dos anos.
Diferente das tentativas (e desistência) durantes shows do Helloween e Scorpions, a cortina negra com logo do Kiss foi estendida no palco e seguiu o procedimento padrão sem qualquer problema técnico. Além disso, totens gigantes dos integrantes foram levantados ao lado do palco, dois de cada lado, ainda ao final da apresentação da banda alemã. Desta forma, às 20h55m os PA’s passaram a executar “Rock And Roll” do Led Zeppelin, precedendo o apagar das luzes, vídeo dos bastidores com integrantes do Kiss, cair da cortina ao som de “Detroit Rock City” com Paul Stanley (vocal, guitarra), Gene Simmons (baixo, vocal), Eric Singer (bateria) e Tommy Thayer (guitarra) descendo de plataformas montadas no palco em meio a muita pirotecnia e fumaça de gelo seco. Os fogos de artifício no palco cativavam ainda mais os presentes em meio ao início de “Shout It Out Loud”.
“São Paulo, vocês tem nosso coração, estão lindos, deixe me ouvi-los, façam barulho” discursou Paul em meio aos gritos de “KISS, KISS”, até Gene perguntar em português “São Paulo, tudo bem?” e iniciar o clássico “Deuce”, seguida por “War Machine” – com brasas de fogo ao fundo no ritmo da bateria e Gene comandando as palmas da plateia – e emendando “Heaven’s On Fire”. “São Paulo, vocês estão tendo uma grande noite?” questionou Stanley, anunciando “I Love It Loud” com Allianz cantando alto até o final em que Gene cuspiu fogo.
As canções seguiram precedidas por discursos de Paul: “esta música é do disco ‘Sonic Boom’, vocês devem repetir yeah” em “Say Yeah”; “São Paulo, esse é um clássico old school do Kiss” em “Cold Gin”; “São Paulo, deixe me ver vocês, façam barulho. Quero vê-los nessa próxima canção” em “Lick It Up”; “Isso me faz sentir como fazendo amor” em “Makin’ Love”… Tommy Thayer teve seu momento solo, simulando atirar com sua guitarra nas plataformas acima do palco e telão ao fundo, em mais uma interação da banda com muita pirotecnia.
Gene comandou “Calling Dr. Love” inclusive interrompendo duelo de guitarras – na brincadeira, enfiou o microfone na boca antes do fim da música. “Gene doctor Simons” brincou Paul, antes do anúncio do petardo que nomeia o disco de 1998, “Psycho Circus”, regado a rajadas de fogo ao lado e atrás da bateria. E falando nela, os músicos deixaram o palco para início do drum solo de Eric Singer sendo erguido com seu instrumento no alto, seguido pela execução parcial de “100,000 Years”. Antes de “God Of Thunder”, Gene Simmons executou o corriqueiro truque de cuspir sangue.
“São Paulo, amo vocês, mas é a última vez que venho vê-los. Sei como se sentem, quero estar no meio de vocês, mas tem que me convidar gritando meu nome tão alto quanto conseguirem, respirem fundo e gritem alto” discursou Paul, antes de “Love Gun” na qual ele sobrevoou a pista por meio de cabos de aço e cantou a música em um palco montado no centro do gramado do Allianz Parque – para delírio dos presentes. O frontman ainda permaneceria no segundo palco durante “I Was Made For Lovin’ You”, retornando ao final desta, para sozinho no palco brincar com sua guitarra e puxar o clássico “Black Diamond” – regado a muita pirotecnia e fumaça de gelo seco, com Eric nos vocais.
Uma pequena pausa, e o retorno para o encore em meio aos gritos de “KISS, KISS” deu-se com “Beth” trazendo Eric Singer ao piano cantando solo. Os músicos saudaram o público, Eric retornou à bateria, Paul questionou se queríamos ir para casa ou duas novas músicas, anunciando “Do You Love Me” – momento no qual dezenas de bolas brancas com logos da banda e máscaras dos músicos foram lançadas ao público que se divertiu arremessando-as ao alto. A chuva de papeis picados em meio ao hino do rock mundial “Rock And Roll All Nite” foi cantada alto pelo público, marcando o encerramento com fumaça de gelo seco, músicos erguidos pelas plataformas do palco exceto Paul que beijou sua guitarra – exibindo na câmera marca do batom no instrumento –, girou o instrumento em meio a pirotecnia até quebra-la com um golpe. O que seguiu foram desejos de boa noite a todos, mensagens de que o KISS “ama Sao Paulo” – tanto no microfone pelos músicos como no telão ao fundo –, explosões e serpentinas finalizando o espetáculo às 22h57m em meio a “God Gave Rock And Roll to You” nos PA’s.
Episódios como o mal súbito de Gene no Amazonas e o recado de Paul antes de “Love Gun” evidenciam o que pode ser de fato o adeus definitivo do KISS aos palcos. Gene completará 74 anos em agosto, Paul fez 71 em janeiro, por trás da maquiagem e pirotecnia do show, ambos estão no clube de septuagenários dos citados Gillan, Glover, Paice, Airey, Meine, Schenker… O line up da sétima edição do festival Monsters Of Rock no Brasil homenageou aos mais 60 mil fãs presentes, reunindo no mesmo palco alguns dos nomes mais influentes do rock mundial, alguns destes visitando nosso país pela última vez. Como será passado para frente o bastão do legado deixado por estes ícones da música? Apenas o tempo poderá dizer, de preferência com capítulos contados nas próximas edições do principal festival de rock do Brasil (agradecimentos à Catto Comunicação e Merucry Concerts).
Set List Kiss:
Detroit Rock City
Shout It Out Loud
Deuce
War Machine
Heaven’s On Fire
I Love It Loud
Say Yeah
Cold Gin
Guitar Solo / Lick It Up
Makin’ Love
Calling Dr. Love
Psycho Circus
Drum Solo / 100,000 Years
Bass Solo
God Of Thunder
Love Gun
I Was Made For Lovin’ You
Black Diamond
Beth
Do You Love Me
Rock And Roll All Nite