I Am Morbid e Troops Of Doom – 19-11-2022 – São Paulo (Fabrique Club)

Texto por André Luiz – Fotos por Júlio Szoke – Edição por André Luiz

Sob a alcunha de I Am Morbid, David Vincent e Pete “Commando” Sandoval aportaram na capital paulista ao lado dos guitarristas Bill Hudson (Northtale, Doro, UDO, Circle II Circle) e Richie Brown (Exmortus, The Absence, Trivium – substituindo Kelly McLauchlin desde 16/out) para uma histórica apresentação. Celebrando os 30 anos do clássico álbum ‘Blessed Are The Sick’ do Morbid Angel, o quarteto ainda contou com a companhia do Troops Of Doom como banda convidada para tornar a noite de sábado ainda mais especial para os apreciadores de death metal.

Os arredores do Fabrique Club – local escolhido para sediar o evento – estavam cercados por centenas de headbangers, em especial nos bares próximos da casa de shows. O local foi enchendo aos poucos, até que 18h em ponto, enquanto a intro “The Absense Of Light” era executada nos PA’s, o vocalista/baixista Alex Kafer surgiu no palco incitando os presentes “São Paulo, a pandemia acabou, agora será o pandemônio, este foi o palco de nosso primeiro show, vamos fazer desta uma noite histórica”, iniciando na sequência – ao lado de Jairo “Tormentor” Guedz (guitarra), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria) – o petardo “Act I – The Devil’s Tail”, emendando “Between The Devil And The Deep Blue Sea” e  “Altar Of Delusion”, regado a muitos riffs e gelo seco no público presente em bom número na casa de shows.

O Troops Of Doom segue promovendo o disco de estreia ‘Antichrist Reborn’ (lançado neste ano), o qual sucede aos EPs ‘The Rise Of Heresy” (2020) e ‘The Absence Of Light” (2021). E exatamente deste último, após anuncio de Alex, seguiram com “Act II – The Monarch” e a intro “The Curse” empolgando os presentes antes do apoteótico momento com o clássico do Sepultura “Bestial Devastation”. “Obrigado São Paulo, do caralho, vamos tocar uma música agora que leva o nome de nosso primeiro EP, ela se chama…” discursou Kafer anunciando um dos principais petardos do Troops Of Doom, “The Rise Of Heresy”, muito bem recebida pelo público ainda eufórico após a faixa anterior.

“Essa música está presente em nosso primeiro full album e teve participação especial do João Gordo, ela é em português, depois quem não conhece e tiver oportunidade de ler a letra entenderá o recado” comentou Alex antes de “A Queda”. “Vamos fazer uma viagem até 1986, gritem o nome do Jairo ae” discursou Kaffer prontamente atendido pelos headbangers no Fabrique Club, continuando: “a primeira vez que tocamos aqui abriu uma roda enorme, vamos deixar a de hoje maior ainda” até o início do hino que leva o nome do álbum do Sepultura de 1986, “Morbid Visions”. O público bangueou ferozmente na pista do Fabrique Club – o clássico foi emendada em outra faixa do Troops, “Dethroned Messiah”.

“Vamos fechar com chave de ouro, um dos maiores clássicos do metal brasileiro”, discursou Alex, iniciando o riff tradicional da música que leva o nome da banda, outro hino do Sepultura, “Troops Of Doom”, empolgando ainda mais o feroz público. Show encerrado exatamente às 18h42m com os integrantes cumprimentando o público enquanto nos PA’s “Mr. Sandman” (The Chordettes) era executado. Um dos trabalhos mais elogiados por público e crítica, ‘Antichrist Reborn’ coroa a ótima recepção aos EP’s anteriores do Troops Of Doom e estende ainda mais o legado de Jairo “Tormentor” Guedz com um material fortemente enraizado nos primórdios do Sepultura.

Set List Troops Of Doom:
The Absense of Light / Act I – The Devil’s Tail
Between the Devil and the Deep Blue Sea
Altar of Delusion
Act II – The Monarch
The Curse / Bestial Devastation (Sepultura cover)
The Rise Of Heresy
A Queda
Morbid Visions (Sepultura cover)
Dethroned Messiah
Troops Of Doom (Sepultura cover)

No intervalo dos shows, enquanto os roadies preparavam o palco para o I Am Morbid, Jairo Guedz dirigiu-a uma grade ao lado do palco distribuindo autógrafos e fotos com o público – logo, os demais integrantes do Troops seguiram o líder da banda e por aquela região permaneceram durante toda apresentação principal da noite. Às 19h10m iniciou nos PA’s “Going Straight To Hell (This Train Is)” do Headcat, as cortinas se abriram enquanto a intro “Omne Potens” era executada, os integrantes do I Am Morbid surgiram no palco e o hino “Immortal Rites” do ‘Altars Of Madness’ (1989) levou o Fabrique Club abaixo. Em meio a grande participação dos presentes, os músicos emendaram “Fall From Grace” do ‘Blessed Are The Sick’ (1991).

“São Paulo, como vocês estão? Faz tempo que não venho aqui, vim trazer o death metal old school até vocês” discursou Vincent anunciando mais uma das principais composições do citado disco de 1989, “Visions From The Dark Side”, com direito a primeira invasão de palco em mais um grande momento do show. “Espero que estejam tendo uma grande noite, porque amanhã seguirá o sofrimento”, anunciando “Day Of Suffering”. “Vocês estão impressionantes, melhor do que eu me lembrava! A faixa que dá nome a este álbum completou 30 anos, ela se chama…” elogiou David antes de executarem a faixa título do clássico disco de 1991, “Blessed Are The Sick”.

O I Am Morbid traz em sua formação atual dois dos nomes da formação clássica do Morbid Angel; David Vincent (vocal, baixo) e Pete “Commando” Sandoval (bateria) – apenas o guitarrista Trey Azagthoth não participa. Além de David e Pete, o I Am Morbid conta com os guitarristas Bill Hudson (Northtale, Doro, UDO, Circle II Circle) e Richie Brown (Exmortus, The Absence, Trivium – o músico substitui Kelly McLauchlin desde 16/out). A tour atual celebra os 30 anos de ‘Blessed Are The Sick’, segundo da discografia do Morbid Angel, e uma das principais compilações de Death Metal da história. A turnê de 2022 do I Am Morbid marcou o reencontro de Vincent e Sandoval nos palcos após longos doze anos. Antes de entrar na banda junto ao seu ex-companheiro de Morbid Angel, Pete integrou por alguns anos o Terrorizer, com o qual excursionou e lançou o álbum de 2018 ‘Caustic Attack’.

David Vincent esteve à frente do Morbid Angel de 1986 a 1996 – posteriormente reuniu-se à banda entre 2004 e 2014 – período no qual gravou os quatro primeiros álbuns de estúdio do grupo. Do disco de 1993, ‘Covenant’ seguiram as três faixas seguintes: “Rapture” com direito a nova invasão de palco; David brincou com pessoal junto ao palco perguntando se acreditavam no real death metal antes de “Pain Divine” destacando-se o massacre sonoro de Pete Sandoval na bateria e; “Sworn To The Black” a qual Vincent introduziu dizendo que “esta próxima música está no meu coração por muitos e muitos anos”.

“Sempre lembrem-se que vocês são seus próprios mestres, usem suas mentes, mesmo com toda mentira, porcaria política e tudo que acontece a nossa volta” discursou David – em meio a aplausos do público – apontando para cabeça e repetindo a frase “use your mind”, anunciando a faixa “Eyes To See, Ears To Hear” do ‘Domination’ (1995). “Voltando a 1989, após gravar ‘Altars Of Madness’, eu e Pete lançamos um álbum com a banda chamada Terrorizer” comentou Vincent anunciando a arrasadora “Dead Shall Rise”, presente no disco ‘World Downfall’ de 1989 do citado grupo de grindcore americano, o qual além de David e Pete contava no line up a época com Jesse Pintado do Napalm Death, Oscar Garcia e Alfred “Garvey” Estrada do Nausea.

Desde os acordes iniciais da música seguinte, o Fabrique Club literalmente incendiou. Justamente um dos principais hinos da história do Death Metal mundial, “Maze Of Torment” foi certamente a canção mais celebrada da apresentação do I Am Morbid, era como um presente aos fãs do estilo presenciar David e Pete dividindo o mesmo palco executando o petardo do ‘Altars Of Madness’ de 1989. Após o momento apoteótico, os músicos dirigiram-se ao backstage, a exceção de Bill Hudson o qual iniciou um solo, convocou Richie Brown para iniciarem duetos na guitarra interagindo com o público, o carismático guitar brasileiro voltou a ficar sozinho e finalizou seu momento com a instrumental “Desolate Ways” do ‘Blessed Are The Sick’ (1991). Os demais músicos retornaram e “Dominate” – ‘Domination’, 1995 – trouxe de volta o caos ao Fabrique Club, emendada por outra do mesmo álbum, “Where The Slime Live”. “Vocês estão bem? Estão tendo um boa noite? Querem mais uma? Duas músicas?”, brincou Vincent anunciando “Dawn Of Angry”, finalizando a trinca do disco ‘Domination’.

“Vocês foram fabulosos hoje, voltamos aqui porque adoramos vocês”. David seguiu anunciando os integrantes da banda, em ordem, “o novo membro de nossa família (Richie Brown), esse a minha direita é daqui (do Brasil, referindo-se a Bill Hudson), ali atrás o mestre da bateria (em meio aos gritos de “Pete Pete” ecoados no Fabrique Club)”; na sequência Hudson assumiu o microfone e referiu-se ao frontman como “a razão por estarmos aqui hoje, o chefe” (assim como para o baterista, gritos de “Vincent Vincent” em uníssono foram gritados na casa de shows). David cantou a capela o refrão e anunciou “God Of Emptiness”, do ‘Covenant’, 1993. E do mesmo álbum, sem maiores alardes, a faixa derradeira da noite “World Of Shit (The Promised Land)” foi executada, encerrando a performance do I Am Morbid às 20h36m com um “muito obrigado” em português de Vincent e nos PA’s “Drinkin’ With The Devil” – do projeto country do próprio frontman – em meio as últimas interações dos músicos junto ao público.

Ícones da história do Death Metal mundial, David Vincent e Pete “Commando” Sandoval aos 57 e 58 anos de idade respectivamente celebraram junto ao público paulistano suas trajetórias musicais, com um set list mesclando faixas dos quatro primeiros álbuns – a fase áurea – do Morbid Angel e ainda, uma canção do Terrorizer. De fato, a presença de uma dupla de guitarristas mais jovens formada pelo recém-chegado Richie Brown e principalmente o imparável Bill Hudson, revigorou as energias da dupla quase sessentona. Porém, o legado musical o qual David e Pete carregam, ultrapassa a barreira do comum, afinal, tratam-se de dois terços de um dos principais nomes da história do Death Metal mundial, precursores do estilo que influenciaram centenas/milhares de bandas mundo afora com sua sonoridade. Mais do que nunca, a palavra “privilegiado” resume o sentimento de satisfação dos headbangers que presenciaram a mítica dupla ao vivo no palco do Fabrique Club (agradecimentos à OnStage Agência, Venus Concerts e LP Metal Press).

Set List I Am Morbid:
Immortal Rites
Fall From Grace
Visions From The Dark Side
Day Of Suffering
Blessed Are The Sick
Rapture
Pain Divine
Sworn To The Black
Eyes To See, Ears To Hear
Dead Shall Rise (Terrorizer cover)
Maze Of Torment
Desolate Ways
Dominate
Where The Slime Live
Dawn Of Angry
God Of Emptiness
World Of Shit (The Promised Land)

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