Texto por Clayton Franco – Fotos por Julio Szoke – Edição por André Luiz
Uma noite perfeita em uma viagem na psicodelia do Jethro Tull, assim podemos definir o que foi o show de Martin Barre e banda dia 5 de março no Espaço das Américas em São Paulo. Ninguém sabia o que esperar deste show, visto que São Paulo teve a honra de ser a primeira cidade da turnê. Como divulgado previamente, este evento seria “uma grande produção multimidia com 8 músicos no palco, sendo dois teclados, temas clássicos, imagens raras, projeções e histórias sobre a banda, celebrando 50 anos de sua música. Martin decidiu criar a ‘turnê de todas as turnês’ com um setlist de clássicos nunca realizados pela banda – “a maior experiência que os fãs de Jehtro Tull podem ter”. É sobre este grande espetáculo que vamos comentar um pouco.
Bem, do anúncio do show, até sua realização algumas coisas mudaram. Barriemore Barlow – baterista de discos clássicos do Tull – deixou a turnê devido a problemas de saúde. Becca Langsford e Alex Hart que fariam os backing vocals e violão também saíram. Mas se houve perdas, também houve a magnifica inclusão da tecladista Dee Palmer que se juntou aos shows de Martin ao lado do convidado especial Adam Wakeman. Dee Palmer para quem não sabe anteriormente era o senhor David Palmer que já participou do grupo, ela foi a tecladista do Jethro Tull entre 1977 e 1980, mas já trabalhava como arranjadora para o grupo desde 1969. Com essas mudanças na formação que conferimos o show.
Com uma pontualidade britânica o grupo iniciou o show as 21h30m executando “A Song For Jeffrey”, e tal canção já foi a primeira grande surpresa da noite. Tal música é uma das mais conhecidas do disco ‘This Was’, o primeiro registo fonográfico do Tull e o único disco que Martin NÃO participa, embora Dee tenha sido a arranjadora da gravação na época. Com uma escolha tão insólita para abrir o espetáculo, realmente não saberíamos o que esperar da noite. Sem tempo para o público absorver a surpresa, o show continuou com “My Sunday Feeling” do mesmo álbum que foi emendada com “Teacher”, a mais conhecida do disco ‘Benefit’ lançado em 1970.
A escolha do set list já dava a cara do que a noite esperava, um set list calcado nos discos mais antigos do grupo com uma mistura de clássicos conhecidos do Tull intercalados com músicas labo B que apenas fãs mais ardorosos conhecem. Mas a grande pergunta da noite era, como tocar Jethro Tull sem a conhecida flauta de Ian Anderson? E a resposta foi simples: concentrar no peso de duas guitarras aliadas a dois tecladistas. Sim, a melodia doce da flauta de Ian fez falta em alguns clássicos, mas o peso de duas guitarras que as vezes lembravam um heavy metal puro, não fizeram feio. Dan Crisp se mostrou muito confortável traçando as linhas vocais de Ian de maneira quase idêntica em canções como “To Cry You A Song” e “Hymn 43”, sua voz é muito parecida com a de Anderson e o mesmo também era responsável pela segunda guitarra a qual comentei.
A cozinha formada por Alan Thomson no baixo e Darby Todd na bateria se mostrou precisa nos clássicos “Aqualung” e “Thick As A Brick” as quais agitaram o Espaço das Américas fazendo os fãs cantarem em uníssono. Em músicas como “Ministrel In The Gallery” e “Songs From The Wood” os teclados comandados por Dee Palmer e Adam Wakeman se mostraram em extrema sintonia, de forma que um completava o que o outro fazia. Adam traz no seu gene essa magia, visto que é filho de nada mais nada menos que Rick Wakeman, o tecladista gênio do grupo Yes. Dee por sua vez demonstrou o domínio no teclado em canções como “Hunting Girls” e “Heavy Horses”, exibindo sua importância em tais composições como a arranjadora de orquestra no Tull.
O show continuou com “Jumping Start” seguida por um dos maiores clássicos do Jethro a qual levantou os presentes que acompanharam o agito de Dan Crisp: “Locomotive Breath”. A primeira parte do show já chegava ao final com “Cross-Eyed Mary” ,sendo encerrada magistralmente com “Nothing Is Easy”. Martin Barre, o qual durante toda a noite demonstrou muito carisma e energia no palco, agradeceu a presença aos fãs e foi ovacionado/aplaudido pelos presentes e deixar o palco.
Mas para quem achava que o show havia se findado, Martin e banda rapidamente retornaram com “A New Day Yesterday”, clássico do final dos anos 60 gravado no disco ‘Stand Up’, emendada com um dos maiores clássicos do Tull, “War Child”. Mas, ainda na pegada do ‘Stand Up’, havia folego no grupo para tocar “For A Thousand Mothers” e “Back To The Family“ a qual que teve a missão de encerrar a noite. Em pouco mais de duas horas, Martin Barre e banda repassaram os 50 anos do Tull para uma casa lotada de fãs havidos por clássicos, o quais foram devidamente saciados (agradecimentos à Talento Comunicação e Vega Concerts).