Texto por André Luiz – Fotos por Jéssica Mar/@eusouajessicamar – Edição por André Luiz
Uma das principais, se não a principal banda britânica do movimento pós-punk oitentista, The Sisters Of Mercy aportou no Brasil três anos após sua última tour para apresentações relembrando seus maiores sucessos da carreira em Brasília, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital paulista, o local escolhido para Andrew Eldritch e cia. se apresentarem foi o mesmo de 2016, o Tom Brasil, com abertura a cargo da banda The Secret Society.
As imediações do Tom Brasil estavam vazias por volta da abertura da casa de shows, algo que ficou mais notório ao adentrar no local enquanto o power trio curitibano iniciava sua apresentação com “Mephistofaustian Transluciferation” e “Beyond The Gates”. Divulgando seu debut album ‘Rites Of Fire’, Guto Diaz (baixo e vocal), Fabiano Cavassin (guitarra) e Orlando Custódio (bateria) além de faixas do citado full lenght executaram os singles “Fields Of Glass” e “The Architecture Of Melancholy”. Com influências claras no deathrock e pós punk de bandas como Bauhaus e a própria atração principal da noite, The Secret Society encerrou sua performance com o primeiro single do full album “Rubicon” e a versão para “Cry For Love” do Iggy Pop, uma apresentação de bom nível a qual serviu de aquecimento para o que viria a seguir.
Set List The Secret Society:
Mephistofaustian Transluciferation
Beyond The Gates
Fields Of Glass
Rites Of Fire
Mercy
The Final Cut
The Architecture Of Melancholy
Rubicon
Cry For Love (Iggy Pop cover)
Não demorou muito para a nuvem de gelo seco e clima soturno tomarem conta do palco do Tom Brasil, porém para quem está ambientado a shows do Sisters, notou uma cortina de fumaça muito menor do que em apresentações anteriores na capital paulista. As pistas e camarotes da casa de shows também ganharam um contingente impressionante de público, foi como se 70-80% do total de pessoas da noite combinasse de chegar exatamente no mesmo momento: minutos antes do horário marcado para início da apresentação principal.
E em um clima o qual muito arremetia os bons tempos de Madame Satã, por volta das 22h, Andrew Eldritch e banda surgiram no palco do Tom Brasil executando o hit “More”, levantando os presentes, seguida pelos murmúrios do frontman em “Ribbons” e o riff de guitarra característico do cativante single ao vivo “Crash And Burn” – executado pela primeira vez em 2000 pelos ingleses. A sequência de clássicos dançante contou com “Doctor Jeep / Detonation Boulevard”, “No Time To Cry” e “Alice”, demonstrando um Andrew mais atuante/performático no fronte do palco – diferente do frontman que por muitas vezes se escondia atrás dos músicos de cordas e névoa de gelo seco.
Formado e liderado por Andrew Eldritch, o The Sisters Of Mercy possui três clássicos álbuns – ‘First And Last And Always’ (lançado em 1985), ‘Floodland’ (de 1987), ‘Vision Thing’ (1990) – e uma gama de singles lançados ao vivo porém não registrados em estúdio. Nesta linha de “live releases”, a banda fez um show secreto na Bélgica em setembro deste ano, logo após a entrada do guitarrista Dylan Smith no lugar de Chris Catalyst – o qual deixou o grupo em junho –, e nesta apresentação executaram pela primeira vez as faixas “Show Me On The Doll”, “Kickline” (instrumental) e “Better Reptile”. Foi exatamente com “Show Me On The Doll” que os ingleses deram sequência no concerto paulista, faixa bem recebida a qual ganhou se tornou mais vistosa pela interpretação um tanto quanto doentia de Eldritch junto as caixas de som.
“Dominion / Mother Russia” ganhou mais potência ao vivo com a interação entre os gritos do público e os backing vocals da banda que acompanhava Andrew: Ben Christo (guitarra), Dylan Smith (guitarra) e o programador Ravey Davey comandando a bateria eletrônica Doktor Avalanche e baixo das músicas executadas no palco do Tom Brasil. “Marian” recebeu uma interpretação intimista de Eldritch, já o recém lançado live single “Better Reptile” precede o clássico que dá nome ao debut album de 1985 dos ingleses de Leed, “First And Last And Always”. Uma faixa instrumental de título desconhecido serviu para dar um descanso ao veterano frontman de 60 anos de idade, e a sequência serviu como parte derradeira da primeira parte do show: o duo do ‘Vision Thing’ de 1990 “Something Fast”
e “I Was Wrong” celebrado por todos, além de “Flood II” do ‘Flodland’ de 1987.
O retorno para o encore foi o mais dançante possível, momentos de nostalgia que transformaram o Tom Brasil em uma extensão do Madame Satã: hinos da fase pós Wayne Hussey, o período mais dançante do Sisters, iniciado por “Lucretia My Reflection” – público levando ao pé da letra o trecho “dance the ghost with me” –, emendada com a sensacional faixa título do álbum de 1990 “Vision Thing” e sua energia fantástica, a cativante “Temple Of Love” bradada em alto e bom som pelos presentes, e o gran finale através de “This Corrosion” e o uníssono entre Andrew, backing vocals e público. O encerramento apoteótico abriu sorrisos no rosto de quem deixava o Tom Brasil, proporcionada por uma banda que aos 40 anos de carreira continua colhendo frutos de um passado triunfante, cujo repertório é salpicado com live singles lançados no decorrer das últimas décadas. O show em si pareceu mais vistoso do que anteriores, devido a nuvem de gelo seco menos densa e um Andrew mais performático junto ao front do palco – embora ele tenha mantido a tradição do “obrigado” ao fim do show como únicas palavras dirigidas ao público durante todo o show, a interação proporcionada pelas músicas executadas on stage é mais do que suficiente para deixar o ambiente mais agradável possível (agradecimentos à Top Link Music, Honorsounds e assessorial de imprensa do Tom Brasil).
Set List
The Sisters Of Mercy:
More
Ribbons
Crash And Burn
Doctor Jeep / Detonation Boulevard
No Time to Cry
Alice
Show Me On The Doll
Dominion / Mother Russia
Marian
Better Reptile
First And Last And Always
Faixa Instrumental
Something Fast
I Was Wrong
Flood II
Lucretia My Reflection
Vision Thing
Temple Of Love
This Corrosion