Texto por André Luiz – Fotos por Evanil Jr. – Edição por André Luiz
O Pavilhão de Exposições do Anhembi sediou a primeira edição do Horror Expo, em São Paulo, feira reunindo grandes nomes do gênero do Horror/Terror nos campos do cinema, TV, séries, literatura, comics, vídeo games, serviços de streaming, música e cultura pop.
No decorrer dos três dias de evento, realizado de 18 a 20 de outubro, foram mais de 30 horas de conteúdo simultâneo para mais de 12 mil visitantes, entre painéis, mesas de debates, filmes, concursos, shows, atrações de entretenimento e expositores, reunindo no Anhembi produtos, serviços, ativações e experiências diversas focadas no tema central. Através do Ingresso Solidário, foram recolhidas toneladas de rações para cães e gatos pela AMPARA Animal, distribuídas para uma rede que conta com ONGs e protetores independentes cadastrados.
Dentre as atrações do festival, dois cancelamentos foram sentidos: Mark Sheppard – ator que interpreta o demônio Crowley no seriado “Supernatural” – por “motivos alheios à nossa vontade” conforme informado pela produção, e do ilustrador Derek Riggs – problemas relacionados a assentos do voo (???). O estande do ilustrador foi mantido, com desconto de 80% nas peças exclusivas como uma forma de recompensar os fãs que compareceram ao evento para vê-lo.
Já sobre as participações que marcaram presença na Expo, o cineasta Mick Garris, parceiro de longa data de Steven Spielberg, Stephen King e Michael Jackson, esteve durante os três dias de evento participando de painéis e bate papos sobre grandes clássicos do horror/terror para cinema e TV os quais dirigiu e/ou escreveu; a atriz Naomi Grossman a qual viveu a personagem Pepper no seriado “American Horror Story: Asylum” e “American Horror Story: Freak Show”, retornando ao papel de Samantha Crowe em “American Horror Story: Apocalypse”; o ator Lochlyn Munro, conhecido por interpretar Hal Cooper, um dos principais antagonistas da série “Riverdale”, e por possuir um extenso currículo no cinema, com filmes como “Freddy Vs Jason”, “Todo Mundo em Pânico” e “As Branquelas”; o coveiro maldito embaixador da HORROR EXPO 2019, um dos principais ícones do horror brasileiro da atualidade; o cineasta Rodrigo Aragão proprietário da Fábulas Negras Produções Artísticas, reconhecido pelos longas “Mangue Negro” (2008), “A Noite do Chupacabras” (2011), “Mar Negro” (2013), “As Fábulas Negras” (2015) e “A Mata Negra“ (2018); o conceituado escritor, roteirista, dramaturgo e diretor André Vianco, um dos mais renomados autores da ficção nacional; o catarinense Marcos DeBrito, cineasta premiado e autor considerado a renovação do horror e suspense no Brasil, responsável pelos longas “Condado Macabro” (2015) e “Histórias Estranhas” (2019), além dos livros “À Sombra da Lua” (2012), “Condado Macabro” (2015), “O Escravo da Capela” (2017) e “A Casa dos Pesadelos” (2018); Equipe Cinelab formada pelos especialistas em efeitos especiais Armando Fonseca, Kapel Furman e Raphael Borghi, uma série-reality exibida na TV paga, na qual o trio ensina como trabalhar com baixo investimento e muita criatividade.
O Horror Artists’ Pavilion reuniu mais de 130 ilustradores, quadrinistas, escultores, escritores, roteiristas, artesãos, fotógrafos, entre outros, demonstrando o talento e diversidade que o país reúne para este gênero. Além destas, atrações diversas de entretenimento despertaram a atenção do grande público presente no Anhembi: a Warner Bros. Home Entertainment trouxe a boneca Annabelle original usada nas filmagens da franquia “Invocação do Mal”, além de ter recriado dois cenários do filme “Doutor Sono”, adaptação do best-seller de Stephen King de 2013 continuação do célebre “O Iluminado”; a Nuclear Blast além de trazer os álbuns de seus artistas, promoveu encontros do público com músicos do Deathstars, Therion e o guitarrista Bill Hudson (I Am Morbid, Circle II Circle, Vital Remains); tradicionais atrações como o Castelo Horror Expo; o Celeiro do Horror, atração criada pela Prevent Senior, patrocinadora do evento; um Trem Fantasma em Realidade Virtual, exclusivamente desenvolvido para a Horror Expo pelo Esconderijo Criativo e Mundo360; os Truckescapes, caminhões adaptados como escape rooms, Esquadrão de Elite e Operação Resgate da Escape Time; escape games com Cadeira Elétrica e Barril Explosivo, criados pela empresa Fugativa; o Museu dos Monstros, acervo do cineasta Rodrigo Aragão englobando cenários e personagens dos filmes “Mangue Negro” (2008), “A Noite do Chupacabras” (2011), “Mar Negro” (2013), “As Fábulas Negras” (2015), “A Mata Negra” (2017) e o novíssimo “O Cemitério das Almas Perdidas”, que tem previsão de lançamento para este ano; a pré-estréia do filme “Zumbilândia: atire duas vezes”, continuação do longa da Sony Pictures após dez anos de espera; a Colormake, referência no mercado de maquiagem artística, social e de efeitos especiais, expondo e comercializando suas linhas de produtos além de oferecer maquiagem artística gratuita aos visitantes.
Mais do que uma simples feira, a Horror Expo é uma celebração a temática de Horror/Terror. Desta forma, no domingo, o evento promoveu o Horror Expo Lifetime Achievement Awards, premiação celebrando a vida e carreira de grandes nomes do mundo do horror presentes na exposição. O grande homenageado internacional foi o cineasta e escritor Mick Garris, enquanto no hall dos brasileiros, o lendário cineasta José Mojica Marins, pioneiro que levou o horror brasileiro para o mundo, e a cineasta, atriz, escritora e apresentadora Liz Marins (Liz Vamp). Os premiados estiveram presentes na cerimônia, exceto Zé do Caixão, o qual recebeu pelas mãos de sua filha Liz Vamp.
Das atrações musicais, o principal destaque ficou por parte das bandas suecas Deathstars e Therion, além da Orquestra de Metais da Banda Marcial de Cubatão com releituras para trilhas sonoras de filmes e séries exclusivamente de horror.
O Deathstars há duas décadas se mantém entre as principais do gênero gothic/industrial da Europa. O quinteto, atualmente composto por Andreas “Whiplasher Bernadotte” Bergh (vocal), Eric “Cat Casino” Bäckman (guitarra), Jonas “Skinny Disco” Kangur (baixo) e Marcus Johansson (bateria) – Emil “Nightmare Industries” Nödtveidt (guitarra, teclado) não veio ao país devido as gravações do novo álbum –, retornou ao Brasil após quase dez anos, exatamente no encerramento da primeira noite do Horror Expo. Se logo na entrada com “Night Electric Night” o vocal Whiplasher caiu do palco – continuando a cantar no meio da pista –, o show de riffs e violência on stage foi o destaque da performance dos suecos em temas como “Metal”, “Death Dies Hard”, “Cyanide” – público cantando com o frontman no microfone dividido – e o encerramento com “Revolution Exodus” e “Blitzrieg”.
Já os também suecos do Therion, ao longo de suas mais de três décadas de atividade revolucionaram a música pesada ao mesclar metal e música sinfônica. Formada em 1987 pela mente criativa do grupo, Christofer Johnsson (guitarra), a banda contou nesta apresentação com o vocal Thomas Vikström, Sami Karppinen (bateria), Christian Vidal (guitarra), Justin Biggs e as backing vocals de tour Chiara Malvestiti e Rosalía Sairem. Programando a execução do clássico álbum ‘Theli’ na íntegra, o início arrasador com “Preludium / To Mega Therion” arrebatou a atenção de 80% dos presentes por toda feira. E desta forma seguiram não apenas com faixas do clássico álbum citado, como também com faixas surpresa a citar principalmente “Lemuria” e o encerramento regado a “Grande Finale / Postludium”.
O line up internacional também contou com o Midnight Danger, fenômeno do synth-retrowave na Europa, e o grupo sul-coreano revelação do K-Pop, HighSchool. Já a música brasileira foi representada pelas bandas Sioux 66 – promovendo seu terceiro álbum, ‘MMXIX’ –, Venomous – com seu mais recente full lenght ‘The Black Embrace’ –, Furia Inc. – trazendo aos presentes faixas do disco ‘Raw’ –, os paulistanos do Alchemia – com seu debut algum ‘Inception’ – e o power trio de Curitiba The Secret Society – lançando o disco ‘Rites Of Fire’.
Em um resumo geral, podemos considerar o Horror Expo uma experiência válida, com grande margem para crescimento passada esta primeira edição. Conforme a própria organização reconheceu, houveram alguns gaps os quais serviram de aprendizado, e puderam ser notadas melhorias mesmo se comparando o primeiro e o último dia de feira – de tapumes sendo montados durante a tarde de sexta-feira, a detalhes dos stands sem som ambiente ou ainda em montagem durante o início da expo, equipamento de som apresentando falhas especialmente no terceiro dia, atrasos no cronograma de shows, a questão do cinema aberto prejudicando a audição tanto dos painéis quanto do filme “Zumbilândia 2”, a pouca variedade/quantidade de pontos de consumação na praça de alimentação e extensão da feira… Os detalhes a melhorar assim como os pontos positivos foram bem evidentes, mas o principal a se notar neste tipo de evento é o espírito de harmonia entre os participantes, de expositores e atrações a público, um clima festivo de interação contagiante, transformando a Horror Expo 2019 em uma experiência instigante. Confiram álbum com imagens exclusivas da expo (agradecimentos à ASE Press, Somos Assessoria e equipe Horror Expo).