Grave Digger: se você é uma banda que está na indústria musical há tanto tempo, não pode fazer o mesmo álbum a cada dois anos – entrevista exclusiva com Chris Boltendahl

Entrevista por André Luiz – Tradução por Rodrigo Gonçalves – Imagens por divulgação e Clovis Roman – Edição por André Luiz

Vocalista da lendária banda alemã Grave Digger, pintor, escultor, fotógrafo, letrista… O multi-tarefas Chris “Reaper” Boltendahl comanda desde 1980 um dos principais grupos e líder do movimento FWOGHM (First Wave Of German Heavy Metal), ao lado de Running Wild e Rage. Celebrando a 11ª passagem pelo país, em divulgação do 19º álbum de estúdio da banda alemã, o elogiado ‘The Living Dead’, o lendário frontman em entrevista exclusiva para o Portal Metal Revolution comentou sobre o novo full lenght, as mudanças de line up, suas áreas de atuação co-relacionadas e como se sente em casa excursionando no Brasil. (ENGLISH VERSION BELOW).

André Luiz – Primeiramente, obrigado pela entrevista. Grave Digger está na estrada há quase quatro décadas, lançou dezenove álbuns de estúdio, excursionou por todo o mundo e participou de grandes festivais de heavy metal. Em 2014, a banda optou por mudanças significativas na line up, com a entrada do Markus Kniep – primeiro na bateria e depois da saída de HP, os teclados também –, e um novo vigor foi notado tanto nas apresentações ao vivo da banda quanto nos dois últimos álbuns de estúdio. Como o público têm recebido essas mudanças? Como foi a contribuição de Kniep para os álbuns ‘Healed By Metal’ e ‘The Living Dead’?
Chris Boltendahl –
O Marcus foi apenas responsável pelos teclados quando tocamos ao vivo. Nos dois últimos discos nós não temos muito teclado, e se você atentar-se, parte deles foram arranjados e tocados pelo Axel. Hoje em dia quando tocamos ao vivo sem tecladista as poucas partes de teclados estão vindo de um sampler. Desta forma, nós acabamos voltando a ser um quarteto após muitos anos.

André – O Grave Digger retorna ao Brasil para apresentar seu 19º álbum, ‘The Living Dead’, combinando riffs agressivos, peso e melodia proficiente como um verdadeiro trabalho épico de heavy metal tradicional. Você compôs as letras, enquanto você e Axel Ritt criaram a parte musical. Como foi o trabalho de composição de ‘The Living Dead’ e a contribuição de Ritt? É verdade que Axel criou a base de baixo de todo o álbum?
Chris –
O Axel é um grande letrista e também tem um feeling ótimo para melodias… Então nós somos gêmeos musicais agora. Eu sei o que ele espera de uma música e ele sabe que tipos de riffs eu prefiro… É uma combinação perfeita que cresceu bastante nos últimos 10 anos.

André – Você co-produziu ‘The Living Dead’ com Jörg Umbreit – que também mixou e masterizou o álbum. Como foi o trabalho com Umbreit e como vocês escolheram co-produzir o disco com Jörg?
Chris –
Nós estamos trabalhando com o Jörg desde 1994, desde antes do álbum ‘Heart Of Darkness’. Já deixou de ser uma relação de negócios, nós somos amigos e é como se fossemos uma grande família. Ele sabe exatamente o que nós queremos e nós não precisamos debater as coisas por muito tempo.

André – Embora a essência do heavy metal com a explosão de riffs característica de Grave Digger permaneça, nota-se que ‘The Living Dead’ explora nuances diferentes de ‘Healed By Metal’, como o tema morto vivo e a mistura de metal e polca. Que diferenças você apontaria entre esses dois álbuns e o que os causou?
Chris – Eu acho que as músicas são um pouco mais progressivas. ‘Healed By Metal’ foi puramente metal, totalmente descompromissado. Já no álbum ‘Living Dead’ nós tentamos dar às músicas uma abordagem diferente com mais melodias e um toque mais agressivo. Se você é uma banda que está na indústria musical há mais de três décadas, chegando já na quarta década, então você não pode fazer o mesmo álbum a cada dois anos. E “Zombie Dance” é uma música para festejar, nada mais. Uma música divertida.

André – Sobre “Zombie Dance”, a faixa mencionada que mistura metal e polca, uma música dançante com a colaboração dos companheiros de gravadora Russkaja. Como surgiu a ideia da composição da música, a participação do Russkaja e o lançamento de um vídeo clipe? Sua performance no vídeo clipe foi hilária (risos).
Chris –
Após Jörg, o nosso produtor, ter ouvido a música ele teve a ideia de contatar Russkaja e eles também são contratados da Napalm Records. Então nós entramos em contato com eles através do selo e enviamos os arquivos. Eles gostaram da ideia e nos mandaram de volta suas gravações. Após isso, nós percebemos que as partes do Grave Digger e do Russkaja se encaixavam muito bem.

André – “Fear Of The Living Dead” é uma faixa típica de abertura com seus riffs diretos, e “The Power Of Metal” é o hino tradicional que atinge o gosto dos fãs de música pesada. Como vocês escolheram essas faixas para o lançamento em lyric video?
Chris –
Nós procuramos escutar os nossos sentimentos quando ouvimos as nossas próprias canções, e aí decidimos quais faixas lançar como lyric videos. Desta vez escolhemos “The Power Of Metal” e “Living Dead”.

André – “Blade Of The Immortal” é uma faixa incrivelmente matadora. Os riffs de guitarra iniciais, o refrão que grudana mente, a atmosfera da música como um todo… Para minha surpresa, embora não tenha sido lançado como lyric video, a faixa está no set list dos últimos shows da turnê na Europa. Quais critérios vocês usam para selecionar o repertório da turnê, e há algum plano para lançar “Blade Of The Immortal” (talvez como um vídeo ao vivo)?
Chris –
Nós tentamos descobrir quais músicas as pessoas gostariam de ouvir, mas por outro lado, nós levamos em conta a nossa própria história. Quais músicas não tocamos ao vivo com frequência. Nós tentamos criar um set list que seja interessante para os fãs. Após isso, nós colocamos as músicas em uma sequência especial.

André – O Grave Digger é uma referência musical para muitas bandas em todo o mundo, mas quais seriam suas referências pessoais? Você também trabalha com fotos, pinturas, esculturas, áreas relacionadas à arte. Como esta performance em outras áreas afeta sua vida pessoal e o Grave Digger?
Chris –
Estou vivendo uma vida bem criativa. Nos últimos anos venho concentrando mais o meu tempo no Grave Digger. Eu amo ser criativo, mas o Grave Digger é o trabalho da minha vida e por isso, é prioridade sobre todos os outros. No momento estamos trabalhando nas músicas que farão parte do próximo álbum que será lançado em julho de 2020. O ano que marcará o quadragésimo aniversário do Grave Digger.

André – A banda tem uma forte ligação com o público brasileiro, seja na presença constante com shows ou na gravação do álbum ao vivo lançado como ‘25 To Live’ (2005). Da mesma forma, o Grave Digger investe pesado em seu site oficial e atualiza constantemente suas mídias sociais. Qual é a importância da internet e de suas mídias sociais para aumentar a base de fãs da banda em todo o mundo? Vocês atuam diretamente nestas funções digitais ou possuem uma equipe de suporte?
Chris –
Nós atuamos diretamente em todas as nossas plataformas digitais. Nós não precisamos de uma equipe cuidando disso. Nós adoramos ir à América do Sul. Os fãs são realmente gentis e entusiasmados nesta parte do mundo. Eles sempre apoiaram a banda, e isso é algo muito especial para nós e também a razão pela qual estamos sempre voltando ao Brasil.

André – A Alemanha se destaca na cena metal europeia como o berço de grandes bandas. No Brasil, há discussões sobre ideologias, bandas próprias versus bandas cover, profissionalismo, o papel da mídia digital e veículos de imprensa… Qual a sua visão da cena metal brasileira e, como músico experiente que é, qual sua opinião sobre esses tipos de discussões e controvérsias?
Chris –
Eu conheço algumas bandas brasileiras. Eu acho que existe uma grande cena de heavy metal com muitas bandas interessantes.

André – Muito obrigado pela entrevista. Deixe sua mensagem para o público do Portal Metal Revolution e aos fãs do Grave Digger.
Chris –
Nós estamos muito felizes por estarmos retornando ao Brasil em breve. Nós iremos tocar um set list bem especial. 🙂

Agradecimentos à Erick Tedesco pelo contato para realização desta entrevista.

ENGLISH VERSION

André Luiz – First, thanks for the interview. Grave Digger has been on the road for almost four decades, has released nineteen studio albums, toured all over the world and participated in major heavy metal festivals. In 2014, the band opted for significant changes in the lineup, with the entry of Markus Kniep – first of all to the drums and after the exits of HP, the keyboards too –, and a new vigor was noticed in both the live performances of the band and the last two studio albums. How has the audience been receptive to these changes? How was Kniep’s contribution to the albums ‘Healed by Metal’ and ‘The Living Dead’?
Chris Boltendahl –
Marcus was only responsible for the keyboards when we played live… On the lat tow records we don´t have too much keyboards and if you hear some they are arranged and played by Axel. Now where we played live without keyboards the few keyboard parts we have are coming from a sampler… So we returned after so many years now again as a quartet.

André – Grave Digger returns to Brazil to present their 19th album, ‘The Living Dead’, combining aggressive riffs, weight and melody proficient as a true epic work of traditional heavy metal. You composed the lyrics, while you and Axel Ritt created the musical part. How was the composition work of ‘The Living Dead’ and Ritt’ contribution? Is it true that Axel created the bass base of the album?
Chris –
Axel is a great songwriter and he has also a very good feeling for melodies… So we are twins now… I know what he want from a song and he knows which riffs I prefer… Its a perfect combination which grows together all over the last ten years.

André – You co-produced ‘The Living Dead’ alongside Jörg Umbreit – who also mixed and mastered the album. How was the work with Umbreit and how did you choose to co-produce with Jörg?
Chris –
We are working with jörg now since 1994 since the Heart of Darkness album. Its more now then a business  we are friends like a big family. He know ecxatly what we want and we don´t have to discuss things so much.

André – Although the essence of the heavy metal with burst of riffs characteristic of Grave Digger remain, it is noted that ‘The Living Dead’ explores different nuances than ‘Healed by Metal’, such as the live dead theme and the track mixing metal and polka. What differences would you point between these two albums and what caused them?
Chris –
I think that the songs are a bit more progressive… The Healed by Metal album was pure Metal without any compromises… On the Living Dead album we tried to give the songs a different approach a bit more melodies and a bit more aggressive touch. If you are a band which is in the business now for more the three decades… Near the fourth decade then you can´t do the same record every Tow years. And Zombie Dance is a party song… Nothing more… A fun song.

André – About “Zombie Dance”, the mentioned track which mixing metal and polka, a dancing song with collaboration of label-mates Russkaja. How did the idea for songwriting come about, Russkaja’s participation and the release of a video clip? His performance in the music video was hilarious (laughs).
Chris –
After Jörg the producer heard the song he came up with the idea to contact Russkaja… They are also on Napalm Records. So we contacted then via the label and send them the files… They liked the idea and send us back their recordings… After that we noticed that the parts of Grave Digger and Russkaja fit together very well.

André – “Fear of the Living Dead” is a typical opening track with its direct riffs, and “The Power of Metal” is the traditional anthem that hits the taste of heavy music fans. How did you choose these tracks for release in lyric video?
Chris –
We listen to our feelings when we listen to our own songs… Then we decide which tracks we like to release as lyric video… This time we choose Power of Metal and the Living Dead.

André – “Blade of the Immortal” is an awesome killer track. The initial guitar riffs, the chorus that sticks in the mind, the atmosphere of the music as a whole … To my surprise, although it has not been released as lyric video, the track is on the set list of the last tour shows in Europe. What criteria do you use to select the tour repertoire, and are there any plans to release “Blade of the Immortal” (maybe as a live video)?
Chris –
We try to find out which songs the people like to hear but on the other side we take a look to our own history… Which songs we did not played live so often. We try to create a very interesting setlist for the fans. After that we put the songs in a special track list…

André – Grave Digger is a musical reference for many bands worldwide, but what would be their personal references? You also work as photos, paintings, sculptures, areas related to art. How does this performance in other areas affect both your personal life and Grave Digger?
Chris –
I‘m living a very creative life… In the last years I´m concentrating most of time on Grave Digger… I love to be creative… Bus Grave Digger is my life work… And it stands over all!!! In the moment we are working on the songs which will be on the next record. The new on will be released in July 2020… The year of the 40th anniversary of Grave Digger.

André – The band has a strong connection with the Brazilian public, whether in constant presence with concerts or in the live album recording released as ‘25 to Live’ (2005). Likewise, Grave Digger invests heavily on its official website and constantly updates its social media. What is the importance of the internet and its social media in increasing the band’s fan base around the world? You act directly on these digital functions or have a support team?
Chris –
We act directly on our digital platforms .. we don´t need a supporter team. We love to be in South America… The fans are really kind and enthusiastic  over there… They always supported the band… And that is something really special to us… And that is also the reason why we always coming back to Brazil.

André – Germany stands out in the European metal scene as the birthplace of great bands. In Brazil, there are discussions about ideologies, own bands versus cover bands, professionalism, the role of digital media and press vehicles… What is your view of the Brazilian metal scene and, as an experienced musician that you are, what is your opinion on these kinds of discussions and controversies?
Chris –
I know a couple of bands from Brazil… I think there´s also a big metal scene with a lot of interesting bands.

André – Thank you very much for the interview. Leave your message for the Metal Revolution Portal audience and Grave Digger fans.
Chris –
We are very happy to return to Brazil very soon… We will play a very interesting playlist 🙂

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