Entrevista por André Luiz – Fotos por divulgação, Sergio Scarpelli OKF Produções e equipe Portal Metal Revolution – Edição por André Luiz
Com 11 anos de estrada e estabelecendo-se como um dos principais nomes da cena viking metal do país, o Hugin Munin enfileira apresentações em festivais e na abertura para grandes nomes da cena mundial. Originada de Santos e com marcante performance ao vivo, os músicos também possuem atuação constante das mídias sociais e uma interação junto aos fãs que mais se assemelha a uma irmandade – tamanha a simplicidade e forma direta com a qual se direcionam aos apreciadores de sua música. A equipe do Portal Metal Revolution conversou com o vocalista Surt as vésperas da apresentação da banda pela segunda edição do Dark Dimensions Folk Festival e do Open The Road Festival Open Air, abordando temas sobre a trajetória da banda, a cena viking/folk no Brasil, o álbum ‘All Hail Odin’ e o mais recente vídeo clipe da banda, “All For Nothing”.
André Luiz – Primeiramente muito obrigado pela entrevista. São 11 anos de estrada, a manutenção de uma line up base em meio a troca de músicos e a evolução nítida desde o surgimento da banda em 2007 até o último de inéditas ‘All Hail Odin’ de 2016 e o ao vivo ‘Mighty Thunderstrike’. Como vocês resumiriam a trajetória da banda desde os primeiros acordes na cidade de Santos até estabelecerem-se como um dos principais nomes da cena viking metal do país nos tempos atuais?
Hugin Munin – Olá André e galera do Metal Revolution, nós que agradecemos pelo espaço e apoio. Considero uma trajetória vitoriosa, pois conseguimos, nestes 11 anos, com muito esforço e dedicação, consolidar o nome Hugin Munin no Brasil e ainda iniciar com pé direito a jornada internacional, como headliners nos EUA. Neste período tivemos algumas mudanças de formação, mas sempre mantendo os três membros originais responsáveis pelas composições de letras e músicas, que são a essência da nossa identidade musical. No que diz respeito a formação posso dizer que estamos em nosso melhor momento, com muito entrosamento musical e pessoal e estamos nos divertindo muito. Em resumo, com o passar dos anos e conforme fomos lançando novo material, tivemos uma trajetória não meteórica, mas sempre ascendente, sempre crescendo, mais shows, mais views, mais “awareness”, shows maiores, rodas maiores, walls of death maiores rsrs.
André Luiz – Com o passar dos anos, a banda tem solidificado uma identidade no meio viking/folk afastada da parte melódica e próxima a um som mais brutal, na linha death metal, porém com as letras características celebrando Odin. Especialmente ao vivo, a sonoridade mais extrema da HM se apresenta com maior evidência, ocasionando tantos mosh pits e rodas quanto a estrutura da casa de show permita. Podemos dizer que esta veia mais inclinada ao death metal consolidou-se naturalmente devido as preferências pessoais de cada músico? Ao compor o material de estúdio, a banda leva em consideração como será a execução de determinada música ao vivo?
Hugin Munin – Nosso direcionamento para uma sonoridade mais pesada foi, sim, até certo ponto, natural devido as nossas influências musicais de bandas como Pantera e Machine Head, porém, foi também um diferencial que encontramos em relação as demais bandas que fazem metal Viking/Folk. Mesmo fora do Brasil, hoje, não há uma banda com esta temática que apresente um show com as características do nosso. Já fomos, inclusive, descritos em resenhas como “Hugin Munin e seu Hardcore”, o que, a primeira vista, me causou certo estranhamento, mas hoje vejo como um elogio, pois deixa muito caracterizado o quanto estamos conseguindo apresentar algo diferenciado, com identidade própria. Não pensamos nisto (em como será a execução ao vivo) no momento da composição, pois consideramos necessário que o material de estúdio apresente cadências e “climas” diferentes, misturando peso e melodia, mas com certeza levamos em consideraçao na montagem do set list, priorizando as que funcionam melhor ao vivo.
André Luiz – O terceiro material de estúdio da banda, ‘All Hail Odin’, foi produzido, mixado e masterizado por Athanasios Karapanos, em Birmingham, Inglaterra. O engenheiro de som possui mais de 15 anos de trabalhos com nomes renomados da cena viking/death metal. Como se deu a escolha de Athanasios para a produção do ‘All Hail Odin’ e como foi esta experiência?
Hugin Munin – Na verdade, o “Thanos”, como nós o chamamos, foi quem nos escolheu. Entrou em contato dizendo o quanto admirava o trabalho da banda, que gostaria de trabalhar conosco, pois acreditava que poderia nos levar a outro nível em termos de produção. E realmente o fez. Temos apenas a agradecer pela parceria com este grande produtor. Uma curiosidade: seu estúdio em Birmingham é chamado de “O Grego Mix Master Studio”, devido as mensagens que trocávamos com “o grego”sobre as mixagens das músicas. Ele adorou o nome e decidiu adotá-lo rs.
André Luiz – A arte gráfica dos últimos álbuns da banda ficaram a cargo de outro artista renomado mundialmente, Jobert Mello, de trabalhos junto a bandas nacionais como Shadowside e Woslom, além de nomes internacionais a citar Primal Fear, Sabaton, Bad Company, Grave Digger, Benedictum, Heavenwood, entre outros. De que forma foram obtidos contatos com o artista e como fora a troca de idéias para definição das artes apresentadas tanto no ‘Mountainbreaker’ quanto no ‘All Hail Odin’ e ‘Mighty Thunderstrike’?
Hugin Munin – Consideramos o Jobert um gênio da arte gráfica e um excelente profissional. Conhecemos seu trabalho através da capa do albúm ‘Rise Of The Sea King’ do Hagbard, uma ótima banda nacional, com a qual já tocamos e que possui temática semelhante a nossa. Atualmente, contamos com ele para toda nossa produção de arte, capas, banners, merch, etc. Tivemos a felicidade de formar, ao longo do caminho, parcerias com profissionais de altíssimo nível, que contribuíram muito para o nosso crescimento e o Jobert com certeza é um deles.
André Luiz – A banda permanece muito ativa nas mídias sociais, seja na disseminação de mensagens de reverência a Odin, ou na divulgação de show e lançamentos. Nos últimos singles, por exemplo, foram semanas divulgando fotos de making of e previews em vídeo, antes do lançamento do vídeo clipe em si. Como vocês definem a relação dos músicos com as interações tecnológicas e qual o grau de importância na divulgação do material da banda nos tempos atuais?
Hugin Munin – Sempre tivemos muita determinação, sempre corremos muito atrás, não temos problema algum com isso e o fazemos até hoje. Levamos pessoalmente caixas do nosso primeiro EP na fila do show do Amon Amarth em SP e distribuímos pra galera, sem pensar no retorno financeiro, nossa intenção era simplesmente divulgar nossa música para os fãs brasileiros deste estilo e mostrar que havia uma banda nacional disposta a representá-los dali em diante, dentro e fora do Brasil. Hoje em dia as redes sociais tem um papel fundamental na divulgação, pois nos possibilitam fazer o mesmo que fizemos nesta ocasião em SP, sem estarmos fisicamente presentes nos locais. Além disso, são muito eficientes como ferramentas de gestão, pois nos possibilitam medir, acompanhar, e gerenciar nossos níveis de popularidade de acordo com país, região, faixa etária, gosto musical etc. Não há empresa hoje que não faça uso das novas tecnologias para divulgação de seu produto, e com uma banda não é diferente.
André Luiz – Ainda seguindo neste tema, nas últimas semanas foi lançado o vídeo clipe da faixa “All for Nothing” (até esta entrevista haviam sido mais de 4mil visualizações no YouTube). O material foi gravado no Lobo Estúdio em Santos com assinatura de Nara Assunção e Junior Amaral, maquiagem da renomada Nosferotika, além da participação especial das modelos Grazi Modena e Yasmine Carvalho. Dois anos após o lançamento do AHO, qual critério utilizado para escolha desta faixa como novo single e como foi este trabalho em especial para vocês?
Hugin Munin – Foi um trabalho especial, pois pela primeira vez gravamos um clipe em Santos, nossa cidade natal, na qual quase todos ainda moramos, com uma equipe sensacional, que com certeza estará presente em nossos trabalhos futuros. O clipe foi todo gravado em um dia, trabalhamos muito, mas ficamos extremamente satisfeitos com o resultado. Nara e Junior se superaram, mandaram bem demais, conseguiram captar muito bem o que queríamos, tanto que não fizemos nenhuma alteração na primeira edição que recebemos, ele já veio perfeito. A “All for Nothing” foi a escolhida por ser uma música que nos representa muito bem, possui todos os elementos que definem o som da Hugin Munin, melodia, peso, um refrão poderoso e muitas partes para bangear sem parar.
André Luiz – No Brasil, a Hugin Munin se apresentou ao lado de grandes nomes internacionais como Alestorm, Rapalje, Heidevolk; já nas próximas semanas estarão acompanhados tanto no Dark Dimensions Folk Festival com Týr e Arkona quanto no Open The Road Festival Open Air com outros nomes da América do Sul (Force OF Darkness, Luciferian, entre outros). Em que pesa para o crescimento da banda em si a experiência com nomes de fora do país?
Hugin Munin – Sim, além dos citados, já tocamos com Eluveitie, Korpiklaani, Torture Squad, Krisiun, Tuatha de Danaan e estamos muito animados e ansiosos para incluir Tyr, Arkona e outros nesta lista. Hoje podemos atuar como headliners em qualquer evento de nosso estilo, como já fizemos em diversas ocasiões, inclusive fora do Brasil, e temos certeza de que estas experiências ao lado de grandes nomes contribuíram imensamente para que chegássemos a este patamar. Enxergamos cada um destes eventos como uma oportunidade única para apresentar nosso trabalho a um novo público e não importa o tamanho do show, local, se somos banda principal ou não, fazemos questão de causar impacto e mostrar do que se trata um show da Hugin Munin.
André Luiz – Em 2015 vocês fizeram o primeiro show fora do país, sendo headliners de um festival em Crest Hill, Illinois (EUA), ao lado de bandas como Blood Throne, The Everscathed, Our Days End e Psychomancer. Como tem sido a aceitação da HM no exterior?
Hugin Munin – Excelente, ficamos surpreedidos positivamente com a cena nos EUA, muito ativa e com muita união e respeito entre as bandas, fizemos grandes amigos lá. A aceitação tem sido excelente, de vez em quando com certa curiosidade do tipo “brasileiros falando sobre vikings?”, mas, ao ouvir o som, a aceitação é sempre muito boa. Nossa maior inspiração é o Manowar, que apesar de tratar-se de uma banda americana, e com sonoridade bem diferente do que conhecemos como viking/folk, possui vasto material com temas nórdicos. Como todos sabemos, o rock, e principalmente o heavy metal não é nem de longe o estilo predominante em nosso país, então vejo de forma natural termos uma repercussão maior no exterior.
André Luiz – Na mitologia nórdica, Huginn e Muninn eram os corvos que serviam como olhos e ouvidos de Odin em Midgard. Nos tempos atuais, a tida “mente” e “pensamento” na cena heavy/rock nacional, seja na questão de público, mídia, produtores, casas de show, enfim, tudo o que cerca este meio, tem na visão de vocês agregado ou prejudicado no crescimento da cena no Brasil? Como se encaixam os grandes festivais de viking/folk neste meio (seriam uma espécie de oásis ou solidificação de um movimento em crescimento)?
Hugin Munin – Os grandes festivais são essenciais para a cena no Brasil hoje e quero acreditar que são a solidificação de um movimento em crescimento, mas isto só o tempo dirá. Para que possamos afirmar que é o caso, será necessário observar a expansão destes eventos, atingindo novas cidades, novos estados. Portanto galera, reúnam os amigos, acompanhem as páginas das bandas, dos eventos, comentem, peçam para que estes eventos cheguem a sua cidade, isso só nos fará crescer como cena. Sabemos qual a situação econômica do Brasil hoje e ninguém quer e nem pode se dar ao luxo de arriscar, porém, se os produtores perceberem que há demanda em sua região, com certeza levarão em consideração incluí-la nas próximas edições.
André Luiz – Agradecemos a atenção e desejamos sucesso para a Hugin Munin. Deixe sua mensagem aos leitores do Portal Metal Revolution.
Hugin Munin – Obrigado André e leitores do Metal Revolution, quero agradecer a todos que contribuem para engrandecer o metal nacional, estamos juntos nesta batalha irmãos! A todos que nos conhecem obrigado pelo apoio de sempre, e aos que ainda não conheciam, sejam bem vindos ao clã! Espero ver todos ao vivo em breve, vocês são o nosso motivo de existir! Hail!!