Texto por Arony Martins – Fotos por Rodrigo Gonçalves – Edição por André Luiz
Mesclando antigos clássicos e novas músicas – excelentes diga-se de passagem –, pelo terceiro o ano seguido o Accept fez a alegria de seu dedicado público carioca, desta vez fazendo o acanhado, mas não menos importante, palco do Teatro Rival ficar enorme diante de tanta história contada em pouco mais de duas horas.
Os acordes de “Stalingrad” se findavam e eis que o baixista membro fundador da banda, Peter Baltes, foiao microfone e diz: “Está quente aqui…”. Enquanto o público respondia positivamente o vocalista que há dez anos vem de forma brilhante substituindo o histórico Udo Dirkschneider, Mark Tornillo, entre um gole e outro em sua lata de refrigerante, também no microfone disse: “Está mais quente que São Paulo”. Independente da temperatura aquela seria a senha para mais dezenove músicas que fariam o público carioca literalmente fritar com os eternos riffs de guitarra oferecidos por Wolf Hoffmann.
A turnê sulamericana que conta com um giro por cidades brasileiras tem por objetivo divulgar o mais recente trabalho do grupo ‘The Rise Of Chaos’. E desse álbum o repertório recebeu cinco canções: “Koolaid”, “No Regrets”, “Analog Man”, a faixa título e a ótima “Die By The Sword”, uma das várias músicas acompanhadas pelos mais do que característicos “ôôôôôô” – quem nunca?
Um ponto a ser ressaltado é que metade do set foi composto por músicas da nova fase do Accept. Não poderia ser diferente, as grandes canções desse período não deixam em nada a desejar àquelas compostas nos anos 1980, o que demonstra que gás não falta ao grupo que no palco mostra que sabe o que é fazer um verdadeiro show de rock e que além de entreter quem os reverencia, também sabe se divertir. Mark vem fazendo um grande trabalho com o grupo. E se a idade parece estar chegando em algumas falhas em sua voz, seus plenos pulmões não deixam a peteca cair, até porque a catarse era coletiva.
A interação entre os músicos enobrece a apresentação. Nada tem gosto de plástico. Tudo é muito consistente, verdadeiro. E se a simpatia dos músicos é cativante, cada sorriso que saia do rosto do guitarrista Wolf Hoffmann parecia ser um momento de pura regência de vozes que se esgoelavam cantarolando seus belos solos de guitarra. Sim, Wolf é um “riffmaker”, dos melhores inclusive. Mas uma coisa torna esse guitarrista um cara único: a capacidade de tornar simples a inserção de elementos da música clássica em suas canções. Não fica chato. Longe disso. Duvido que alguém seja capaz de ouvir e não gostar. Que tal, uma prova?
O Accept vive um momento glorioso. São shows quase que diários em boa parte do mundo e presença cativa nos grandes festivais europeus. Todavia tudo isso não seria possível se em seus primórdios grandes canções não tivessem chegado aos rádios fazendo com que todos nós quiséssemos vê-los pelo menos uma vez na vida. E dessa fase vieram “Restless And Wild”, “Fast As A Shark” e claro a sempre mais celebrada “Balls To The Wall”.
De fato, o que se viveu em uma chuvosa noite de sábado, foi a possibilidade de mais uma vez festejar o rock and roll com uma pureza ímpar. E assim a tour brasileira desta grande banda Alemã encerrou mais um capítulo com maestria, e sem uso de Playback. Viva o metal, viva o Accept. Agradecimentos à Free Pass.
Set List Accept:
Die By The Sword
Stalingrad
Restless And Wild
London Leatherboys
Living For Tonite
The Rise Of Chaos
Koolaid
No Regrets
Analog Man
Final Journey
Shadow Soldiers
Neon Nights
Princess Of The Dawn
Midnight Mover
Up To The Limit
Objection Overruled
Pandemic
Fast As A Shark
Metal Heart
Teutonic Terror
Balls To The Wall