Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por André Luiz
O show já caminhava para o fim e o sujeito que comanda há mais de 30 anos uma das bandas mais consagradas da história do heavy metal se encontrava na beirada do palco, sem palavras, admirando uma plateia que não parava de o reverenciar. O sujeito, com notória fama de difícil, não conseguia esconder o sorriso e tentava retribuir o carinho do público.
O relato acima é um bom retrato do que foi o show do Megadeth na noite de quarta-feira, véspera de feriado, diante de um Vivo Rio completamente lotado. A banda americana enfim veio à Cidade Maravilhosa para apresentar a turnê do álbum ‘Dystopia’, lançado em janeiro do ano passado.
A abertura da noite ficou por conta da banda Vimic, o novo projeto do baterista Joey Jordison, ex-baterista do Slipknot. A banda já lançou alguns singles e no momento se encontra dando os toques finais no álbum de estreia, ‘Open Your Omen’, que tem previsão de lançamento para o ano que vem. O guitarrista Dave Mustaine gravou uma participação na faixa “Fail Me (My Temple)”, o que pode explicar o convite para que o Vimic atuasse como banda de abertura do Megadeth na América do Sul.
No geral, o grupo fez uma boa apresentação, demonstrando estar bem ensaiada e apresentou boas canções aos cariocas, casos de “Simple Skeletons” e “In Your Shadow”, além da já mencionada “Fail Me (My Temple)”. Embora contem com bons músicos, caso do vocalista Kalen Chase, a banda ainda carece de mais “ritmo” de jogo, algo que somente irão adquirir conforme passarem mais tempo na estrada. Em todo caso, fizeram bom uso do tempo disponível para se apresentar e prenderam a atenção do excelente público que entrou cedo ávido pelo reencontro com o Megadeth.
E o principal momento da noite era chegado. Desde o começo fulminante com o clássico “Hangar 18”, ficou claro que aquele não seria “apenas mais um show do Megadeth”. Não é exagero dizer que a banda entrou no palco com sangue nos olhos, tocando com um vigor como há muito não se via, os três músicos da linha de frente percorrendo o palco e interagindo com o público, principalmente o guitarrista Kiko Loureiro, de longe o mais empolgado de todos, talvez por estar se apresentando “em casa”.
Conforme o Megadeth despejava clássicos do naipe de “Wake Up Dead”, “In My Darkest Hour” e “Trust”, mais ficava evidente para os fãs a força da formação atual com Kiko Loureiro e o baterista Dirk Verbeuren. A dobradinha “Take No Prisioners” e “Sweating Bullets” demonstrou que esta formação já é uma das melhores que a banda teve nos últimos 20 anos, com Kiko solando de forma melódica e ao mesmo tempo agressiva, fazendo jus às linhas criadas por Marty Friedman, e Verbeuren não apenas emulando as partes do grande Nick Menza – falecido no ano passado – como também adicionando suas próprias ideias e toques às canções.
A plateia não apenas recebeu os novos integrantes de braços abertos, como demonstrou isso participando de forma efetiva do show, cantando todas as músicas, até mesmo as mais novas, casos de “The Threat Is Real”, a segunda do show e também de “Dystopia”, a faixa título do último álbum, uma das melhores que a banda gravou em muitos anos. Além delas o novo álbum também marcou presença com “Conquer Or Die!” e “Lying State”.
Já a parte final do show, Mustaine e companhia reservaram para aqueles clássicos que não podem faltar em uma apresentação do Megadeth – sob risco de protestos efusivos por parte dos fãs. Em “Symphony Of Destruction”, Kiko Loureiro deu mais um show de habilidade e demonstração de grande talento ao executar um dos solos mais marcantes da carreira do grupo com aparente facilidade – não à toa Mustaine não se cansa de dizer que se sente “intimidado” pelo companheiro. A dobradinha “Peace Sells” – com direito a entrada do mascote Vic Rattlehead no palco – e “Holy Wars… The Punishment Due” (em meio aos gritos de MENGO antes de Mustaine iniciar a canção), encerraram de forma brilhante aquela que foi seguramente uma das melhores apresentações do Megadeth em terras cariocas.
Para quem não presenciava uma performancecompleta da lenda do thrash metal americano por aqui em quase 20 anos – em 2008, o show foi cortado na metade devido a problemas com o som e em 2013 a banda fez um show reduzido ao abrir para o Black Sabbath –, a expectativa superou e muito a realidade. Agradecimentos à assessoria de imprensa do Vivo Rio.
Set List Megadeth:
Hangar 18
The Threat Is Real
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
Trust
Take No Prisoners
Sweating Bullets
Conquer or Die!
Lyiing State
A Tout Le Monde
Tornado Of Souls
Dystopia
Symphony Of Destruction
Mechanix
Peace Sells
Holy Wars… The Punishment Due