Texto por Thiago Verpa – Fotos por Julio Szoke – Edição por André Luiz
Uma noite de celebração, nostalgia, retomada de antigas amizades e um passeio por 7 anos de história de uma das maiores bandas de metal do Brasil. É dessa forma que resumo o show do vocalista Edu Falaschi realizado no Carioca Club, em São Paulo, no domingo, 23.
A “Rebirth Of Shadows Tour” reuniu Edu e dois de seus antigos companheiros de Angra – o baterista Aquiles Priester e o tecladista Fabio Laguna –, além de contar com Diogo Mafra (guitarra), Raphael Dafras (baixo) e Roberto Barros (guitarra). Juntos, o objetivo era reviver os clássicos do Angra contidos nos álbuns ‘Rebirth’, ‘Temple Of Shadows’ e ‘Aurora Consurgens’.
A abertura ficou por conta da banda de metal paulistana, Attractha, formada por Cleber Krichinak (vocal), Ricardo Oliveira (guitarra), Guilherme Momesso (baixo) e Humberto Zambrin (bateria).
Em um set composto em sua totalidade por músicas de seu trabalho mais recente, ‘No Fear To Face What’s Buried Inside You’ – produzido por Falaschi em 2016 –, a banda pisou no palco às 19h02m e demonstrou logo de cara a que veio com a pesada “Bleeding In Silence”. Ao ver Cleber no palco, pensei: “A postura dele me lembra muito a do Eric Adams do Manowar”. Abri um sorriso ao pesquisar para essa resenha e descobrir que ele faz parte da banda tributo ao Manowar, Kings Of Steel – eu estava certo.
Seguindo com um show pesado e marcante, a banda executou “231”, “Victorious” e “Payback Time”. Após uma rápida pausa para agradecimentos aos presentes, à equipe e ao Edu Falaschi pela oportunidade, a banda encerrou seu curto repertório com “Unmasked Files”. Um show bem executado, o qual agradou a todos – surpreendendo este humilde expectador que vos escreve.
Cortinas fechadas. Era possível ouvir a equipe trabalhando para o início do grande show da noite. A cada minuto, o Carioca Club ficava cada vez mais cheio e a ansiedade era nítida. Os fãs mais velhos desejavam reviver a época de ouro do Angra e os mais novos sonhavam com a oportunidade de ver Edu, Aquiles e Fábio no mesmo palco pelo menos uma vez na vida. Um pequeno atraso de 30 minutos – sim, eu “cronometrei” tudo – começou a deixar os fãs cada vez mais agitados. Finalmente, às 20h40m, as luzes se apagaram e os PAs começaram a ecoar “Deus le Volt!”.
Cortinas abertas. Já era possível ver o kit “monstro” de Aquiles, contando com sua tradicional máscara de polvo – apelido do baterista – na parte de cima. Surgiram Aquiles, Diogo, Raphael e Roberto. O público os recebeu com grande emoção.
Todos sabiam que “Deus le Volt!” precederia a clássica “Spread Your Fire”, ambas do álbum ‘Temple Of Shadows’ – literalmente um “Prelúdio para a erupção do vulcão”. Quando “Spread Your Fire” finalmente começou e Falaschi pisou no palco, com todo o seu carisma e alegria, o vulcão “Carioca Club” entrou em erupção com uma fúria inacreditável. A banda não deu espaço para descanso, seguindo com “Acid Rain” e “Running Alone”, ambas cantadas em uníssono por todos.
Na primeira pausa entre músicas, Edu, visivelmente emocionado, agradeceu ao público, amigos presentes e à equipe de produção, a qual trabalhou duro para que o show se tornasse realidade. Com um violão em mãos, iniciou-se “Wishing Well”, muito bem recebida pelos fãs. A noite traria algumas faixas nunca executadas antes ao vivo e a primeira surpresa veio com “Caça e Caçador” – do EP ‘Hunters And Prey’. Depois, “Angels And Demons” trouxe o peso de volta ao palco, com destaque para o guitarrista Roberto Barros, que executou de maneira fiel os solos de Kiko Loureiro.
“Eu sei que é domingo e amanhã todo mundo trabalha, mas o nosso plano é fazer um show bem longo”, disse Falaschi. A fala foi bem recebida, assim como “Heroes Of Sand” e “Breaking Ties” – mais uma música nunca executada ao vivo na época do Angra.
Sozinho no palco com um violão, alguns fãs começaram a pedir “Pegasus Fantasy”, música do anime japonês “Cavaleiros do Zodíaco”, muito famosa entre seus fãs. Edu contou sobre o convite feito pela Álamo para a gravação da faixa e sobre como ele nunca sonhou que tal gravação fosse ter tamanho impacto em sua carreira. Atendendo aos pedidos, Edu cantou “Pegasus Fantasy” em uma versão acústica, seguindo com “Trem das Onze” do Demônios da Garoa. Talvez nem todos tenham entendido o motivo dele tocar essa música: em 2002, o Angra participou do programa do apresentador Jô Soares e Edu tocou essa música (acredito que sua versão fez algum sucesso entre os fãs na época, viabilizando sua inclusão no set list e trazendo ainda mais uma sensação de nostalgia para a noite).
Ainda nesse clima acústico, a banda executou “Late Redemption”, um dueto particular entre Edu e o público presente – o qual cantou a parte gravada por Milton Nascimento no disco ‘Temple Of Shadows’. Aparentemente, houve uma falha no som do violão no início da música, mas isso não tirou seu brilho.
As coisas estavam calmas demais, era necessário um pequeno soco na cara para agitar tudo novamente. Este “soco” veio na forma de um solo de bateria. Aquiles prezou por um solo mais elaborado, tocando partes complicadíssimas acompanhado de uma trilha e o público respondeu muito bem. Finalizado o solo e com a banda de volta ao palco, “Temple Of Hate”, a belíssima “Bleeding Heart” e “Millenium Sun” deram o ar da graça, colocando um sorriso no rosto de cada presente.
Já na reta final, Edu Agradeceu mais uma vez a todos os fãs, amigos, familiares e parceiros, finalizando com a apresentação de toda a banda. Um dos mais ovacionados foi Aquiles, que decidiu sair de trás da bateria e ir até a frente do palco para agradecer os presentes. Fazendo uma declaração emocionada sobre como Fábio Laguna colocou ele e Edu em contato novamente, Aquiles apresentou “um dos maiores compositores e letristas de metal do país, a pessoa que compôs e gravou dois dos discos que definiram um novo patamar para o metal melódico no mundo, o grande Edu Falaschi”.
Finalizando com “Waiting Silence” e “Live And Learn”, a banda ainda voltou para um bis com “Rebirth” e “Nova Era”, talvez as duas músicas mais emblemáticas do Angra na fase Falaschi. Uma noite emocionante e inesquecível, reverberando a nostalgia nos fãs presentes. Agradecimentos à The Ultimate Music pelo credenciamento de nossa equipe na cobertura do evento.