Texto por Arony Martins – Fotos por Arony Martins, Edição – Edição por André Luiz
Nos últimos anos, o guitarrista e afinadíssimo Richie Kotzen tem sido figura fácil pelas casas de shows do Rio de Janeiro. Seja com o supergrupo The Winery Dogs ou como ateísta solo, assistir Richie é sempre uma promessa de grandiosas apresentações, e desta vez não foi diferente. Com um repertório que mesclou novas canções com músicas já consagradas em sua belíssima carreira, fazendo com que o reduzido, mas acalorado, público que esteve nas dependências do Imperator esquecesse por muitos momentos que Kotzen, um dia, integrou bandas como Mr. Big e Poison.
Transitando por diversos estilos musicais como Jazz, Fusion, R&B, mesclados ao seu rock ora visceral ora sensível, o power trio formado por Dylan Wilson (baixo), Mike Bennett (bateria) e é claro, Richie (vocal, guitarra) trouxe ao Rio um repertório no mínimo diferente. Quem esteve presente ao concerto teve a oportunidade de observar uma apresentação sofisticada iniciada com “End Of Earth”, do novo álbum ‘Salting Earth’, sofisticação esta resultado da completude que faz de Richie um músico diferenciado. Compositor de mãos cheias, não limita seus shows a meras apresentações do que já faz muito bem em seus álbuns. O guitarrista propõe claramente ao seu público uma experiência musical das mais valiosas, como se a cada acorde ensinasse aos presentes como se degusta uma grande canção – grandes músicas não faltaram nesse mais do que brilhante ‘menu’.
A ousadia de Richie fica evidente já na segunda canção, “Socialite”. Sem pestanejar, a banda se inseriu em uma divertida jam, momentos durante os quais tivemos a oportunidade de observar o quanto Richie demonstrava estar muito à vontade com sua banda solo. Sempre sorrindo, em alguns momentos demonstrando sua excentricidade, Kotzen, reconhecido por ser um dos guitarristas mais técnicos da história, se mostrou um competente organista. Uma faceta diferenciada que pôde ser vista em diversos momentos do show, algo que representa o quão amadurecida é a musicalidade de Richie.
Se a apresentação reservava momentos diferentes, um dos mais significativos foi quando o trio executou canções em formato acústico. Richie ao violão, é claro. Mas a surpresa estava em ver Dylan empunhando um belo contrabaixo vertical. O baixista, de técnica apuradíssima e timbre inesquecível, pôde em canções como “I Would” fazer o público levitar com os lindos desenhos de suas linhas acompanhados de uma sonoridade pra lá de aveludada. Bennett nos presenteou com um diferenciado solo de Cajon, algo incomum em shows de rock. Todavia, se existe algo que Richie sabe fazer é conversar intimamente com sua guitarra. E independente do gênero escolhido para guiar suas canções, o que se viu foram solos absurdamente bem executados como em “Fear” e “This Is Life”.
A receptividade do público desde o início foi das mais fortes. Fosse cantarolando trechos instrumentais, solos de guitarra ou acompanhando músicas como “High” ou “You C an’t Save Me” – a qual encerrou o grande concerto –, quem esteve presente deu respostas à altura do que foi apresentado. E se Richie têm retornado às terras cariocas com alguma frequência, estaremos aguardando uma nova visita tão logo seja possível. Agradecimentos à Free Pass pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe.
Set List Richie Kotzen:
End Of Earth
Socialite
Meds
Go Faster
Love Is Blind
Your Entertainer
My Rock
Cannon Ball
I Would
High
Drum and Cajon Solo
Fear
Help Me
This Is Life
You Can’t Save Me