Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por André Luiz
Uma das boas consequências que festivais como o Monsters Of Rock, Lollapalooza e agora o Maximus trouxeram foram os side shows, os quais animam cidades que não receberam o festival e dão aos fãs chances de ver em suas cidades bandas favoritas, sem ter de lidar com os custos de ir em um festival em outra cidade. Para as bandas, também é interessante, pois dá a chance de se inserirem em um mercado que talvez não conseguiriam sozinhas e ainda contar com o apoio da excelente estrutura do festival. Esse ano, os cariocas tiveram a chance de ver apresentações dos veteranos do Hatebreed e do Five Finger Death Punch, um dos maiores destaques da nova safra do metal estadunidense. As bandas fizeram a alegria do bom público que compareceu ao Vivo Rio.
O Hatebreed entrou em cena 15 minutos após o horário inicialmente marcado. Mas bastou colocarem os pés em cima do palco para ficar clara a intenção do grupo: obliterar os tímpanos alheios. O set list abrangeu canções do início da carreira, com Jasta convidando o público a todo momento a revisitar o catálogo. O início do show foi bastante problemático, com o som todo embolado, era praticamente impossível distinguir qualquer coisa. Quem acabou sofrendo mais foi o vocalista Jamey Jasta, que não conseguia ser ouvido. Uma pena, pois o começo do show foi arrebatador, com a banda apresentando em sequência “A.D”, “Looking Down The Barrell of Today”, e “Seven Enemies”, todas do último álbum, o bom ‘The Concrete Confessional’, lançado no ano passado.
Felizmente os problemas foram logo solucionados e a banda seguiu partindo para cima demonstrando que a intenção era mesmo passar o trator e aproveitar ao máximo o tempo disponível para se apresentar. Dito e feito. O que se viu dali em diante foi uma banda no auge da sua forma, coesa e tocando cada vez melhor. Tanta experiência fez o pessoal vencer a desconfiança de um público que se ia enchendo a casa, em sua maioria parecia estar ali mesmo para ver a atração principal. O Hatebreed conseguiu se desvencilhar do estigma de “banda de abertura” e se saiu bem diante das circunstâncias ao tirar da cartola porradas como “Destroy Everything”, “This Is Now” e “Honor Never Dies”.
O senso de urgência de uma apresentação com apenas 40 e tantos minutos não impediu o simpático vocalista de conversar com a plateia entre músicas e tentar trazer o público para o show, ainda que ele não tenha sido bem-sucedido na tarefa, fato evidenciado já no fim do show em “I Will Be Heard”, quando tentou a todo custo fazer o público jogar junto, pena que o esforço parece ter sido em vão. Um bom show, mas que ficou com gostinho de quero mais, principalmente para quem esteve na última apresentação que o grupo fez em terras cariocas, em setembro de 2014, quando fez dobradinha com o Napalm Death e fechou a noite.
Em seguida, novamente após um atraso, foi a vez do Five Finger Death Punch entrar em cena, desta vez com o aparato todo a disposição – de jogo de luzes ao som visivelmente melhor – e fazendo um bom show diante de uma plateia que parecia estar ali exclusivamente para vê-los. Sem esconder o jogo, a banda logo de cara sacou alguns grandes sucessos, daquelas faixas que empolgam e fazem a plateia jogar junto, pulando e cantando com entusiasmo, casos de “Lift Me Up” e “Never Enough”.
Com um roadie filmando ora de cima do palco, ora do pit reservado aos fotógrafos, o show continuou em grande nota com “Wash It All Away” e “Got Your Six”, com o baixista Chris Kael fazendo bonito ao assumir os vocais, expediente o qual se repetiu durante quase toda a noite. Após o excelente e inesperado cover para o clássico homônimo do Bad Company que ganhou nova roupagem e virou sucesso com o grupo norte-americano, Moody trocou a ordem de duas músicas, mas mesmo assim o público se empolgou durante “Jekyll And Hide”
Após isso, um inexplicável solo de bateria deu uma quebrada grande na empolgação dos presentes. A execução de “Burn MF” conseguiu restaurar momentaneamente o clima, mas logo ele esvaiu-se novamente com o grupo executando dois dos seus maiores sucessos porém em formato acústico: “Wrong Side Of Heaven” – a qual não havia sido tocada na Argentina e foi incluída no set list – e “Remember Everything”. Dali em diante a banda praticamente cumpriu tabela, não conseguindo restabelecer o pico da empolgação do início da performance, até fechar o show com a excelente “The Bleeding”.
Em uma noite que duas bandas combinadas conseguiram a proeza de tocar por menos de duas horas, ficou claro que a ideia desses side shows é não fugir muito do que os artistas deverão apresentar nos festivais. Para o Hatebreed, uma chance de mostrar porque é considerado um dos grandes nomes do estilo. Para o Five Finger, uma chance de “pegar ritmo de jogo” – foi apenas o terceiro show de 2017 – antes da apresentação no Maximus. Para os cariocas, a chance de ver duas bandas excelentes e que provavelmente passariam longe daqui esse ano não fosse o festival e os seus side shows. Agradecimentos à Move Concerts e Midiorama pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe.
Set List Five Finger Death Punch:
Lift Me Up
Never Enough
Wash It All Away
Got Your Six
Bad Company
Jekyll And Hyde
Solo de bateria
Burn MF
Wrong Side Of Heaven
Remember Everything
Coming Down
Under And Over It
The Bleeding