Texto por Allan Barata – Fotos por Allan Barata – Edição por André Luiz
O que se mostrava ser sua maior fraqueza, se tornou sua maior força. Após dois shows seguidos no Circo Voador desde 2013, o Lacuna Coil retornou ao Rio de Janeiro para um show no consideravelmente menor Teatro Odisséia. A insatisfação era unanimidade entre os fãs, que reiteravam que a apresentação deveria ser no Circo, que hospedaria Jake Bugg na mesma noite. Ainda no período da tarde, a fila em frente ao Odisséia já virava a esquina, fato que há muito não se via.
A pontual noite começava com o Innocence Lost, banda fundada em 2007. Os caras, liderados por um dos expoentes do vocal feminino carioca, a vocalista Mari Torres, já haviam sido o suporte do Kamelot na turnê de 2016 e agora abriria para o Lacuna Coil – a moral e a responsabilidade não poderiam ser maiores. Com um som enérgico puxado para o progressivo e sinfônico, a banda encontrou uma casa cheia e se soltou no palco: as giradas de cabelo de Mari e do guitarrista Juan Carlos Britto – figura carimbada no Metal Jam – eram o movimento clássico quando os riffs e o teclado aceleravam em faixas como “Insomnia” e “Wake Up”. A curta duração não desanimou o público e a apresentação foi mais do que digna, encerrando a performance com “Falling Down”.
Set List Innocence Lost:
Insomnia
Iris
Wake up
The Dragon Inside Me
The Mirror Show No Lies
Falling Down
Com a pontualidade em dia – os italianos estavam marcados para começar às 20h –, podemos ressaltar uma visão maravilhosa: um Teatro Odisséia aglomerado, sem caber mais uma pessoa sequer – fato que, pessoalmente, não testemunhava desde fevereiro de 2014 quando Heaven Shall Burn e Parkway Drive infernizaram o lugar. As luzes se apagaram e a introdução começou. Com o lançamento de ‘Delirium’, o Lacuna Coil passou a se caracterizar no palco como fugitivos de um sanatório: camisas de força, sangue, identificações de loucos internados – produção que certamente eleva o nível da apresentação. A sintonia entre a inigualável Cristina Scabbia e Andrea Ferro deram a injeção de euforia necessária para inflamar a galera – com as músicas iniciais “Ultima Ratio” e “Spellbound” –, os quais entregavam cartazes e a bandeira do Brasil para a banda durante o show. Completavam a line up Marco Coti Zelati (baixo), Ryan Folden (bateria) e Diego Cavallotti (guitarra)
Diferente de 2013, por exemplo, não foi um show repleto de clássicos, uma vez que o set list teve um peso enorme do último lançamento e de ‘Broken Crown Halo’, mas quem disse que isso foi um fator deprimente? ‘Delirium’ é certamente um álbum agressivo com tema delicado, possivelmente o momento musicalmente mais maduro da banda – e isso se refletiu no palco na mescla entre sons como “Victims”, “My Demons”, os clássicos “Senzafine” e “Swamped” executados em sequência, o cover “Enjoy The Silence” do Depeche Mode… Após uma breve pausa, o encerramento deu-se com a faixa título do mais recente trabalho de estúdio “Delirium”, o petardo “Heaven’s A Lie” cantado em uníssono e o gran finale com “The House Of Shame”.
Intimista, sorridente, ardente e insano, o Lacuna Coil fez sua melhor performance no Rio e agradeceu o calor humano dos brasileiros. Existem bandas que desistiriam de retornar após tocar em uma casa menor para pouca gente, já os italianos, após verem um mar lotado de gente, devem estar ansiosos para o próximo encontro. Agradecimentos à Liberation e Costábile Jr. pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe, mais um show absurdo em terras cariocas – andamos precisando disso para não deixar a chama do metal se apagar.
Set List Lacuna Coil:
Ultima Ratio
Spellbound
Die & Rise
Kill The Light
Blood, Tears, Dust
Victims
Ghost In The Mist
My Demons
Trip The Darkness
Senzafine
Swamped
Downfall
Our Truth
Enjoy The Silence (Depeche Mode cover)
Nothing Stands In Our Way
Delirium
Heaven’s A Lie
The House Of Shame