Return To Roots – 16-12-2016 – São Paulo (Tropical Butantã)

Texto por Juliana Novo – Fotos por Priscilla Rodrigues – Edição por André Luiz

Mais uma vez os mestres Cavalera vieram a São Paulo para uma noite épica pelo projeto Honorsounds, tocando o ‘Roots’ na íntegra, exatamente 20 anos depois da última apresentação de Max como integrante do Sepultura. A tour chamada “Return To Roots” trata-se de uma turnê comemorativa do álbum ‘Roots’, o último da formação clássica com os fundadores e irmãos, Max e Iggor, que marcaram o Metal mundial para todo o sempre, inovando com lances tribais e explorando a cultura e ritmos brasileiros.

A entrada do local foi liberada em torno de 19h15m, e havia uma tímida concentração de bangers – o que parecia contraditório para uma noite de tamanha grandeza, mas realmente o público demorou a chegar, e acredito que tenha sido por ser em uma sexta-feira pós expediente de trabalho, já que o ambiente praticamente lotou mais tarde para ver a atração principal.

Havia um suspense em torno das atrações de abertura, já que não estavam divulgadas no evento. Mas ao entrar no recinto viu-se que a banda Incite, de Richie Cavalera, enteado de Max Cavalera, seria uma das bandas de abertura, pelo pano de fundo no palco e pela grande mesa com merchan da banda, sendo vendida pelos próprios integrantes do Incite, os quais tiravam várias fotos com o pessoal presente. Também havia escrito em um mural o preço de um Meet and Greet com Max e Iggor, um pouco caro diga-se de passagem (R$250) no atual contexto econômico em que vivemos.

Por volta de 20h40m, um menino subiu ao palco, dando boa noite a todos e anunciando a banda de seu pai (Baffo Neto). Foi então que a banda CAPADÓCIA subiu ao palco, bem mais tarde que o previsto, talvez pelo público ainda modesto. Formada por Baffo Neto (vocal e guitarra), Gustavo Tognetti (baixo) e Palmer de Maria (bateria), a banda ainda teve o reforço do guitarrista Vinicius Castellari do Project 46, especialmente para este show. Fazem um thrash com elementos do metal moderno e ritmos brasileiros. Baffo agradeceu ao público que chegou a tempo de vê-los, e mencionando a honra de estarem presentes da noite especial após 20 anos da saída do Max. Acabaram por volta de 21h.

Por volta de 21h30m entraram os americanos do Incite, grupo formado por Richie Cavalera (vocal), “Dru Tang” Rome (guitarra), Christopher “EL” (baixo) e Lennon Lopez (bateria). A banda executou um thrash com elementos modernos. Richie parecia muito feliz no palco, afinal era a primeira vez de sua banda no Brasil. Cheio de energia, se comunicou bastante com o público, falando em português, ‘aqui minha família’, ‘Brasil belo’, e continuou em inglês, falando que aquela era uma noite histórica, pois 20 anos atrás houve o que ele chamou de ‘fim do Sepultura’ (em que ouvi alguns sonoros ‘não’). Também disse que era como um renascimento de Max e Iggor, algo para celebrar, e disse para erguerem o dedo do meio para aqueles que não gostam do ‘Roots’. Encerraram o show por volta de 22hs.

No dado momento, o Tropical Butantã já estava bem cheio, gerando grande expectativa nos presentes. Enquanto isso, roadies passavam o som dos instrumentos. Encheram o palco de fumaça, dificultando a visão do pano de fundo temático do Roots. Mais ou menos às 22h30m, uma pequena intro começou a rolar nos PA’s, levando o público à euforia, até que os músicos entraram entoando “Roots Bloody Roots”. Era impressionante a reação da plateia, todos queriam ir para perto do palco. A galera pulava com muita energia, junto com Max Cavalera.

Max tocou a intro de berimbal, preparando o pessoal para “Attitude”. Apartir desta música, percebeu-se um timbre diferente na caixa de Iggor Cavalera, mais encorpado, grave e com um efeito interessante de reverb. Aliás, Iggor fez arranjos diferentes e bem interessantes em todas as músicas. Marc Rizzo (guitarra) e Tony Campos (baixo) pareciam satisfeitos no palco, participando do solene momento. Apesar de soltar rasgados e guturais poderosos, Max parecia estar poupando sua garganta em algumas partes de músicas. Talvez seja por ter se desgastado durante a primeira tour do ‘Roots’.

As músicas na ordem do disco deram um ar nostálgico, mas ao mesmo tempo diferente pelos detalhes de arranjos. Executaram “Cut-Throat”, “Ratamahatta” as quais animaram e muito o pessoal. Ao final, Max estava animado com o público e pediu pra baterem palmas em “Breed Apart”. Energizado pela plateia, o frontman gritou “Pqp” e anunciando “Straighthate”, disse que está se tratava da “ música do ódio”. Em “Spit”, Max chamou a galera para fazer o chamado “wall of death”, momento fantástico do show. Voltando à calmaria, “Lookaway” começou com arranjos diferentes em sua intro, e ao final um momento percussivo de Iggor Cavalera.

“Dusted” e “Born Stubborn” empolgaram a galera que acabou fazendo rodas na pista. Aliás, não houve uma música em geral que não fosse acolhida por uma plateia ávida em tantos anos para ouvir estes sons novamente com os cabeças da formação clássica da banda. Ao anunciar “Itsári”, os músicos deixaram o palco, ficando apenas Iggor tocando junto com o playback dos índios, mais um de seus grandes momentos percussivos. Em “Ambush” e “Endangered Species”, houveram mais arranjos com influências tribais e efeitos diferentes, uma espécie de releitura bem interessante.

Ao anunciar “Dictatorshit”, Max intimou o público para abrir a roda. E foi algo lindo de se ver. Após esta música, os músicos saíram do palco, voltando apenas Max e Iggor para o chamado “momento garagem” como Max disse. Max perguntou o que o pessoal gostaria de ouvir, e foram tocando trechos de músicas do  Slayer – “Reign In Blood” –, Sepultura – “Beneath The Remains” e “Desperate Cry” –, Motorhead – “Orgasmatron” –, Black Sabbath – “War Pigs” –, Titãs – “Polícia” – e finalmente, com Marc Rizzo e Toni Costa de volta ao palco, executaram “Procreation (Of The Wicked)”, o cover do Celtic Frost que simplesmente não poderia faltar, um dos melhores momentos do show.

Como se não bastasse, João Kombi, guitarra e vocal da banda de grind Test subiu ao palco para uma jam com Max no clássico “Ace Of Spades” do Motorhead, em uma versão com direito a pogo no palco e muitos guturais/rasgados. Finalizando a noite, tocaram novamente “Roots Bloody Roots” em uma versão mais rápida estilo “Antichrist”, com Vania Cavalera, mãe de Max e Iggor, no palco prestigiando e distribuindo simpatia a todos. E desta forma acabou a noite nostálgica em São Paulo. Agradecimentos a Damaris Hoffmann e equipe Honorsounds pelo credenciamento de nossa equipe e produção do evento.

 

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