Hell In Rio – 06-11-2016 – Rio de Janeiro (Terreirão do Samba)

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Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por André Luiz

Ao contrário do ocorrido no primeiro dia, quando a chuva intensa castigou e complicou a vida daqueles que foram ao Terreirão do Samba acompanhar o festival Hell in Rio, o tempo se manteve limpo facilitando a vida dos cariocas, algo que provavelmente contribuiu para que o público fosse nitidamente melhor do que no dia anterior.

Se na abertura do festival o público pôde testemunhar grandes shows de nomes consagrados e emergentes, casos de Sepultura e Hibria, no fechamento do festival não foi diferente. Só que dessa vez os responsáveis por alguns dos melhores momentos do dia foram nomes relativamente novos na cena como os cariocas do Hatefulmurder e os paulistas do Project 46, além de nomes consagrados como Korzus e Velhas Virgens que raramente aportam por essas bandas. Infelizmente, problemas com o som se fizeram presentes durante todo o dia e atrasaram as trocas de palco, o que por sua vez atrasou o cronograma do dia e os shows terminaram algumas horas além do horário previsto – nada que afastasse a empolgação do público.

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Hatefulmurder
Quando a banda local Hatefulmurder entrou em cena com pontualidade britânica, um bom público já se encontrava circulando pelas dependências do Terreirão do Samba e pôde acompanhar o melhor show de bandas novatas do festival. Há um ano com uma nova formação desde a entrada da vocalista Angélica Burns na banda, o Hatefulmurder demonstrou grande entrosamento e fez uma apresentação excelente. A banda, velha conhecida no cenário carioca, atualmente se encontra gravando o primeiro álbum com a nova vocalista e apresentou aos cariocas temas de várias fases de sua carreira, com destaque para a excelente “My Battle”, música nova que ganhou um clipe excelente e que caiu no gosto do público. 

Eros
Em seguida foi a vez dos veteranos do Eros, banda que recentemente voltou à ativa após quase 22 anos de hiato. Com um som que tem os dois pés fortemente fincado no thrash metal dos anos 80, fez um show divertido durante o qual apresentou seu som para uma plateia cuja maioria sequer havia ouvido falar da banda. Se tratando de um recomeço, a banda não poderia ter torcido por um desfecho melhor.

John Wayne
Quando os paulistas do John Wayne subiram ao palco do Terreirão do Samba, um bom número de pessoas já se encontrava no local. Em condições normais, seria a situação ideal para um show em festival. Mas, infelizmente, a banda sofreu com problemas no som durante toda a sua apresentação, com o vocal bastante alto, sobrepondo-se aos demais instrumentos. Mas ainda assim, a banda conseguiu mostrar coisas interessantes de seu EP debut e dos full lenghts ‘Tempestade’ de 2012 e ‘Dois Lados – parte I’ de 2015, como a boa música que dá nome ao álbum de 2012. 

Project 46
O Project 46 vem se estabelecendo cada vez mais como um dos nomes mais interessantes no cenário nacional. A banda que nos últimos tempos tem realizado apresentações importantes em festivais como o Rock In Rio (ao lado do John Wayne) e também no Monsters Of Rock, era um dos shows mais aguardados do Hell In Rio. Mesmo lidando com problemas no som – a exemplo do ocorrido com John Wayne –, o grupo recompensou os cariocas com uma apresentação avassaladora, na qual obteve uma das melhores respostas por parte do público em todo o festival. Músicas como “Erro +55”, “Violência Gratuita” e a sensacional “Foda-se (Se Depender de Nós)”, responsável por duas rodas gigantescas na frente do palco, demonstraram a força do som do grupo. 

Velhas Virgens
Após o show excelente do Project46, era chegado um dos momentos mais esperados da noite. A banda independente mais bem-sucedida do Brasil, as Velhas Virgens, aportou no Rio de Janeiro para comemorar no Hell In Rio os 30 anos de estrada. Quem é daqui, sabe que apresentações do Velhas Virgens na cidade são extremamente raras, logo, a banda encontrou um público sedento e ansioso por reencontrá-los. Com o seu rock tradicional e repleto de letras de duplo sentido, um show do Velhas Virgens é, além de tudo, também uma experiência visual, muito em virtude da atuação da dupla de vocalistas formada por Paulão de Carvalho e Juliana Kosso. Com uma performance da dupla que em muitos momentos arranca risadas do público presente, o Velhas Virgens desfilou alguns de seus clássicos como “Siririca Baby”, “Abre Essas Pernas”, “O Que é que a Gente Quer?” e muitos outros no palco do Terreirão do Samba, fazendo a plateia cantar a plenos pulmões músicas repletas de sacanagem. 

Korzus
Um dos maiores nomes do thrash metal nacional em todos os tempos, o Korzus, assim como o Velhas Virgens, é presença rara nos palcos da cidade, mas sempre que dão as caras por aqui, Marcelo Pompeu e companhia fazem aquele tipo de apresentação que não deixa dúvidas do porquê o trabalho do grupo ser considerado tão influente. Espécie de bussola moral do metal nacional e na ativa há 33 anos, a banda paulista pavimentou a estrada demonstrando o caminho para várias gerações e, mais importante, continua criando material excelente. Para o Hell In Rio, a banda se apoiou no material mais recente, como o caso da excelente “Guilty Silence”, a primeira das 4 do álbum ‘Ties Of Blood’ (2004) que seriam tocadas durante o show. Do trabalho mais recente, ‘Legion’, lançado em 2014, apareceram “Bleeding Pride”, a faixa título e “Vampiro”. Mas foi em “Correria”, espécie de clássico contemporâneo da banda que a coisa ficou séria e a plateia veio abaixo. Durante pouco mais de uma hora o Korzus fez o melhor show do festival e mostrou porque é uma verdadeira instituição do metal nacional. 

Matanza
Inicialmente programado como o headliner e encarregado de fechar o festival, durante os dias já no Terreirão do Samba os fãs foram pegos de surpresa com o anúncio de que o Matanza e o Angra haviam resolvido inverter a posição de seus shows. Para o Matanza, algo excelente. Para o Angra, nem tanto. Assim como o Hibria na noite anterior, o Matanza é uma banda que sempre arrasta bastante público – seus shows no Circo Voador costumam ficarem entupidos – e dessa vez não foi diferente, o que acabou contribuindo para a visível melhora no número de presentes no segundo dia do festival. Com relação ao show em si, o Matanza passou o trator e maltratou os tímpanos do público carioca ao tocar 24 músicas em pouco mais de uma hora e dez minutos de show. E não faltaram clássicos como “O Chamado do Bar”, “Arte do Insulto”, “Bom É Quando Faz Mal”, “Pé Na Porta, Soco Na Cara”, entre muitas outras em uma das melhores apresentações do festival. 

Angra
Encarregada de – no apagar das luzes –fechar o festival, o Angra não fez feio. Atualmente em turnê para comemorar os 20 anos do clássico Holy Land, dessa vez, por razões óbvias, a banda foi obrigada a mexer no set list e não executou um de seus álbuns mais famosos na íntegra, como havia feito no último mês de agosto no Vivo Rio. Ao invés disso, a banda apostou em um repertório variado, no qual mostrou coisas mais antigas como “Time”, do primeiro álbum ‘Angels Cry’, como também músicas da fase mais nova já com o vocalista Fabio Lione, caso de “Newborn Me”, do álbum ‘Secret Garden’ lançado em 2015. Caminhando para o final do show tivemos as inevitáveis “Rebirth” e “Nova Era”. Quando os últimos acordes desta soaram e as luzes começaram a se apagar, muitos fãs começaram a se dirigir para a saída em uma tentativa desesperada de tentar amenizar as dificuldades no retorno para casa. Mas uma boa parte dos fãs decidiu não arredar o pé e, aos berros, praticamente exigiu que a banda retornasse para o palco. Pedido feito, pedido atendido. O grupo voltou e trouxe a tiracolo o mestre de cerimônias e músico Bruno Sutter, o qual cantou o clássico “Carry On” com a banda. Vale ressaltar que essa música estava há um tempo fora dos set lists da banda. Um fim excelente para um grande fim de semana de rock na Cidade Maravilhosa. Agradecimentos à THC pela produção do evento, Isabele Miranda e Costábile Jr. pelo credenciamento de nossa equipe.

 

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