Texto por Juliana Novo – Fotos por Aline Narduci (Heavy World) – Edição por André Luiz
A banda norueguesa de Avant-garde Metal Arcturus se apresentou pela primeira vez no Brasil, fazendo um único show em São Paulo. O grupo estava desde 2005 sem gravar um novo álbum, e feito uma pausa na carreira em 2007, felizmente voltando à ativa em 2011 e lançando em 2015 ‘The Arcturian Sign’, um dos álbuns mais experimentais de sua carreira.
Os portões do Hangar 110 demoraram a se abrir, formando uma fila considerável na frente do local, sendo aberto em torno de 20h15m. Enquanto as pessoas preenchiam o espaço do lugar, notava-se um público um pouco diverso, acredito ser pelo caráter experimental da banda.
Os noruegueses adentraram o palco às 21h20m, começando calmamente com “Evacuation Code Deciphered”, do ‘Sideshow Simphonies’, seguida por “Ad Absurdum” do ‘The Sham Mirrors’, durante a qual Simen “ICS Vortex” Hestnæs (ex-Dimmu Borgir, Borknagar) faz vocalizes com agudos insanos, sendo ajudado pelo público. “Painting My Horror” do ‘La Masquerade Infernale’ impressionou, destacando-se as linhas de teclado de Steinar “Sverd” Johnsen (Kovenant), soturnas e ao mesmo tempo melodiosas. O guitarrista Knut Magne Valle demonstrou carisma, embalado em seus riffs viajantes e solos muito bem encaixados.
E então chegou o momento de “Crashland”, uma das melhores músicas do último álbum. A voz de ICS Vortex estava ótima durante a apresentação, e brilhou principalmente nessa música, na qual faz alguns vocais com influência oriental. A única coisa estranha a meu ver foi o exagerado efeito de delay de seu vocal em algumas partes, tirando um pouco da naturalidade. Continuando no clima do novo álbum, a faixa título “The Arcturian Sign” foi muito bem executada, com Hellhammer (Mayhem, Kovenant) esmerilhando seu kit de bateria em algumas partes como uma metralhadora. Estranho vê-lo sem sua máscara habitual.
“Shipwrecked Frontier Pioneer” do ‘Sideshow Symphonies’ manteve a animação do público, com os agudos loucos de Vortex, a bateria bombástica de Hellhammer e alternando com momentos de calmaria. “Chaos Path” do ‘La Masquerade Infernale’ foi interessante de se ouvir, com os vocais em estilo oriental de ICS Vortex. Foi o momento da viajante “Demon Painter”, do álbum ‘Sideshow Symphonies’, um dos pontos altos do show, destacando-se o trabalho de guitarra de Knut Magne Valle – que me lembrou um pouco o David Gilmor quando jovem – e o solo insano de teclado de Sverd.
Seguiram maravilhosamente com a “Master Of Disguise” e mais um clássico, “Nocturnal Vision Revisited”. É incrível a junção de tantos elementos interessantes e mudanças de andamento, que acabam combinando entre si. O baixista Hugh Mingay conferia linhas de baixo impecáveis. Dava para notar que eles estavam sentindo prazer em tocar músicas com tantos elementos distintos. Vortex esbanjou simpatia com o público e seus colegas de banda. Agradeceu a platéia, sendo ovacionado.
Mais um ponto alto com a mais old school da noite, “To Thou Who Dwellest In The Night”, do ‘Aspera Hiems Symfonia’, evidenciando os rasgados de Vortex, as marteladas de Hellhammer, e nas partes calmas mais uma vez o belo trabalho de Knut Magne Valle. E do mesmo álbum, a perfeita “Raudt Og Svart” complementou o momento no qual o público se deliciava com a banda e não queria que acabasse. Encerraram o show com mais outra pérola do Arcturian Sign, “Game Over”, terminando o show às 22h40m.
Os noruegueses saíram do palco visivelmente satisfeitos, cumprimentando o público em volta do palco. Foi um show inesquecível, e com certeza devem voltar em breve a estas terras. Agradecimentos a Cronos Produções pelo credenciamento de nossa equipe na cobertura do evento.