Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Allan Barata – Edição por André Luiz
Quem esteve nos últimos shows que o Exodus fez no Brasil em outubro de 2014, deve se lembrar que a banda não apresentou nenhuma música do CD ‘Blood In, Blood Out’, que marcou o retorno do vocalista Steve “Zetro” Souza e seria lançado naquele mesmo mês de outubro. O vocalista explicou que preferiram focar o setlist no material antigo, mas que estariam de volta dentro de um ano para apresentar aos brasileiros o novo show. Errou por pouco, mas o Exodus cumpriu a promessa e nesse mês de janeiro realizou a sua turnê mais ambiciosa no Brasil, passando por sete cidades.
E o Rio de Janeiro foi a última cidade a receber a lenda do thrash metal. Infelizmente, devido a compromissos prévios nos EUA com o NAMM, o guitarrista Gary Holt não pôde vir à América do Sul. Para o seu lugar, a banda recrutou o excelente guitarrista Krager Lum, companheiro de Lee Altus no Heathen e que nos últimos anos se acostumou a substituir Gary sempre que os compromissos com o Slayer impediam o mesmo de estar com o grupo.
A abertura da noite ficou a cargo dos paulistas do Test. Em setembro de 2014, tive a oportunidade de ver os caras ao vivo seguidamente em um espaço de duas semanas. Na primeira, abrindo para o Death To All e na segunda no próprio Circo, ao lado do Krisiun e Cavalera Conspiracy, e imediatamente gostei do som da dupla. Para quem não sabe, o guitarrista e vocalista João Kombi e o baterista Barata viajam o Brasil a bordo de uma Kombi carregando todo o seu equipamento, o que permite que façam shows nos locais mais inusitados. Talvez por causa da chuva, desta vez a dupla teve que fazer as coisas de forma um pouco diferente e usou o palco, ao invés da área externa do Circo Voador. E a banda fez um show excelente, aquecendo o público para o Exodus.
Pouco tempo após o fim da apresentação do Test, quando o público ainda se encontrava disperso pelas imediações do Circo Voador, bebendo cerveja, comprando camisas e CDs das bandas, a introdução de “Black 13” começou a soar no PA do Circo. Foi a senha para os fãs do Exodus correrem para debaixo da lona e darem início à destruição.
Conforme prometido ainda em outubro de 2014, a primeira parte do show foi quase que totalmente dedicada ao excelente ‘Blood In, Blood Out’, último trabalho de estúdio do grupo californiano e humildemente considerado por este escriba como o melhor álbum de 2014, opinião esta, compartilhada no Circo Voador tendo em vista a excelente recepção dos cariocas ao material novo, provando a força do mesmo.
Músicas como as excelentes “Black 13”, “Blood In, Blood Out” (a reação do público à ela com certeza fez Paul Baloff ficar orgulhoso), “Salt The Wound” (que na versão de estúdio teve solo gravado pelo guitarrista Kirk Hammett, que pela primeira vez tocou em um álbum da banda que ajudou a fundar) e a excelente “Body Harvest” (a qual parece ter sido talhada para abrir rodas gigantescas) fizeram o público carioca agitar sem parar desde o começo do show. A banda ainda achou espaço para encaixar as excelentes “And Then There Wer None” e “Children Of A Worthless God” entre o material novo, algo que funcionou muito bem.
Prosseguindo com o show, era hora de descambar para as velharias e se concentrar nos clássicos, conforme anunciado pelo próprio vocalista. E os cariocas não apenas entenderam perfeitamente o que os esperava, como se esforçaram ao máximo para fazer daquela uma noite inesquecível, começando pelo clássico “Metal Command”, que de acordo com Zetro, não costumam tocar com frequência, exceto para os sul americanos, dada a popularidade da canção por aqui.
A destruição seguiu com a atemporal “Piranha”, seguida de “War Is My Sheppard”, do excelente ‘Tempo Of The Damned’, álbum que marcou o retorno do grupo às atividades. Aliás, desse excelente álbum ainda tivemos “Blacklist” e a ótima “Impaler”, espécie de gema escondida no final do álbum, mas que funciona maravilhosamente bem ao vivo.
A banda se retirou brevemente do palco e quando retornou, terminou de maltratar os tímpanos dos presentes com o clássico “Bonded By Blood” e darem o último gás após o fim de “The Toxic Waltz” com um gigantesco wall of death durante “Strike Of The Beast”, transformando a pista do Circo Voador em uma verdadeira praça de guerra.
O show da quinta-feira (28) marcou mais uma noite histórica do Exodus na sua longa relação com a Cidade Maravilhosa, nem mesmo a ausência do guitarrista Gary Holt pareceu incomodar os cariocas. Definitivamente a temporada de shows no Rio de Janeiro começou de forma espetacular. Agradecimentos à Liberation e assessoria do Circo Voador pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe.
Set List Exodus:
Black 13
Blood In, Blood Out
And Then There Were None
Children Of A Worthless God
Deranged
Salt The Wound
Body Harvest
Metal Command
Piranha
War Is My Shepherd
A Lesson In Violence
Blacklist
Impaler
Bonded by Blood
The Toxic Waltz
Strike Of The Beast