Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por André Luiz
Os últimos tempos tem sido repletos de momentos “primeira vez” para o Angra. No domingo, 06, por exemplo, era o primeiro show completo da turnê do álbum Secret Garden no Rio de Janeiro, o primeiro show de Marcelo Barbosa como guitarrista da banda na cidade maravilhosa, o primeiro show do Angra sem Kiko Loureiro por aqui. E de alguma forma tudo isso ficou em segundo plano. A razão para isso é que, assim como aconteceu em São Paulo, o show no Rio de Janeiro foi tratado pela banda como sendo especial e contou com a participação do ex-vocalista do grupo, Edu Falaschi.
Na primeira parte do show a banda apresentou músicas como “Newborn Me” e “Final Light”, do seu mais novo álbum de estúdio, Secret Garden, lançado no começo do ano. Além disso o setlist contou com algumas pérolas do repertório do grupo como as excelentes “Wings Of Reality”, do álbum ‘Fireworks’, além de “Time” e “Make Believe”, grandes sucessos do começo da carreira.
Edu subiu ao palco quando mais da metade do show já havia se passado, convidado pelo guitarrista Rafael Bittencourt após a execução de “Silent Call”, na qual Rafael demonstrou bastante habilidade ao se dividir entre o violão e os vocais. Após um bom solo do baterista Bruno Valverde, finalmente era chegado o momento mais esperado da noite. A banda convida um sorridente Edu Falaschi para subir no palco e era impossível não perceber a alegria estampada no rosto de todos pelo reencontro mais do que esperado.
Falaschi saudou o público, falou sobre a alegria em estar novamente no palco com o Angra, comentando o histórico dele com a banda, a força dos trabalhos que gravaram juntos e agradecendo o apoio dos fãs durante alguns dos momentos mais difíceis de sua vida e carreira, durante os quais ele mesmo chegou a pensar a se retirar dos palcos.
Só que para a alegria dos fãs, Edu estava lá para cantar. E como cantou. Demonstrando estar totalmente recuperado dos problemas com a voz que o levaram a tomar a decisão de deixar o Angra, Falaschi demonstrou estar em excelente forma cantando petardos como “Angels And Demons”, “Heroes Of Sand” e “Spread Your Fire”. Edu se retirou brevemente do palco e a banda executou um excelente cover para “Synchronicity II” do The Police, além do clássico “Holy Land”.
Com Edu já de volta ao palco, alguns dos momentos mais legais do show aconteceram quando ele e o vocalista Fabio Lione dividiram os vocais em faixas como o medley “Carry On/Nova Era”, durante as quais os dois vocalistas interagiram bastante e não demonstraram qualquer tipo de desconforto com a parceria. Pelo contrário, faziam questão de exaltar um ao outro, em um total clima de amizade e descontração. E descontração, aliás, foi o tom da noite. Algo muito legal de se ver, principalmente em se tratando de uma banda em que passou momentos conturbados nos últimos tempos.
A noite chegou ao fim com o clássico “Rebirth”, do álbum que marcou a entrada de Edu Falaschi na banda, além de “Pegasus Fantasy” e também com um cover mais pra lá do que pra cá de “The Number Of The Beast” do Iron Maiden, grande influência na carreira da banda.
O Angra e o Rio de Janeiro tem uma longa relação de sucesso, com o grupo tendo escrito belas páginas de sua história em palcos cariocas, sempre tendo nos fãs o grande combustível para continuar seguindo em frente. Curioso é que, não importa qual a situação, os fãs sempre parecem apoiar o grupo. Prova disso é observar o público que compareceu à Fundição Progresso na chuvosa noite de domingo. A maioria esmagadora era formada por jovens que talvez não tenham visto nem a fase com Edu Falaschi, mas estavam lá (muitos ainda acompanhados por seus responsáveis de tão jovens que eram), cantando todas as músicas e agitando do começo ao fim. Em um momento no qual os planos para 2016 ainda não estão totalmente definidos – de acordo com os próprios integrantes – esse tipo de demonstração de carinho e lealdade por parte dos fãs demonstram que não importa o que acontecer, a capacidade do Angra de se renovar e reinventar é apreciada pelos fãs
Set List Angra:
Newborn Me
Nothing To Say
Final Light
Wings Of Reality
Time
Storm Of Emotions
Waiting Silence
Make Believe
Silent Call (Rafael Bittencourt – voz e violão)
Drum Solo
Angels And Demons (Eduardo Falaschi nos vocais)
Heroes Of Sand (Eduardo Falaschi nos vocais)
Spread Your Fire (Eduardo Falaschi nos vocais)
Synchronicity II (The Police cover – Lione e Bittencourt nos vocais)
Holy Land
Unfinished Allegro
Carry On / Nova Era (Lione e Falaschi nos vocais)
Rebirth (Falaschi e Lione nos vocais)
Pegasus Fantasy (com Eduardo Falaschi)
The Number Of The Beast (Lione e Falaschi nos vocais)
Na abertura tivemos as apresentações dos curitibanos do DevilSin e dos paulistas do República – a essa altura já íntimos do público carioca.
Se o DevilSin sofreu com problemas técnicos que prejudicaram bastante a sua apresentação, conseguiram compensar com bastante entusiasmo e boa dose de carisma, principalmente por parte do vocalista Ian Axel Gillies. O simpático e por vezes didático vocalista, soube levar o público, que ignorou os problemas e agitou em músicas como “Dogs of War”.
Em seguida foi a vez do República subir ao palco da Fundição Progresso pela terceira vez no Rio de Janeiro somente este ano. Além de músicas já conhecidas do público como “Time To Pay” e “Goodbeye Asshole”, o grupo também aproveitou a apresentação para divulgar músicas de seu novo álbum (“Stand Your Ground”, “Intimacy of My Soul” e “The Maze”) que está em fase de gravação e, segundo o vocalista Léo Belling, deve ser lançado entre maio e junho do ano que vem. Houve ainda tempo para um cover de “Slither”, do Velvet Revolver, dedicada ao vocalista Scott Weiland, que faleceu na semana passada.
Confira abaixo álbum completo com imagens exclusivas da noite. Agradecimentos especiais à Fundição Progresso.