Não existe um catalisador de sentimentos mais poderoso que a música, a partir desta máxima, cada artista cunha seu molde, tendo um momento íntimo com a criação de tons, acordes e sentimentos. Para alguns, particularidades, para o compositor Angelo Macarius, é a força motriz de uma arte que pretende acertar em cheio o ouvinte de O Andarilho, seu álbum de estreia.
Play! A canção “Tic-Tac” inaugura sua viagem ao presente que precisa revisitar o passado, o ruído toma forma e o som se expande em um arranjo contemporâneo, baseado naquela modernidade que só a inspiração dos tons crus e pastéis dos anos 70 poderia proporcionar, o vocal de Macarius irrompe as barreiras sonoras para avisar que ‘os tempos estão voltando’.
A segunda faixa, “A Feira”, tem início com uma guitarra devastadora, o deleite de um vocal forte e percussão surda, para revisitar o sentimento visceral de abandono que aflige o mundo. Seguimos a audição do álbum com “Abismos”, um singular tributo ao desapego, pontuada por um belo arranjo de cordas e piano.
Na quarta faixa, vamos de encontro a um delicioso blues, que eleva “Argila” ao status de uma bela balada carregada de sentimento. Em seguida, o suingue de “Tudo Torquato” preenche os espaços do silêncio em nome do prazer.
Em “Boi de Osires”, a sexta faixa, Macarius entrega também sua brasilidade em um arranjo rock que promove uma orgia com ritmos nordestinos. Chegamos a sétima música, “Procurando por Deus”, promove um questionador petardo sonoro, promovido pelo combo das pitadas de rock, mpb e reggae. Agora é a vez do som que dá título ao disco, “Andarilho” é um agradável passeio por instrumentos arranjados para soar em conjunto com um tema universal: o amor.
A nona viagem pelo disco nos leva a “Estrada”, pavimentada em seu início pela marcação do baixo e o crescente sonoro de boas vibrações na busca de respostas pela verdade. A derradeira experiência musical no universo deMacarius nos presenteia com “Zaratrusta”, sinta-se transportado para a estadia em algum bar pé sujo, valorizado pelo som da canção encapsulada por um blues em seu formato original, trocando em miúdos, estado bruto e pura poesia.
Ao fim de O Andarilho, guiado pelo som do chiado analógico, se faz necessário dar o stop e acionar novamente o play para curtir novamente um álbum pronto para o mundo, repleto de rock, blues e outros elementos compostos pela mente criativa de Angelo Maccarius.
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