Morrissey – 24-11-2015 – Rio de Janeiro (Metropolitan)

Morissey-RiodeJaneiro-AronyMartins-2015-1Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por André Luiz

Após cancelar os shows que faria no Rio de Janeiro e em São Paulo em novembro de 2013, o cantor inglês Morrissey finalmente retornou ao país para uma série de quatro apresentações em três cidades. À época o cantor citou razões pessoais para adiar as apresentações. Algum tempo depois, em entrevista, Morrissey, revelou que estava lutando contra um câncer não especificado. O vocalista retornou ao país na turnê de divulgação de seu mais recente trabalho de estúdio, o álbum ‘World Peace Is None Of Your Business’, lançado em fevereiro de 2014.

Os cariocas que compareceram em bom número à casa de shows localizada na Barra da Tijuca, presenciaram uma performance repleto de altos e baixos. O ativismo característico de Morrissey – seja ele político ou por seu notório interesse pelos direitos dos animais – por muitas vezes toma as rédeas da apresentação fazendo com que sua música fique em segundo plano. Fato é que o cantor sempre foi assim e não será agora aos 56 anos que mudará. Para aqueles que já estão familiarizados e têm seu pensamento mais ou menos alinhados com os do cantor, pode-se considerar que o concerto foi um prato cheio. Para quem não liga tanto para esse tipo de coisa e estava mais lá pela música, a apresentação em muitos momentos ganhou ares maçantes.

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Pontualmente às 22h, o cantor e sua banda subiram ao palco para dar inicio ao show com as excelentes “Suedehead” e “Alma Matters”, as quais fizeram o público esquentar e entrar no clima. “This Charming Man”, a primeira do Smiths a ser tocada na noite, teve efeito imediato nos cariocas. A apresentação seguiu com temas como “You Have Killed Me”, “Speedway” e “Ganglord”, que evidenciam o desprezo do cantor por figuras de autoridade, da Rainha Britânica à polícia. “How Soon Is Now”, do Smiths, “Kiss Me A Lot” e “Istambul” restabelecem à conexão entre artista e público, que  participou cantando-as com entusiasmo. Na sequência “Mama Lay Softly on the Riverbed”,  “One of Our Own” e “Earth Is the Loneliest Planet” evidenciaram a força da carreira solo do cantor, porém provocou reações tímidas por parte da plateia.

A parte final do show contou com alguns dos momentos mais esperados da apresentação, como em “Meat Is Murderer”, clássico do The Smiths, durante a qual imagens perturbadoras de animais sendo abatidos dentre outras crueldades foram exibidas no telão a título de instigar repulsa nas pessoas e fazê-las repensarem suas preferências em termos de comida. Todavia ao apresentar sua opinião de maneira tão contundente, o artista não deixou muito espaço para o debate, provocando reações dos mais variados tipos nos fãs: muitas pessoas choraram copiosamente, outras inclusive passaram mal e eu simplesmente escolhi não assistir o que se passava durante a projeção (ainda que respeite a sua opção de fazê-lo), afinal de contas não tenho nenhum tipo de ingenuidade com relação as minhas escolhas alimentares e não me interesso por esse tipo de visão tão alarmista.

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Passado o “show de horrores”, a apresentação prosseguiu de maneira bastante agradável com “Everyday Is Like Sunday” e “What She Said”. A banda fez uma breve pausa e ao retornar para o bis, tocaram mais três músicas, “I’m Throwing My Arms Around Paris” acrescentada ao setlist por motivos óbvios em luz dos acontecimentos recentes, além de “First Of The Gang To Die” – durante a qual um fã invadiu o palco, correu até o cantor e quase o derrubou na ânsia de um contato com o ídolo, fato que deixou Moz visivelmente consternado – e “The Queen Is Dead”, mais uma do Smiths em que a questão política voltou a tona.

Foram quase duas horas de show, durante as quais os cariocas puderam ver um dos grandes nomes da história recente do rock não ficar preso a um passado de sucesso, incrivelmente honesto com relação a suas opiniões, crenças e sentimentos e que cativou o público de várias gerações com uma boa dose de carisma e competência. Agradecimentos à T4F pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe.

Set List Morrissey:
Suedehead
Alma Matters
This Charming Man (The Smiths song)
You Have Killed Me
Speedway
Ganglord
World Peace Is None Of Your Business
How Soon Is Now? (The Smiths song)
Kiss Me A Lot
Istanbul
Mama Lay Softly On The Riverbed
One Of Our Own
Earth Is The Loneliest Planet
The Bullfighter Dies
The World Is Full Of Crashing Bores
Oboe Concerto
Meat Is Murder (The Smiths song)
Everyday Is Like Sunday
What She Said (The Smiths song)

I’m Throwing My Arms Around Paris
First Of The Gang To Die
The Queen Is Dead (The Smiths song)

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