Texto por Clayton Franco – Fotos por Thiago Almeida – Edição por André Luiz
Domingo, dia de descansar com a família, curtir um bom futebol, churrasco e samba. Opa, vamos com calma. Não para os fãs de heavy metal. Futebol e churrasco até vai, mas para fechar a noite com chave de ouro nada como uma aula de heavy metal proporcionada pelo UDO em sua recente passagem pelo Brasil que teve uma parada na capital paulista no domingo (15). Para aqueles que esperavam clássicos do metal um atrás do outro, tiveram um verdadeiro deleite com o show realizado na tradicional casa Via Marquês, com direito ao Blitzkrieg e uma banda “surpresa” incluída no cast uma semana antes do evento.
A casa abriu por volta das 16h30m ainda rolando a passagem de show com o palco coberto por cortinas. As 17h teve início a primeira apresentação que pegou muitos dos presentes de surpresa (inclusive este repórter). Para os que acharam que o evento iniciaria com Blitzkrieg estranharam quando um outro vocalista entrou no palco com os integrantes do Blitkrieg para iniciar o show. Qual não foi a surpresa ao ver que este vocalista era nada mais que Jess Cox, vocalista fundador do Tygers Of Pang Tang. Embora tenha sido divulgado via Facebook, o show não constava nos flyers de divulgação iniciais, tendo sido incluído algumas semanas antes do evento. Tanto que Jess não estava com seus músicos de apoio. O grupo que o acompanhou na noite foi o próprio Blitkrieg em um show que podemos descrever com uma rápida jam. Cantando clássicos como “Euthanasia” e “Fireclown” o show se concentrou nas mais conhecidas canções do álbum Wild Cat, debute do Tygers nos anos 80. Tivemos ainda a execução de “Rock’N’Roll Man” antes de finalizar seu set com “Suzie Smiled”. Com apenas quatro canções executadas, Jess Cox brindou com um aperitivo a todos os presentes para os shows do Tygers Of Pang Tang agendados para o próximo ano.
Set List Jess Cox:
Euthanasia
Fireclown
Rock’N’Roll Man
Suzie Smiled
Dez minutos depois, toda a trupe estava de volta ao palco, porém desta vez com Brian Ross assumindo os vocais. Para os que não conhecem, Blitzkrieg é um dos mais cultuados grupos da NWOBHM. Com mais de 35 anos de carreira, passou por diversas formações e hoje temos apenas Brian Ross remanescente da formação original do grupo. Em um show comemorando os 30 anos do disco ‘A Time Of Changes’ (segundo disco do grupo e o mais conhecido de toda sua carreira), o show abriu com a instrumental “Ragnarok” emendada com “Inferno”. Os fãs presentes foram a loucura, assim como na execução de “Dark City” e “Armageddon”. Essa trinca de clássicos iniciais fez a pista do Via Marquês ferver, e todos cantarem os refrãos juntos. Brian também lidera outra banda chamada Satan (que inclusive teve uma passagem recente pelo Brasil) da qual executaram “Pull The Trigger”. Mas a noite era do Blitzkrieg mesmo, com clássicos como “Hell To Pay” e “A Time Of Changes” sendo apresentados na sequência.
A dupla de guitarristas formada por Ken Johnson e Alan Ross (filho do Brian) se mostra completamente unida em canções como “Saviour”. Em músicas mais recentes como “Back From Hell” (faixa título do último álbum do grupo lançado em 2013) e “Sahara” (do mesmo álbum), podemos ver o entrosamento da cozinha formada por Bill Baxter no baixo e Matt Graham comandando as baquetas. Já Brian Ross é um verdadeiro show man. Sempre correndo pelo palco, ovacionado pela plateia e convocando os presentes a participarem, agitou durante todo o show. Nos refrões pedia palmas e conclamava o público a cantarem junto. Com a canção “V” aproveitou para apresentar os músicos do grupo, e logo em seguida tivemos “Nocturnal Vision”. Com o tempo do Blitzkrieg sobre o palco se findando, tivemos “Buried Alive” cantado em uníssono e o clássico oitentista “Blitzkrieg” que literalmente levou o Via Marquês abaixo e encerrou o set após uma hora da verdadeira e saudosa NWOBHM sob o palco.
Set List Blitzkrieg:
Inferno
Dark City
Armageddon
Pull The Trigger
Hell To Pay
A Time Of Changes
Saviour
Back From Hell
Sahara
V
Nocturnal Vision
Buried Alive
Blitzkrieg
As 19h30m as luzes do palco novamente se apagaram, e com o som de uma sirene ao fundo, a trupe que acompanha Udo Dirkschneider entrou no palco, já nos primeiros acordes o frontman subiu ao palco sob gritos de todos presentes. Começava o principal show da noite e uma aula de heavy metal com “Speeder”, canção de seu último trabalho lançado em 2015. Sem dar tempo para o povo respirar já emendaram “Blitz Of Lightning” e “King Of Mean”. Após a trinca inicial, o baixinho fez uma parada para cumprimentar o público e dizer o quanto estava feliz por retornar ao Brasil e a São Paulo, local em que sempre foi bem recebido. Mas sem muita conversa já anunciou “Decadent”, faixa título do seu último trabalho de estúdio, emendada com um dos seus maiores clássicos, “Independence Day”. A dupla de guitarristas formada por Andrey Smirnov e por Kasperi Heikkinen se mostrou extremamente simpática. Correndo pelo palco, acenando para o público, e entre caras e bocas, fazendo solos em duo no palco e animando a toda galera que acompanhava o show.
Continuando a noite com clássicos, relembrando seu primeiro trabalho solo (‘Animal House’ lançado em 1987) tivemos “Black Widow”, e sem deixar o agito diminuir emendaram com “Never Cross My Way” e “They Want War” que literalmente foi acompanhada por todo o público a plenos pulmões. Entre canções antigas e petardos recentes, tivemos “Under Your Skin” (do recente álbum), e mais uma do debut de 1987, “In The Darkness”. A cozinha se manteve firme, marcando o ritmo das canções, e Fitty Wienhold que acompanha o Udo desde 1997 se mostra extremamente entrosado com o baterista Sven Dirkschneider, filho do “homem” que entrou na banda este ano. Tal entrosamento se mostra extremamente funcional e empolgante em canções como “Secrets In Paradise” e “Faceless World”. O baixinho de voz poderosa questionou o público perguntando “Are you ready for Pain?” e sobre os gritos de “yes” respondido pelos presentes, tivemos “Pain” do último disco emendada com “Untouchable”. Com o show encaminhando para o seu final, executaram o clássico absoluto “Animal House” cantada em uníssono e “Metal Machine” que encerrou a primeira parte do show de forma magistral.
Poucos minutos depois, Harrison Young (tecladista do grupo e que também toca com a Doro) retornou ao palco com a intro de “Metal Heart” que praticamente explodiu como uma bomba na galera fazendo todos gritarem. Udo retornou ao palco com uma das canções mais conhecidas de sua antiga banda Accept, de forma magistral e ensurdecedora, todo o público cantou junto em um belíssimo momento do show. Perguntando se os presentes queriam mais, tivemos “Fast As A Shark” novamente acompanhada aos gritos pelo público que foi ao delírio, e o encerrando com o clássico absoluto “Balls To The Wall” durante o qual a galera praticamente encobriu a voz do baixinho tamanha a comoção que a canção gerou.
Era para ser o final do show, a última canção, mas ninguém arredou o pé do Via Marquês e gritavam por “Princess Of The Dawn”. Udo visivelmente emocionado, atendeu aos apelos de seus fãs e executou a canção que não estava prevista no set list. Com a sensação do dever cumprido o grupo deixou o palco e aos poucos a galera foi deixando o local com a sensação de ter presenciado a uma verdadeira aula de Heavy Metal comandada por um dos maiores frontman da história do Metal. Deixo aqui meus agradecimentos finais à Open The Road Agency por ter trazido mais uma tour maravilhosa para o Brasil e a X-PressOn na pessoa de André Smirnoff pelo credenciamento de nossa equipe.
Set List UDO:
Speeder
Blitz Of Lightning
King Of Mean
Decadent
Independence Day
Black Widow
Never Cross My Way
They Want War
Under Your Skin
In The Darkness
Secrets In Paradise
Faceless World
Pain
Untouchable
Animal House
Metal Machine
Metal Heart
Fast As A Shark
Balls To The Wall
Princess Of The Dawn