Texto por Arony Martins – Fotos por Allan Barata – Edição por Rodrigo Gonçalves e André Luiz
É muito gratificante quando você é surpreendido com situações extremamente positivas. E com toda a certeza a noite do dia 22 de outubro de 2015 ficará marcada como um momento em que fui surpreendido da melhor forma. Confesso que não sou um profundo conhecedor do Catalogo do Muse e somente havia ouvido falar da banda que teve a responsabilidade de abrir os trabalhos, Kita. Todavia o que tivemos de certo foram duas apresentações encorpadas e de um profissionalismo ímpar.
Se a Arena HSBC não ficou lotada, um bom público compareceu às dependências da casa para uma noite memorável seguramente. E com uma bela apresentação a banda carioca Kita aqueceu o público presente desfilando musicas de excelentíssima qualidade. Sem qualquer medo de errar a jovem banda brasileira, mesmo tendo seu ainda curto catálogo na língua inglesa, personifica passos a frente na evolução do rock and roll em uma perspectiva histórica. É possível perceber diversas influências em suas músicas, o que torna o som muito acessível. Contudo a originalidade é marca salutar desse grupo. Músicas como “Nature’s Own Desire”, “Twisted Complicated World” e “You” não somente agradaram o público presente, como deixou esse que vos fala com muita esperança em relação aos caminhos que nosso velho e bom rock and roll possa vir a tomar.
Sensação das mais recentes bandas surgidas nos últimos 10 anos, o Muse já aterrissou em terras brasilis algumas vezes, inclusive tendo se apresentado no festival Rock in Rio na edição de 2013. Todavia em 2014, a banda cancelou a aguardada apresentação que fariam no festival Lollapalooza em São Paulo, por problemas nas cordas vocais do frontman Matthew Bellamy. E em função disso a banda havia anunciado que traria algumas novidades para presentear os fãs brasileiros.
A tour mundial de divulgação do último álbum, ‘Drones’, passou por alguns percalços como na Argentina onde problemas no som fizeram com que o público deixasse o local da apresentação antes do término e mobilizando-se para reivindicar os valores pagos pelos ingressos até mesmo na justiça. Enfim, situações como essa trouxeram uma certa atmosfera de desconfiança para as apresentações no Brasil. Entretanto “problemas” foi uma palavra completamente fora de qualquer menção a referida noite.
Transitando por diversas influências, passando pelo progressivo, hard rock até mesmo pelo eletrônico, o Muse além de ter uma elevada capacidade criativa, apresenta um som pra lá de honesto e original. Foram cinco as canções do novo álbum e já de cara duas abriram a apresentação. “Psycho” e “Reapers” chamaram muito a atenção por uma pegada que lembrou muito o hard rock feito nos anos 70 e 80. Inclusive no caso da última, com uma introdução que nos arremete à introdução de uma famosa canção do Van Halen: “Hot For Teacher”. Não teria qualquer medo de arriscar que a referência para tal composição tenha sido essa, até porque a canção “Hysteria” do álbum ‘Absolution’, teve como música incidental “Back in Black” do AC/DC, e Supermassive Black Hole” veio acompanhada da introdução de “Voodoo Child” da lenda Jimi Hendrix. Mas isso é pura especulação.
Se o show teve momentos altos de rock and roll pesado e visceral, as influências mais eletrônicas que os tornaram mundialmente famosos também estiveram presentes. Canções como “Madness”, “Time Is Running Out” e “Uprising” deram a tônica um pouco mais modernizada para o set list apresentado pela banda. A terceira foi quem finalizou a primeira parte do concerto, inclusive de uma maneira peculiar. Grandes e numerosos balões negros preenchidos com papéis picados foram lançados ao público e em meio à divertida busca pelos mesmos a banda deixava o palco, como diz o dito popular “de fininho”. Mas o show não terminaria ali. A banda ainda voltou para executar “Mercy” e “Knights Of Cydonia”, além de proporcionar um belo visual através de uma linda chuva de papéis picados. Deleite dos fãs presentes que àquela altura já sentiam falta da bela apresentação de seus ídolos.
Ainda sobre o cancelamento da apresentação de 2014, este que vos fala havia lhes dito que os fãs receberiam um presente. E assim a promessa foi cumprida com a execução da canção “Muscle Museum”, que não havia ainda sido tocada na turnê e foi inserida pela primeira vez no repertório para o público brasileiro. Uma atitude pra lá de simpática, tal como foi a interação da banda com o público. Seus integrantes falam muito pouco ao longo da apresentação, todavia a todo momento interagiam fazendo sua audiência vibrar a cada acorde e batida executadas pelos músicos.
O que se viu foi um show de competência e desculpem-me a repetição, profissionalismo. Poucas vezes vi um grupo usar tão bem os recursos áudio visuais como vem fazendo o Muse. Preenchendo muito bem suas apresentações e proporcionando aos presentes um belo trabalho e muito bem produzido de entretenimento. Agradecimentos à T4F pela produção evento e credenciamento de nossa equipe.
Set List Muse:
Psycho
Reapers
Plug In Baby
The Handler
The 2nd Law: Unsustainable
Dead Inside
Interlude
Hysteria
Muscle Museum
Apocalypse Please
Munich Jam
Madness
Supermassive Black Hole
Time Is Running Out
Starlight
Uprising
Mercy
Knights Of Cydonia