Overload Music Fest com Anathema – 05-09-2015 – São Paulo (Via Marquês)

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Texto por Allan Barata – Fotos por Allan Barata – Edição por André Luiz

Em mês de Rock In Rio só se fala do maior festival de música do Brasil, certo? Completamente errado. Em sua segunda edição, o Overload Music Fest chegou arrebatando São Paulo – 2 dias, 8 bandas, 9 apresentações, além de cast parcial em BH e RJ. O dia 5 de Setembro recebeu um público ávido por Riverside e Anathema, principalmente, porém sem deixar The Reign Of Kindo, Andy McKee e Novembers Doom – com set acústico – de lado.

A previsão de abertura da Via Marquês era às 15h – e que foi estrategicamente atrasada para que chegassem mais fãs -, ocorrência atípica entre os headbangers paulistas que sempre chegam bem cedo e em ótimo número. Alguns relatos entre as mulheres mostraram uma certa rigorosidade exagerada na revista – remédios, desodorantes e até anticoncepcionais foram barrados  na entrada.

Overload Music Fest - Novembers Doom - set-2015 - SP - por Allan Barata_O6A4299web_wmDeixada essa situação de lado, o foco era nos shows: uma maratona exaustiva, embora recompensadora. A primeira parada era com os americanos do Novembers Doom em um set acústico – o elétrico seria no dia seguinte. Paul Kuhr, vocalista, já havia sido super simpático na chegada à casa e demonstrado amor por caipirinha em sua página oficial do Facebook. Ainda com um público disperso – também por conta do Meet & Greet do Riverside que começara pouco antes -, o Novembers já enfrentou problemas técnicos, de cara: Paul não conseguia fazer seu microfone funcionar logo na primeira música, “Silent Tomorrow”.

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Em seguida foi a vez da guitarra de Larry Roberts não emitir som algum – ambas situações levadas com uma calma e bom humor exemplares pela banda, com direito a Kuhr errar o momento de começar a cantar “Fifth Day Of March” – precisou da “deixa” de Garry Naples. A beleza das letras e melodias de Doom Metal e nos clean vocals graves de Paul se mostrou intensa em “Twilight Innocence” – que fez este repórter que vos fala derramar umas singelas lágrimas ao lembrar de um amor distante – , “Serenity Remembered”, “Autumn Reflection”, “For Every Leaf That Falls”,  entre outras. Aplaudidos (mas nem tanto), eles agradeceram e convocaram o público para o set elétrico no domingo.

Overload Music Fest - Andy McKee - set-2015 - SP - por Allan Barata_O6A4564web_wmHá de se ressaltar a organização do evento na troca das bandas. Rapidez e eficácia. Conforme o cronograma, Andy McKee estava pronto para se apresentar. Carismático do momento em que surgiu em meio às cortinas até se despedir, ele demonstrou com maestria suas incríveis habilidades autodidatas no violão, exibindo suas interpretações de alguns clássicos, como “Africa” do Toto e “Everybody Wants To Rule The World” do Tears For Fears, sem contar faixas de suas inspirações: Don Ross e, o repetidamente citado, Michael Hedges. Andy notou que poucos o conheciam – depois do show de sábado, passaram a conhecer. Fechou seu setlist com um cover dele, “Aerial Boundaries”, imergindo sua alma em cada nota e se expressando como se o próprio Hedges estivesse na platéia.

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Bastante ovacionado, deu lugar aos poloneses do Riverside. E, mesmo com Anathema fechando a sequência, não houve dúvida alguma: fizeram o melhor show do dia – por muito. A genialidade única do frontman Mariusz Duda transpareceu no palco enquanto a banda misturava seu recente álbum, ‘Love, Fear and the Time Machine’ – lançado no dia anterior ao show – com as músicas mais conhecidas e amadas dos aficionados pelo prog metal. Acompanhado pelo crucial Michal Lapaj nos teclados, os dois dão a identidade da banda, sem deixar de lado a importância dos Piotr – Kozieradzki na bateria e Grudzinski na guitarra.

Overload Music Fest - Riverside - set-2015 - SP - por Allan Barata_O6A4731web_wmLost” e “Saturate Me”, do ‘Feel Like Falling’, a épica “The Depth Of Self-Delusion” e a gigantesca “Escalator Shrine” do ‘Shrine Of New Generation Slaves’, além de visitas aos álbuns ‘Anno Domini High Definition’, ‘Rapid Eye Movement’ e ‘Second Life Syndrome’ mudaram bruscamente a atmosfera do festival, deixando estupefatos os que tiveram a enorme sorte de assistir um show impecável – deixando os que não a conheciam com a definitiva certeza de terem encontrado uma banda criativa e de sonoridade singular.

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Ainda no aspecto de sonoridade singular, podemos encaixar o The Reign Of Kindo, atração seguinte na lista. Há quem reclame que Riverside deveria ter tocado logo antes de Anathema; outros reclamaram da grande demora para o início do show – possivelmente justificada pela quantidade de instrumentos usados pelo TROK, incluindo percussão. Facilmente a banda que mais se destacou pela distinção de som: uma mistura agitada de progressivo, jazz e indie com vocais pop, no melhor estilo Adam Levine, de Joey Secchiaroli.

Overload Music Fest - The Reign Of Kindo - set-2015 - SP - por Allan Barata_O6A5217web_wmA alegria durante a apresentação era palpável – músicas do nível de “Impossible World”, “Hold Out” e “The Moments In Between” incendiaram danças e requebrados entre os que foram ao OMF só para vê-los, mesmo vestidos todos de preto. Impossível deixar de mencionar o vigor e brilho de Steven Padin, na bateria, e Geraldo Castillo, na percussão – hipnotizando olhares com cada batida no surdo, hi-hat, cymbal, bongô e atabaque, sempre com um sorriso contagiante estampado em seus rostos. Junto a Danny Pizarro, no teclado, deram uma aula com solos de seus respectivos instrumentos na derradeira “Just Wait”.

Extasiado, cansado, dormente entre uma banda e outra, o público suportava a sede e a fome bravamente, já que a Via Marquês oferecia água a R$ 8,00 e pequenas porções de batatas fritas e sanduíches a R$ 12,00 – desumano, se me permite opinar, para um evento que se iniciou às 15h, com fãs chegando por volta das 11h. Mais um relevante atraso e o Anathema subiu ao palco 1h depois do combinado.

Overload Music Fest - Anathema - set-2015 - SP - por Allan Barata_O6A5545web_wm

Pela segunda vez na capital paulista no mesmo ano, o Anathema já havia feito muitos dali chorarem em Fevereiro, quando se apresentaram em um Clash Club abarrotado. Ainda divulgando seu último álbum, lançado em 2014, ‘Distant Satellites’, a banda desapontou quem resolveu prestigia-los uma segunda vez em 2015: praticamente repetiram o setlist do início do ano, com o corte de algumas faixas e a adição de “A Simple Mistake”. Independente disso, a carga emocional dos shows do Anathema sempre é pesada. Amores desfeitos, perdas de entes queridos, desilusão – é a depressiva constante que a banda proporciona. Para quem estava os vendo pela primeira vez, um deleite. A homônima “Anathema” abrindo e a fantástica “Fragile Dreams” (de um Anathema de outras épocas) fechando, com o meio recheado por “Lost Songs” e “Untouchables”, a gana de Vincent Cavanagh no palco, a participação de John Douglas (que não esteve presente em fevereiro), irmão da vocalista Lee, e o magnetismo de Danny encerraram um primeiro dia surreal, histórico, colossal do Overload Music Fest.

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Com algumas ressalvas – os atrasos atrapalharam a volta para casa de alguns; outros precisaram passar a noite em terminais de ônibus, e o preço abusivo da água e dos únicos alimentos da casa -, a ascensão do festival é inegável. Um cast invejável – que ainda contaria com Mono, Antimatter, Novembers Doom e Paradise Lost no dia seguinte, uma produção excepcional (que ainda ofereceu meet & greet de graça), um som limpo e de alta qualidade, e um preço de ingresso relativamente justo dão todos os indicativos que em pouquíssimo tempo o Overload Music Fest terá muito mais visibilidade e atrairá bandas cada vez maiores – e outras que jamais imaginaríamos que veríamos ao vivo em solo brasileiro. Agradecimentos à Overload pela produção do evento e Costábile Salzano Jr. pelo credenciamento de nossa equipe.

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