Texto por Allan Barata – Fotos por Arony Martins – Edição por André Luiz
Podendo escolher entre uma variedade de bares, casas de festa e até show do Mr. Catra na vizinha Fundição Progresso, o carioca preferiu abarrotar o Circo Voador em uma sexta-feira para ver Biquini Cavadão e Humberto Gessinger – não havia espaço para mais uma pessoa sequer.
Com ambos artistas acumulando 30 anos de carreira, o Circo recebeu um público misto – fato evidenciado quando Bruno Gouveia, vocalista do Biquini, perguntou quem dali tinha menos e mais tempo de vida do que a trajetória da banda. Mesmo com jovens predominando, todos sabiam cantar o repertório que durou 18 músicas e quase 2 horas de show – ledo engano quem achou que seria apenas uma “abertura”. Abertura essa que, na opinião de quem vos fala, foi o ponto alto da noite. O Biquini fez com que, até mesmo quem não é chegado ao pop rock, ficasse maravilhado com a presença de palco e a vibração positiva da banda. Um setlist repleto de clássicos como “Timidez”, “Tédio”, “Múmias” e “Dani” trouxe as pessoas de volta no tempo para a época de ouro do rock nacional.
A marca do Biquini Cavadão foi notada quando Bruno puxou um jovem rapaz ao palco e fez um dueto com ele – terminando com um banho de água mineral no garoto. As peculiaridades não pararam por aí, pois, mesmo com três dias de antecedência, houve uma homenagem ao Dia do Rock – não antes de um discurso de Bruno exaltando a personalidade do estilo e dando uma alfinetada nas configurações atuais de gêneros como sertanejo e funk.
Coelho e Magal alternaram riffs de clássicos da história, passando por AC/DC, Metallica, White Stripes entre outros. O grande espetáculo teve seu ápice no icônico ‘crowd surfing’ de Bruno – a imagem do vocalista sendo carregado por dezenas de mãos enquanto cantava resumiu o sentimento da noite. Para fechar, Bruno relembrou o primeiro show do Biquini Cavadão no Circo Voador, nos primórdios – como, na época, eles não possuíam muitas músicas, abriam com “Tédio” e fechavam com… “Tédio”. A nostalgia se deu por completa ao repetirem o mesmo em 2015.
Sai Biquini, entra Gessinger. Bem, era o que o público esperava. Após quase duas horas de show, o relógio já batia 01h15 da manhã de sábado. A demora para o show seguinte e a escolha de músicas do DJ irritaram bastante o público – vaias e gritos de “começa logo, eu trabalho amanhã!” foram ouvidos repetidas vezes. Pela quantidade de instrumentos usados por Humberto, a demora é justificada – mas a escolha da abertura da casa às 22h, não.
Por volta das 2h, Gessinger subiu ao palco com um macacão cinza e os escritos “Insular” – seu trabalho solo mais recente -, gaita, baixo e dá início a um processo de demonstração de habilidades musicais. Dominando baixo, guitarra, gaita, teclado, Humberto é a definição de músico completo. Isso sem falar da voz que cantou “Bora”, “Insular” e “Ilex Paraguariensis” de sua carreira solo e clássicos do Engenheiros do Hawaii, tal como “Eu Que Não Amo Você”. Uma apresentação formidável de um dos gênios da música brasileira, que terminou altas horas da madrugada.
Biquini e Gessinger, Gessinger e Biquini, tanto faz. Não houve abertura ou atração principal, apenas uma odisseia de três décadas trazida ao Circo Voador pela MPB FM e saboreada por 1.200 fãs que não foram embora nada menos que extasiados. Agradecimentos à Rê Reis da assessoria do Circo Voador pelo credenciamento de nossa equipe.
Confira abaixo álbum de fotos exclusivo e completo da noite: