Texto por Clovis Roman – Fotos por Kenia Cordeiro e Clovis Roman – Edição por André Luiz
Em 2014, o Cavalera Conspiracy reuniu um bom público no Music Hall quando por lá passou. Afinal, era uma oportunidade não tão corriqueira de ver os irmãos Cavalera juntos no palco mandando aqueles sons inesquecíveis que registraram com o Sepultura até meados da década de 90. O show foi enérgico, teve os clássicos e tudo o mais, entretanto, não foi assim tão bom, a ponto de fazer o público sentir vontade de vê-los sempre. Pouco menos de um ano depois, os caras voltaram e foram agendados para uma casa ainda maior, o Vanilla. O público, talvez pela grande demanda de shows, acabou deixando esse pra lá. A casa recebeu cerca de 200 pessoas, público ínfimo para lendas do Metal mundial. Mas há um detalhe: em diversas outras datas por aqui a situação se repetiu, com plateias cheias de espaços vazios.
A noite começou com o Krucipha, que mandou cinco músicas em aproximadamente 20 minutos. O tempo foi mais que suficiente para agitar o público do “gargarejo”, já que muita gente agitou como se fosse a banda principal no palco. Saíram agraciados pela galera, e certamente deixaram uma boa impressão. Nas sequência, após alguma enrolação, o Capadócia, original de Santo André, começou um set também curto, porém mais extenso que o Krucipha. Bom, creio que “Everybody Hates” quando surge uma banda sem aviso prévio e começa a tocar, enquanto você quer mesmo é ver a grande atração da noite. Em todo caso, o grupo fez um show bom, e cover de “Blackened”, do Metallica, foi uma ótima escolha.
Por fim, era chegada a hora do Cavalera Conspiracy. Dessa vez com um desfalque, afinal, Tony Campos não esteve presente, e foi substituído pelo baixista Johny Chow, do Stone Sour – uma perda e tanto. Fechando a equipe, os irmãos contavam com a companhia do grande Marc Rizzo, que é, tecnicamente, o único guitarrista da banda, já que Max utiliza seu instrumento mais como elemento visual do que como um instrumento musical. O fato é que o velho urra e volta e meia faz uns acordes com suas quatro cordas. Sua guitarra tem tantas cordas quando o baixo de Chow, e não é a toa.
A apresentação começou com “Babylonian Pandemonium”, e logo houve uma pane geral que fez com que a luz do palco caísse. A “casa” logo no dia seguinte, tratou de soltar um comunicado jogando a culpa na produção, de maneira pouco cordial e profissional. Do jeito que foi escrita a nota, parece que houve uma guerra nas dependências do Vanilla. Mas foi apenas uma questão técnica, que acabou sendo resolvida após algum tempo. Sendo assim, o grupo voltou ao palco e recomeçou com a mesma “Babylonian Pandemonium”, desta vez tocada até o fim. Após a abertura um tanto morosa, o negócio pegou fogo, afinal “Sanctuary” é uma obra prima, violenta e melodiosa, com solos insanos e versos que grudam na cabeça. Pouco depois, vieram as pedradas “Refuse/Resist” e “Territory”, que mantiveram a galera empolgada.
Ainda houve tempo para mais alguns sons do Sepultura (e uma horrível faixa do Nailbomb) e também do Cavalera Conspiracy. Do álbum novo, pouca coisa: no total, três dele estiveram presentes. Para o final, Max ainda entoou um trecho de “Iron Man” com a platéia antes de tocar “Orgasmatron” (sem os solos). O encerramento definitivo veio com “Roots Bloody Roots”, também do Sepultura.
No final das contas, o resultado foi positivo, pois tivemos boas apresentações, tanto da atração principal quanto das de abertura. Mas fiquei a pensar em uma coisa depois disso tudo. O Sepultura veio pra cá no final de 2014, e pegou um público pequeno, algo que se repetiu nessa noite. Por mais que se fale sem parar de uma reunião de ambas as partes, me parece óbvio que está na hora deles se resolverem e colocar o Sepultura clássico para funcionar novamente. Nem que seja por uma série de shows compostos de hits apenas, sem disco (você realmente quer ouvir novas músicas?). Sim, uma turnê totalmente caça níquel. Faria bem para as finanças de todos eles. E seria fenomenal para o público. Afinal, boa parte do pessoal que vai aos shows atualmente não viu aquela formação clássica no palco (eu mesmo nunca vi). E certamente ninguém reclamaria de esvaziar os bolsos para ver isto acontecer.
Set List Cavalera Conspiracy:
Babylonian Pandemonium
Sanctuary
Terrorize
Refuse/Resist (Sepultura)
Cramunhão
Not Losing the Edge
The Doom of All Fires
Sum of Your Achievements (Nailbomb)
Warlord
Torture
Beneath the Remains / Desperate Cry / Troops of Doom (Sepultura)
Killing Inside
We Who Are Not as Others (Sepultura)
Attitude (Sepultura)
Inflikted
Orgasmatron (Motörhead)
Roots Bloody Roots (Sepultura)