Extreme e Richie Kotzen – 14-06-2015 – Rio de Janeiro (Fundição Progresso)

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Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por Rodrigo Gonçalves e André Luiz

Quando o Extreme veio ao Brasil pela primeira e única vez para se apresentar no festival Hollywood Rock em 1992, boa parte da plateia presente à Fundição Progresso na agradável noite de domingo era jovem demais para se lembrar do show (ou mesmo ter nascido). Àquela época, a banda era um dos grandes nomes da segunda leva do Hard Rock – apesar de a banda refutar o rótulo – e fazia frente aos grupos mais famosos do grunge, que dominavam as rádios e as vendas de discos mundo afora. De lá para cá a banda gravou mais alguns discos, se separou e retomou as atividades em meados da década passada com o lançamento do disco ‘Saudades de Rock’. O que já prometia ser uma grande noite “apenas” com o show do Extreme, ganhou status de imperdível com o anúncio de que Kotzen seria o convidado especial da banda para os shows brasileiros. Richie , um veterano nos palcos brasileiros (se apresentou por aqui em outubro do ano passado), retornou ao país para divulgar seu novo álbum, o recém-lançado ‘Cannibals’, um compêndio de músicas gravadas há bastante tempo mas que nunca chegaram a fazer parte de um dos lançamentos solos do cantor/guitarrista.

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Pontualmente às 20h, Richie Kotzen entrou no palco para dar início ao show diante de uma casa bastante vazia. Mas nada disso pareceu importar para Kotzen. Durante uma hora ele demonstrou porque é considerado um dos melhores músicos da atualidade, se dividindo com maestria entre as tarefas vocais e a habilidade fora do comum na guitarra. O bom gosto do músico deu o tom da apresentação, com músicas como “War Paint”, que abriu o show, “Love Is Blind”, “Bad Situation” e “Cannibals”, música de trabalho do seu novo álbum.

Foi uma apresentação encurtada com relação aos primeiros shows ao lado do Extreme no Brasil, porém não menos impactante. Durante o tempo em que passou sob o palco (chamado pelo próprio de “quente como o inferno”), Kotzen e companhia demonstraram bastante entrosamento nas jams e improvisos em meio às músicas.

Após um pequeno atraso do horário marcado para o começo da apresentação, o Extreme subiu ao palco da Fundição Progresso para alegria dos fãs que clamavam pelo grupo. Do começo fulminante com “Decadence Dance” e “Get The Funk Out”, às excelentes “Li’l Jack Horny” e “When I’m President”, os americanos mostraram que não estavam de brincadeira.

Quando o baterista Kevin Figueiredo e o baixsta Pat Badger deixaram o palco e os roadies apareceram com um violão e dois bancos, foi a senha de que era chegado um dos momentos mais esperados da noite. Após Nuno arranhar algumas palavras em português, o guitarrista logo retornou para o conforto da língua inglesa e explicou que tocariam uma música feita pensando nos fãs. “More Than Words” foi cantada a plenos pulmões por boa parte do público, mas infelizmente teve que competir com a quantidade absurda de pessoas “filmando” com seus telefones celulares.

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O grupo seguiu tocando as músicas de Pornograffitti, com destaque para temas como a faixa título, “When I First Kissed You”, “Suzi (Wants Her What All Day?) e a excelente “Song For Love”, a qual contou com Nuno no piano e uma interpretação magistral de Gary Cherone. O medley “Hole Hearted” com o cover do Queen “Crazy Little Thing Called Love” encerrou a primeira parte da apresentação.

Na volta para o bis, a banda deu uma passeada por outras fases da carreira e tocou músicas como “Take Us Alive” do último disco, “Play With Me” e encerraram em grande nota com “Cupid’s Dead”. A sinergia entre público e banda era tão grande, que após o fim da apresentação, os músicos passaram uns bons minutos confraternizando com os fãs na pista vip, tirando fotos, dando pequenas recordações como paletas (a festa parecia que não tinha hora para acabar).

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Prender a atenção do público com um show de hard rock de mais de duas horas de duração, não é tarefa fácil, mas o Extreme atingiu o objetivo com louvor. A banda impressionou pela coesão, com todos os músicos se destacando, principalmente a linha de frente formada pelo baixista Pat Badger (excelente nos backing vocals), Gary Cherone (que mostrou ser um excelente frontman, além de estar com a voz em dia) e Nuno Bettencourt (um monstro nas bases e solos).

Os 23 anos de ausência dos palcos brasileiros podem ter feito a banda de certa forma cair no esquecimento dos fãs cariocas – reflexo no público bem aquém da capacidade da Fundição – mas isso pouco importou para o quarteto, que deu a vida em cima do palco e entregou uma grande apresentação para o público que compareceu ao show. Foi um fim de semana histórico para os fãs de rock cariocas. Começou com a excelente apresentação do Dr. Sin na sexta-feira e culminou com os grandes shows desse domingo. Curiosamente, duas bandas que fizeram história nas edições de 1992 e 1993, respectivamente, do finado festival Hollywood Rock. Agradecimentos à Free Pass pela produção do evento e Heloisa Vidal pelo credenciamento de nossa equipe.

Set list Extreme:
Decadence Dance
Li’l Jack Horny
When I’m President
Get the Funk Out
More Than Words
Money (In God We Trust)
It (‘s a Monster)
Pornograffitti
When I First Kissed You
Suzi (Wants Her All Day What?)
He-Man Woman Hater
Song for Love
Hole Hearted / Crazy Little Thing Called Love

Warheads
Rest in Peace
Take Us Alive
Am I Ever Gonna Change
Midnight Express
Play with Me
Cupid’s Dead

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4 thoughts on “Extreme e Richie Kotzen – 14-06-2015 – Rio de Janeiro (Fundição Progresso)”

  1. Esse artigo sim está bem de acordo com o que foi o show da EXTREME!
    Eu só não acho que a banda caiu no esquecimento, pelo menos dos fãs realmente, que são muito fiéis e muito seletos…mesmo os que esperaram a 23 anos ou os que se tornaram fãs no meio desse caminho rs. Nós os recebemos com o maior amor e saudade do mundo! O show foi incrível!!!

  2. Olá, Wanessa. Sou o autor do texto. Obrigado pelo comentário. Fico feliz que tenha gostado da matéria.

    Só pra esclarecer, quando digo que caíram no esquecimento, não quis de forma alguma dizer num sentido pejorativo. É só que a banda passou tampo tempo afastada dos palcos que de certa forma algumas pessoas deixaram de prestar atenção, muitos sequer sabiam que eles estavam novamente na ativa. Muitos amigos tiveram essa reação quando comentei que o Extreme havia marcado show no RJ.

    Esse tipo de coisa às vezes afasta o ouvinte ocasional, aquele que nem sempre comparece ao show. Mas sei que isso não reflete o comportamento dos fãs mais ardorosos e que acompanham a banda há mais tempo.

    Abraços,
    Rodrigo Gonçalves

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