Capital Inicial – 30-05-2015 – São Paulo (Citibank Hall)

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Texto por Clayton Franco – Fotos por Rafael Pisciottano (Capital Inicial Flickr) – Edição por André Luiz

O rock nacional ainda está vivo! Foi fácil constatar isso no sábado dia 30, no Citibank Hall em São Paulo, dia este no qual o Capital Inicial fez seu último show no Brasil antes de embarcar para New York (EUA) onde gravarão um novo DVD. Mas por qual motivo, meu caro leitor deve estar pensando, que eu iniciei esta resenha afirmando que o rock nacional ainda vive? Bem, se olharmos o tipo de música produzida em massa e sem qualidade que a mídia teima em nos empurrar, é uma grata surpresa assistir um show de rock nacional com a casa cheia como aconteceu. Em meio a tantos artistas do pop ou sertanejo universitário produzidos para durar uma estação (com apenas um hit de verão), assistir uma banda de rock com mais de 30 anos nas costas fazer um show impecável com um grande número de hits conhecidos (e também com a adição de canções mais obscuras) é sem sombra de dúvidas assistir a história do rock nacional ali, na sua frente. E foi exatamente isso que o Capital nos proporcionou em seu último show.

Adentrei ao Citibank às 21h30m e me surpreendi com o quanto a casa estava vazia, tanto a pista como os camarotes e cadeiras estavam muito aquém do público que o Capital merecia. Ledo engano deste repórter… Em apenas uma hora o local ferveu de gente com todos os setores completamente lotados. Impossível caber mais fãs dentro da casa de shows e com grata satisfação, no meio da apesentação, Dinho anunciou que os ingressos foram esgotados com 5 mil pessoas assistindo aquele show! Foi exatamente as 22h30m que Ouro Preto e sua trupe subiram ao palco iniciando o show com “Respirar você”, seguida por “Quatro vezes você” que teve o refrão cantado por todos os presentes em uníssono, praticamente cobrindo a voz de Dinho Ouro Preto. Por sinal, este se mostrava sempre sorridente pulando no palco, agitando com a galera e cumprimentando o pessoal que estava junto ao palco. Se dirigindo aos presentes, agradece a presença dos fãs e anuncia que aquela seria uma grande noite com muitas músicas especiais, que o pessoal deveria ter paciência pois eles não sairiam do palco tão cedo (era tudo que a galera queria ouvir).

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O show continuou em ritmo contagiante com “Independência” e “Depois da meia noite”. A cozinha formada pelos irmãos Fê Lemos (Bateria) e Flavio Lemos (Baixo) se mostra precisa e coesa marcando o ritmo das músicas e dando as aberturas para os solos de guitarra. Canções como “Eu nunca disse adeus” e “Não olhe pra trás” mostram o quão versátil é Yves Passarell nos solos de guitarra apoiados por Fabiano Carelli na guitarra rítmica.

Dinho anuncia que o show não contará apenas com os clássicos conhecidos do grupo, mas seria uma noite de celebração dos 30 anos do Capital, portanto, que gostaria de tocar uma canção que a muito não era executada, mas que possui uma letra muito profunda a qual representa uma parte de sua vida: “Ressurreição”. Ponto para a banda, que em meio a tantos hits também incluiu canções que raramente são tocadas ao vivo e que agradam os fãs de longa data. Seguindo esta lógica também tivemos a execução de “A Sua Maneira”. Nessa mistura de canções antigas e novas, conhecidas e nem tão conhecidas, a noite prosseguia com “Melhor do que ontem” (do último trabalho de estúdio) e “Olhos Vermelhos”.

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No dado momento tivemos uma parada no show para Dinho nos contar um pouco sobre o Aborto Elétrico, a lendária banda de rock formada em Brasília, que posteriormente daria início ao Legião Urbana e ao Capital Inicial. Dinho conta como foram aqueles tempos no início dos anos 80 e falou um pouco sobre Renato Russo, sobre a convivência deles naquela época e até mesmo de um desconcertante show no qual a Legião Urbana tocou em um bar na rua Oscar Freire em São Paulo e os únicos a aparecerem para ver o show foram o próprio Capital Inicial. Conta sobre as canções do Aborto gravadas pela Legião e as que foram gravadas pelo Capital, e para relembrar aqueles tempos anunciou que tocariam quatro músicas desta fase: assim, tivemos “Música urbana” e “Veraneio Vascaína” do Capital, seguidas por “Geração Coca-Cola” e “Que país é esse” da Legião (esta última contando com um discurso inflamado de Dinho contra todos os políticos brasileiros e seus partidos que em nada representam a nação).

Agradecendo a todos os presentes pela noite maravilhosa que o público estava proporcionando à banda, Dinho anuncia que a banda faria mais uma homenagem a outra banda de rock nacional formada em Brasília, mas com fortes raízes do Nordeste: estamos falando de “Mulher de fases”, grande clássico dos Raimundos, canção que foi acompanhada em coro pelos presentes e com imagens lisérgicas passando no telão. Aliás, o telão do show foi um show à parte com imagens, clipes e desenhos sincronizados com todas as músicas executadas durante o show, demonstrando que um verdadeiro show não é apenas uma execução de canções, mas tem todo o aspecto visual e teatral que as luzes de palco e o telão proporcionam como complemento à música. E foi com “Mulher de Fases” que o grupo se despediu do palco, mas enganasse quem achou que o show estava no fim…

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Após alguns minutos, o Capital retornou ao palco e Dinho lembrou os presentes aquele discurso no início do show quando disse que a noite seria longa, perguntando se o povo estaria cansado. Com um sonoro “Não” como resposta, o frontman convidou Thiago Castanho, ex-guitarrista do Charlie Brown Junior, pois o Capital faria uma homenagem à banda da baixada santista. Com muita empolgação e agora um trio de guitarristas sobre o palco, tivemos “Só os loucos sabem” e “Me encontra”, clássicos do Charlie Brown que foram muito bem recebidas pelo público.  Thiago continua no palco, para execução de “Coração Vazio”, canção do último disco do Capital na qual fez uma participação especial na gravação. E demonstrando novamente que a noite seria uma mistura de clássicos antigos com canções mais recentes, seguiram “Fátima” (relembrando o primeiro disco da banda, de 1986) e “O Cristo Redentor” (gravada em 2012).

O show já se aproximava do seu fim com “Algum dia” e “Natasha”, canção que Dinho fez questão de frisar que fala sobre os sonhos da juventude e que este sonho nunca deve acabar. Temos ainda “Fogo” e o encerramento com “Primeiros Erros”. Fim do show e toda a banda agradece aos presentes dizendo o quanto estavam felizes por tocar em “sua casa”, já que São Paulo trata-se da cidade na qual os integrantes do Capital moram. Dinho enaltece a participação de todos e frisa que foram mais de duas horas e meia de show graças ao público que cada vez pedia mais. Por último pede para todos mandarem ótimas vibrações para a banda no próximo dia 06 de junho, pois o grupo estará gravando um novo DVD nos Estados Unidos com a participação de outros nomes da música brasileira.

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Todos foram para casa satisfeitos com o espetáculo que presenciaram e o ótimo entrosamento entre banda e público (teve até o momento em que Dinho se jogou em um mosh no meio da plateia pedindo para a galera leva-lo até o fim da pista e traze-lo novamente). Fica aqui meus agradecimentos finais à Time For Fun pelo credenciamento de nosso site para cobertura deste evento e meus sinceros votos de boa sorte ao Capital Inicial no dia 06.

Set List Capital Inicial
01 – Respirar você (giGAntE! – 2004)
02 – Quatro vezes você (Rosas e Vinho Tinto – 2002)
03 – Independência (Independência – 1987)
04 – Depois da meia noite (Das Kapital – 2010)
05 – Eu nunca disse adeus (Eu nunca disse adeus – 2007)
06 – Não olhe pra trás (giGAntE! – 2004)
07 – Ressurreição (Das Kapital – 2010)
08 – A Sua Maneira (Rosas e Vinho Tinto – 2002)
09 – Melhor do que ontem (Viva a Revolução – 2014)
10 – Olhos vermelhos (Rosas e Vinho Tinto – 2002)
11 – Música urbana (Capital Inicial – 1986)
12 – Veraneio vascaína (Capital Inicial – 1986)
13 – Geração Coca-Cola (Legião Urbana cover)
14 – Que país é esse? (Legião Urbana cover)
15 – Mulher de fases (Raimundos cover)

Encore:
16 – Só os loucos sabem (Charlie Brown Jr. cover)
17 – Me encontra (Charlie Brown Jr. cover)
18 – Coração Vazio (Viva a Revolução – 2014)
19 – Fátima (Capital Inicial – 1986)
20 – O Cristo Redentor (Saturno – 2012)
21 – Algum dia (Rosas e Vinho Tinto – 2002)
22 – Natasha (Acústico MTV – 2000)
23 – Fogo (Você não precisa entender – 1988)
24 – Primeiros Erros (Kiko Zambianchi cover)

CAPITAL INICIAL é formado por:
Dinho Ouro Preto – vocal e violão;
Fê Lemos – bateria e backing vocais;
Yves Passarel – guitarra e backing vocais;
Flávio Lemos – baixo.

Banda de apoio:
Fabiano Carelli – guitarra, violão e backing vocais;
Robledo Silva – teclados, violão e backing vocais.

Participação Especial de Thiago Castanho (guitarrista do Charlie Brown Junior).

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