Texto por Clayton Franco – Fotos por Felipi Arius – Edição por André Luiz
Paul Di’Anno está de volta! Mas isso não é uma novidade, há muitos anos se tornou moda uma banda ou integrante dizer que esta é a última turnê, seja para ganhar mais destaque, ou para vender mais ingressos, retornando algum tempo depois (o Kiss fez disso uma grande ferramenta de marketing). No caso do Paul, quando anunciou a última turnê há dois anos, eu realmente acreditei que seria a última, não apenas pelos anos de “sexo, drogas e rock roll” pesando sobre suas costas, mas sim, devido os constantes problemas com sua perna: já se acidentou com moto, jogando futebol, rompendo ligamento, etc., e nunca cuidou desses “pequenos” detalhes… Comemorando 30 anos de existência, a Radio Corsário promoveu um show em São Paulo no Carioca Club com as bandas Korzus e Paul Di’Anno. Parafraseando a propaganda quando dizia “a festa é de 30 anos da Rádio Corsário, mas quem ganha o presente são os fãs do bom heavy metal”, não posso deixar de concordar com a afirmativa.
Korzus foi a primeira banda da noite responsável pelo esquenta da galera que já tomava conta de boa parte da pista do Carioca Club. Com mais de 30 anos de carreira, o grupo já se tornou uma instituição do metal nacional, sua discografia trouxe clássicos atemporais que enriqueceram a música pesada tupiniquim, mas engana-se quem acha que o grupo vive do passado. Divulgando seu mais novo petardo (Legion de 2014), o grupo apresentou faixas do novo disco como “Bleeding Pride” e a própria “Legion” em meio a clássicos como “Mass Illusion”, “Discipline Of Hate” e “Guilty Silence”. A presença de palco de Pompeu realmente contagia o público, a todo momento ele conclama os presentes a participar do agito, seja nas rodas que se abrem no meio do público ou cantando as músicas. Grande interação entre banda e o público, pena que por ter sido show de abertura, o Korzus teve o set reduzido. O grupo segue em turnê divulgando Legion, espero vê-los em outras performances com um tempo maior de apresentação.
Após pequena pausa para troca de instrumentos, é chegado o grande momento da noite. As cortinas se abrem e os músicos de apoio já começam com tudo, mas o que chama a atenção é a presença de uma poltrona no palco com mesa ao lado contendo água e refrigerante. Não havia lido sobre os shows anteriores pois gosto de apreciar o momento sem maiores expectativas, mas o que vejo realmente me surpreendeu: Paul sobe ao palco e senta-se na poltrona para fazer o show completo neste estado. Como disse no início, é sabido de seus problemas no joelho, os quais foram agravados devido ao seu recente acidente de moto. Inclusive o mesmo conta entre as músicas que precisará passar por uma cirurgia, a qual ele adiou para poder fazer os shows no Brasil. Ponto para o cara, que mesmo neste estado delicado não desmarcou nenhum show no Brasil para estar com seus fãs e honrar seus compromissos.
Diferente do seu último show há dois anos (também realizado pela Radio Corsário), esta tour foi divulgada como uma comemoração ao primeiro disco gravado com o Iron Maiden: o álbum homônimo de 1980. O trabalho foi executado na íntegra, com a inserção de algumas canções do ‘Killers’ e de músicas da carreira solo. Entre uma canção e outra, Paul fazia questão de dizer o quanto gosta do Brasil e se sente em casa por aqui. Entre as músicas que mais agitaram os presentes estavam os clássicos absolutos do Maiden como “Phantom of the Opera” e “Sanctuary”, o público bradou a plenos pulmões refrãos marcantes como os de “Running Free” e “Wrathchild”. Embora fosse visível a dor que Paul sentia em seu joelho, e consequentemente impossibilitando-o do agito físico no palco, Di’anno cantava a plenos pulmões os clássicos do Maiden. Para o encerramento final tivemos dois covers, sendo estes “Blitzkrieg Bop” (Ramones) e “Anarchy In The UK” (Sex Pistols), demonstrando algo que Paul diz em inúmeras entrevistas: eu canto metal, mas tenho sangue punk em minhas veias.
Fim de noite, todos saciados pelo bom show que assistimos, voltando de alma lavada para nossas casas após presenciar o espetáculo com um vocalista que faz parte da história do Heavy Metal. Encerro esta resenha agradecendo ao Costábile Jr pelo credenciamento de nosso veículo de imprensa e deixando meus abraços e parabéns a toda equipe da Radio Corsário pelos seus 30 anos. Sabemos o quanto o metal e o rock pesado em geral não são valorizados em nosso país, portanto completar tanto tempo dedicado a estes gêneros realmente é uma batalha a ser reconhecida. Parabéns ao Júlio Viseu e Milena Gonzalez pelo trabalho dedicado ao metal em nosso país.
