Warrel Dane – 28-03-2015 – São Paulo (Inferno Club)

Texto e fotos por André Luiz – Edição por André Luiz

Pouco mais de 11 meses após a primeira passagem solo pelo Brasil, Warrel Dane retornou ao país para cumprir uma promessa: na cidade de encerramento da tour passada, iniciou uma nova sequência de shows com a execução na íntegra do principal álbum do Nevermore, o aclamado Dead Hearth In A Dead World. Produzido por Andy Sneap e lançado em 2000, o quarto trabalho de estúdio do conjunto de Seattle tem como destaque as letras fortes do teólogo/sociólogo Warrel Dane e a utilização da guitarra de 07 cordas por parte de Jeff Loomis. A longa tour de divulgação deste álbum marcou o debut do Nevermore em terras brasileiras com 03 shows no final de 2001, destacando a atuação performática de Warrel no palco e a presença na segunda guitarra de Chris Broderick (o qual posteriormente ingressaria no line up do Megadeth). Seguindo este histórico, o Inferno Club recebeu numeroso público com uma média de idade entre 30-35 anos em sua maioria, uma seleta plateia a qual caracterizaria momentos de uníssono e brados a plenos pulmões no decorrer da apresentação principal na dada noite de sábado.

A entrada da casa foi liberada por volta das 18h, atraso este que impactaria no set final de Warrel Dane devido a entrega do Inferno Club para um evento posterior, e enquanto a fila aumentava antes da abertura do local, eis que o próprio vocalista surge andando com parceiros de banda em plena Rua Augusta (algo semelhante ocorreu no ano passado, quando na ocasião WD se dirigiu aos estúdios da rádio 89FM para uma entrevista).

Fates Prophecy - SP - 03-2015- por André Luiz

Se houve atraso na abertura da casa, o mesmo ocorreria consequentemente com o show do Fates Prophecy. Iniciando ás 18h15m para um público mediano cujo número aumentou substancialmente ao longo do set apresentado, a banda paulistana subiu ao palco com “New Degeneration”, faixa de seu último trabalho de estúdio The Cradle Of Life (2013), utilizada como vídeo clipe de divulgação deste. A sequência contou com “Welcome To The Future” (24th Century, 2005) e “Wings Of Fire” (Eyes Of Truth, 2002). Ao todo foram 08 faixas executadas pelo conjunto formado por Leonardo Beteto (vocal), Paulo Almeida e Carlos Kippes (guitarra), Rodrigo Brizzi (baixo) e Sandro Muniz (bateria), das quais pode-se destacar também “Primitive Man” do álbum de 2013, “Pay For Your Sins” do debut Into The Mind (1998) e o encerramento com a versão para “The Phantom Of The Opera” do Iron Maiden.

Passado o show de abertura, houve um longo período de espera para ajustes dos instrumentos on stage e tensão no público com relação a entrega da casa em horário estipulado, o que poderia acarretar em corte no setlist. Às 19h50m, os PA`s deixam de nos brindar com as faixas do Redeemer Of Souls do Judas Priest para executar a intro “Precognition” do Politcs Of Ecstasy (1996), prenúncio para a entrada dos músicos e início avassalador com o Dead Hearth In A Dead World na íntegra: “Narcosynthesis”, “We Disintegrate”, “Inside Four Walls”, “Evolution 169”, as músicas seguiam e o público ensandecido bradava todas as letras empolgando Warrel e os integrantes da banda de apoio. Aliás, o line up foi composto pelos mesmos músicos que se apresentaram com WD em 2014: Johnny Moraes (guitarra, Hevilan), Thiago Oliveira (guitarra, Seventh Seal, Addicted To Pain), Fabio Carito (baixo, Addicted To Pain, Shadowside) e Marcus Dotta (bateria, Addicted To Pain, ex-Skin Culture).

Em “The River Dragon Has Come” surgiram as primeiras amostras dos agudos de Dane, enquanto um rapaz ao meu lado na pista comentava empolgado ‘é como dois vocalistas em um só, ele canta muito’. Na sequência, Warrel pede que os namorados se beijem e anuncia um dos maiores sucessos do DHIADW, “The Heart Collector”, destacando novamente a participação do público o qual aplaudiu o vocalista até mesmo quando este fez uma entrada errada após o refrão da música. “Engines Of Hate” retomou o peso da performance, já em “The Sound Of Silence” (cover de Simon & Garfunkel) Warrel esperava um público em meio a rodas na pista, porém o que se viu novamente foi a opção dos presentes em bradar a letra invés de banguear entre si. “Insignificant” seguiu o show e novamente Dane comete gafe na entrada após o refrão. Aliás, por se tratar do show debut da tour e pela sequência de shows com o Sanctuary, trata-se de uma situação normal os frequentes momentos de erro no ‘time’ por parte do vocalista. O encerramento da execução do clássico de 2000 veio com a faixa “Believe In Nothing” (que não havia sido tocada em 2001 ou 2006, passagens do Nevermore no Brasil) comovendo a todos (incluindo o próprio Dane que foi as lágrimas) e a faixa título, “Dead Heart In A Dead World”. Os músicos deixam o palco, mas por pouco tempo…

Warrel Dane - SP - 03-2015- por André Luiz VII

Os PA`s executam a intro “Ophidian” do álbum Dreaming Neon Black (1999) e os músicos retornam ao palco com “I, Voyager” do Enemies Of Reality (2003). Warrel convida a vocalista Mizuho Lin (Semblant, Curitiba) e juntos atuam em um dueto sensacional para a faixa título do álbum de 1999, “Dreaming Neon Black” (verdade seja dita, a produção já havia informado que na passagem de som, esta execução levou Warrel as lágrimas). “Emptiness Unobstructed” foi a escolhida como representante do derradeiro trabalho de estúdio do Nevermore, The Obsidian Conspiracy (2010). This Sacrament (Politcs Of Ecstasy, 1996) soou como agradável surpresa da noite (me arremetendo a performance de 2001 em São Paulo), já em “My Acid Words” do This Godlees Endeavor (2005), os apelos de Dane finalmente foram atendidos: abriu-se uma grande roda no meio da pista e o público começou a banguear.

Diferente da tour passada, Warrel parecia com a voz melhor, tendo em vista que se tratava do início de tour e considerando que o show de 2014 São Paulo foi palco do encerramento da excursão do músico. Ao mesmo tempo notava-se o desentrosamento do frontman com os instrumentistas, ou seria com as próprias músicas do Nevermore? Afinal, além de estar excursionando com o Sanctuary, Dane optou por várias canções que não eram tocadas frequentemente. O baixista Fabio Carito se encarregou de mostrar ao vocal o tempo correto de entrada em algumas faixas. Seguindo esta linha de ‘músicas não comuns’ em shows de Dane, “Messenger” representou a carreira solo do músico, sendo oriunda do Praises To The War Machine (2008), já “Sell My Hearth For Stones” do TGE foi citada por Warrel como faixa que nunca havia sido executada ao vivo, em um novo momento de emoção e lágrimas de WD. Encerrando a segunda parte, do show a faixa título do álbum de 2003, “Enemies Of Reality”, impulsionou novamente a roda banger na pista.

Por fim, em meio a aplausos e brados do público, Dane discursa sobre a ótima noite que tivera, anunciou que a faixa seguinte seria a última da noite e que tratava-se de uma música muito pesada, ao fim pediu que beijássemos nossos pais ao chegarmos em casa, porque eles são os responsáveis por nascermos – trocadilho este usado para o anúncio de “Born”, petardo que abre o álbum TGE e transforma a pista em um verdadeiro caos banger. A satisfação se fazia notória no rosto dos presentes, os músicos ainda fotografaram no palco com o público ao fundo e a noite estava encerrada, mais um momento marcante para os fãs de Nevermore, os quais não tiveram a disposição um set tão recheado de clássicos como em 2014 (o álbum debut auto-intitulado e músicas do Sanctuary, por exemplo, não estiveram no list, assim como “This Godlees Endeavor” foi cortada devido ao tempo escasso oriundo do atraso inicial comentado nesta matéria), porém relembraram na íntegra um sucesso estrondoso que marcou não apenas a carreira da banda de Seattle, como se destacou em meio aos lançamentos da década passada. Agradecimentos à Luciano Piantonni e Tiago Claro da TC7 pela produção do evento e credenciamento da Equipe Metal Revolution.

Set List Warrel Dane
Intro – Precognition
Narcosynthesis
We Disintegrate
Inside Four Walls
Evolution 169
The River Dragon Has Come
The Heart Collector
Engines Of Hate
The Sound Of Silence (Cover de Simon & Garfunkel)
Insignificant
Believe In Nothing
Dead Heart In A Dead World

Intro – Ophidian
I, Voyager
Dreaming Neon Black (com Mizuho Lin)
Emptiness Unobstructed
This Sacrament
My Acid Words
Messenger
Sell My Hearth For Stones
Enemies Of Reality

Born

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