Texto por Rodrigo Gonçalves – Fotos por Arony Martins – Edição por Rodrigo Gonçalves
Desde que a produção do festival Lollapalooza passou para as mãos da Time For Fun, algumas coisas mudaram. Embora o festival continue a ser realizado todos os anos em São Paulo, agora os fãs de outras cidades têm a possibilidade de conferir algumas das maiores atrações, em eventos conhecidos como Lollaparties.
Em 2015, uma das grandes atrações do festival a dar as caras na cidade maravilhosa, foi o cantor e compositor Robert Plant, ex-vocalista do Led Zeppelin. Robert, que havia se apresentado na cidade em 2012, novamente acompanhado de sua banda, a The Sentational Space Shifters.
Levando a sério a proposta do festival de promover uma mistura de estilos musicais, a cantora e guitarrista americana Annie Clark, mais conhecida como St. Vincent, foi encarregada de abrir a noite. E a jovem artista não fez feio. Mesmo com a tarefa ingrata pela frente de ser um patinho feio em uma noite na qual a expectativa para o show de uma das maiores lendas do rock era grande, a cantora e guitarrista apesar do pouco público e dos cerca de 40 minutos que teve disponível para mostrar seu trabalho para os cariocas fez um bom trabalho no palco do Citibank Hall.
Muitos, assim como eu, não estavam familiarizados com a carreira da cantora, mas acabaram tendo uma agradável surpresa com um show forte, músicas bem trabalhadas e visual impecável. Com um disco auto intitulado lançado em 2014 e bastante elogiado pela imprensa estrangeira, a cantora de voz suave e timbre de guitarra pesadíssimo, baseou seu show em seu mais recente lançamento, do qual retirou 4 músicas para apresentar aos cariocas; “Digital Witness”, “Rattlesnake”, “Huey Nation” e “Birth In Reverse”, encarregada de fechar a noite.
Setlist St. Vincent
Bring Me Your Loves
Digital Witness
Cruel
Rattlesnake
Marrow
Cheerleader
Huey Newton
Regret
Birth in Reverse
Quem vai a um show de Robert Plant esperando ver um artista preso ao passado e descansando sob os louros do sucesso de sua ex-banda, deve estar preparado para um mundo de decepção.
Desde que iniciou sua carreira solo após a dissolução do Led Zeppelin no início dos anos 1980 provocada pela trágica morte do baterista John Bonham, o cantor tomou a sábia decisão de se aventurar por novos caminhos e explorar diferentes fronteiras musicais, se afastando um pouco mas não se esquecendo por completo do passado glorioso com sua ex-banda.
Tendo construído uma carreira rica, que varia do blues ao country americano, o cantor encontrou uma boa mescla para os seus shows ao vivo. Ao lado de sua banda, a Sensational Space Shifters, Plant, é bem verdade, inclui em seu repertório muitos dos grandes clássicos do Zeppelin. Mas como a ideia é diversificar e fugir da mesmice, temas como as estupendas “Black Dog” e “The Lemon Song” são apresentadas de uma forma diferente, com novos arranjos e até mesmo diferença na interpretação por parte de Robert.
Mas não se enganem, do momento que ele pisa no palco e abre a boca pela primeira vez, já fica claro que estamos assistindo um show da lenda que gravou músicas como a espetacular “Going To California”, na qual a plateia parece ser imediatamente transportada para 1971, época do lançamento do antológico Led Zeppelin IV.
Aliás, o encontro entre o velho e o novo é algo que dá o tom de toda a apresentação. Se por um lado temos espaço para materiais da fase mais recente do cantor como “Rainbow”, “Embrace Another Fall”, “Little Maggie” e “Tin Pale Valley”, são momentos como “Whole Lotta Love” (na qual o vocalista não demonstra a menor dificuldade para alcançar as notas altas) que fazem o show soar familiar e enchem de sorrisos os rostos dos fãs de diferentes gerações que estiveram presentes no Citibank Hall.
Uma pena que “Nobody’s Fault” tenha sido tirada do setlist em cima da hora. Mas o encerramento com o clássico “Rock ‘n’ Roll” foi espetacular, com o público agitando e cantando mesmo o inconfundível riff de guitarra.
Comparando com 2012, o show da última terça-feira foi infinitamente superior. Na época escrevi que a banda não era muito boa, mas hoje percebo o meu equívoco. Devido ao pouco tempo de ensaio, a banda sofreu com o pouco entrosamento e se perdeu em um setlist demasiadamente longo. Dois anos e meio depois, a banda está muito mais entrosada e a vontade no palco, o setlist foi melhor, com menos covers e bem balanceado entre carreira solo e Led Zeppelin, o que resultou numa experiência bem mais agradável, tanto para os fãs, quanto para os músicos, como confessou Robert Plant ainda durante o show.
Com um disco novo lançado no fim do ano passado, Robert Plant é um daqueles casos raros que demonstram ser possível conseguir sucesso em sua carreira solo tendo feito parte de uma banda icônica no passado, mesmo que isso signifique ignora-lo – de certa forma. Aliás, a atitude do cantor com relação a pressão para uma reunião do Led Zeppelin é louvável. Que continue olhando para frente e presentando os fãs com uma carreira solo excelente. Agradecimentos a Time For Fun pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe.
Setlist Robert Plant
No Quarter
Rainbow
Black Dog
Embrace Another Fall
Going to California
Little Maggie
The Lemon Song
Tin Pan Valley
What Is and What Should Never Be
Fixin’ to Die
Hoochie Coochie Man / Whole Lotta Love / Who Do You Love
Bis
Rock n Roll
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