Arch Enemy – 07-02-2015 – Curitiba (Espaço Cult)

Arch Enemy - fev-2015 - Curitiba - por Makila Crowley 05

Texto por Clovis Roman – Fotos por Clovis Roman e Makila Crowley  – Edição por André Luiz

O Arch Enemy é uma banda que tem dois momentos bem distintos em sua carreira. O primeiro foi o dos álbuns registrados pelo vocalista Johan Liiva, que mostravam a banda numa sequência lógica da evolução do Carcass (afinal, o guitarrista Michael Amott veio de lá). A transição sonora veio com a entrada de Angela Gossow e o estupendo disco Wages Of Sin. Depois dele, o grupo modernizou muito seu trabalho, um movimento que deu grande retorno financeiro ao quinteto.

Entre altos e baixos no âmbito musical, eles perderam Gossow e recrutaram Alissa White-Gluz, vinda do The Agonist. A estréia da moça em estúdio veio com War Eternal, um bom trabalho, que mostra a banda revigorada. Divulgando o referido trabalho, eles voltaram ao Brasil e fizeram pela primeira vez uma parada em Curitiba, tocando no espaçoso e bem localizado Espaço Cult. No setlist, apenas músicas da era Gossow, além claro, das do último disco.

Marcado para 20h, o Arch Enemy começou o show de maneira assustadoramente pontual, com a soberba “Enemy Within”, seguida pelas novas – e ótimas – “War Eternal” e “Stolen Life”. Depois, outro clássico do Wages Of Sin, “Ravenous” e suas passagens que lembram Carcass. Esses dois discos – War Eternal (2014) e Wages Of Sin (2001) – tiveram cinco canções cada no repertório. Do atual, também rolaram “As The Pages Burn”, “No More Regrets” e a candidata a clássico “You Will Know My Name”. Do outro, lançado há 14 anos, pudemos conferir também “Burning Angel”, “Dead Bury Their Dead” e a instrumental “Snow Bound”, essa já no encore.

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A cozinha acima de qualquer suspeita mostrou solidez, afinal Daniel Erlandsson é um baterista de primeira, assim como o grande Sharlee D’Angelo, baixista que já passou pelo magnânimo Mercyful Fate (inclusive, esteve em Curitiba quando essa banda tocou na cidade, em 1996). Nas guitarras, o grande Amott destilou riffs intrincados, melódicos e pesados na medida, acompanhado por outro mestre nas seis cordas, Jeff Loomis, que como todo mundo sabe, tocou no Nevermore do começo ao fim da banda. O cara esmerilhou a guitarra o show todo e foi um dos grandes destaques no palco. Quem ficou prestando atenção só em Alissa deixou de desfrutar uma verdadeira aula com quatro grandes músicos. Sobre a moça, ela urra bem, mas tem presença de palco tímida, e sua voz não tem metade do poder da garganta infernal de Gossow. Tampouco, tem o charme dos urros grotescamente feios do saudoso Liiva.

Para os fãs da fase mais “modernosa” do grupo, tudo foi muito lindo, até mesmo nas terríveis “My Apocalypse” e “Bloodstained Cross”. Os que apreciam mais as velharias acabaram saindo com uma sensação estranha. A única referência ao indiscutivelmente superior material da década de 90 veio no encerramento, com um trecho instrumental de uns dois minutos com o belíssimo riff de “Fields Of Desolation”. E só. Competência todos os quatro músicos ali tem de sobra, mas focar quase que totalmente seu repertório na fase mais rentável é relegar a música como arte a segundo plano.

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