Epica: é sempre uma grande festa ir ao Brasil – Entrevista exclusiva com Mark Jansen

Mark Jansen - Epica - por Official Facebook

Entrevista por Arianne Cordeiro – Imagens por divulgação – Edição por André Luiz

Em plena tour promocional do álbum “The Quantum Enigma” (2014), o Epica desembarcou na América do Sul para uma série de 10 shows, sendo 05 apenas no Brasil. O sexto trabalho de estúdio da banda holandesa foi lançado em maio de 2014 e estreou em 4º lugar na parada musical de sua terra natal. Após passar por diversos países, a primeira e bem-sucedida série de apresentações pelo Velho Continente se encerrou, porém para sequência da tour sul-americana, o Epica já tem presença confirmada em renomados festivais europeus, a citar Wacken Open Air (ALE), Hellfest (FRA), Graspop (BEL), Rockharz (ALE), Leyendas del Rock (ESP), Maximum Rock Festival (ROM), entre outros.

Dias antes de embarcar para tour sul-americana, o guitarrista/vocalista Mark Jansen,  que fundou a banda em 2002 após sua amigável saída do After Forever, conversou com a equipe do Portal Metal Revolution de maneira descontraída, comentando sobre passado e presente do Epica, sua trajetória musical, projetos paralelos, gostos e opiniões pessoais, conforme pode ser verificado abaixo.

Arianne Cordeiro – Este ano o Epica completa 13 anos na estrada. Que diferenças você sente entre a época em que tudo começou e a atualidade? Ou ainda, da época em que você ainda estava no After Forever até agora?
Mark Jansen –
Existem muitas diferenças, sim. É claro que no After Forever eu fiquei por sete anos e no Epica por 13, então agora é muito mais profissional do que quando eu estava na primeira banda ou mesmo começando a segunda, pois foi necessário um tempo para aprender e me desenvolver. Fica praticamente impossível de se comparar aquele tempo com o momento atual do Epica, pois existe uma diferença enorme, já que tudo ficou muito maior: há muito mais coisa acontecendo, muito mais gente envolvida. Fico muito feliz por ter vivido o começo das duas bandas, é tudo muito divertido. Quando você está começando, é necessário viver tudo pela primeira vez e descobrir cada fase pelas quais uma banda precisa passar, também.

Mark Jansen - Epica - por Epica official

Arianne – Você sente que os fãs do Epica foram aumentando e se fortalecendo durante os anos, considerando, também, os tempos de After Forever?
Mark –
Oh, sim! Quanto mais tempo temos de banda, mais fãs adquirimos. Quando eu deixei o After Forever, a banda ainda era relativamente pequena, mas estava crescendo rapidamente, e é uma pena que não exista mais, pois seria muito legal poder fazer uma turnê reunindo todos nós, seria uma experiência muito divertida. Nós vemos a fanbase do Epica crescendo a cada ano, especialmente agora com o novo álbum, The Quantum Enigma. Nós acabamos de fazer uma turnê europeia e percebemos um crescimento significativo no número de fãs indo aos shows, 100% a mais. Foi um grande passo a frente tocar em grandes casas de shows. É claro que tudo isso é um sonho que se realiza, já que é para isso que sempre trabalhamos, mas eu, particularmente, não esperava que teríamos tantos fãs a mais após o lançamento do novo álbum.

Arianne – Falando no último álbum de estúdio do Epica, você acredita que ele foi bem recebido pelos fãs?
Mark –
Olha, acredito que sim, porque de outra maneira não há como explicar o motivo de tantos fãs novos estarem aparecendo! (risos) Nós temos fãs muito leais, que nos acompanham desde o começo e continuam nos apoiando até hoje, o que me deixa muito feliz. É claro que todos aqueles que começarem a nos ouvir agora serão mais do que bem vindos, mas a lealdade daqueles que estão conosco desde o início é reconfortante, pois estão lá sempre, não importa o que aconteça.

Arianne – Já que o assunto é fãs leais, quais são suas expectativas em relação à turnê brasileira que se aproxima? Vocês estão empolgados em rever o público brasileiro?
Mark –
Sim, claro, muito empolgados! É sempre uma grande festa ir ao Brasil, pois os fãs são muito entusiasmados e interagem bastante com a banda. Considero que os melhores shows são aqueles repletos de energia, e o público brasileiro sempre nos proporciona isso, me fazendo esperar ansiosamente pelas apresentações no país. Desta vez, faremos ainda mais shows do que antes: serão cinco datas em solo brasileiro. O engraçado é que, mesmo assim, as pessoas ainda reclamam, perguntando por que não fomos a essa ou àquela cidade… Acredito que, mesmo se fizéssemos vinte shows, as pessoas não estariam satisfeitas e continuariam reclamando (risos)…

Arianne – Nunca é o bastante (risos)! (“It’s never enough” ­– trocadilho com uma das músicas da banda)
Mark –
Sim, sim (risos), nunca é o bastante! Nós também temos fãs no Chile, Argentina, Paraguai, então temos de tentar fazer com que todos fiquem felizes.

Arianne – Mudando um pouco de assunto, quais são suas principais influências musicais? O que você costuma ouvir, considerando o passado e o presente?
Mark –
Bom, eu costumava ouvir muito Guns n’ Roses quando era pequeno. Por volta dos meus dezesseis anos, comecei a ouvir bandas mais dentro do estilo Heavy Metal, como Megadeth, Sepultura, Metallica… E, depois, a ouvir coisas mais sinfônicas, como Dream Theater, The Gathering, Symphony X… Então, durante todos esses anos, eu acho que houve certa evolução nas bandas que escuto.

Mark Jansen - Epica - por Mayan official

Arianne – Acredito que isso acontece com todo mundo que começa a escutar Metal e coisas do estilo, não é mesmo?
Mark –
Sim, sim, mas algumas pessoas escutam as mesmas bandas para sempre…

Arianne – E os outros integrantes do Epica, eles ouvem as mesmas bandas?
Mark –
Nós escutamos várias coisas diferentes, mas temos algumas bandas em comum. O Dream Theater e o Opeth são exemplos de bandas que todos gostam e admiram muito, mas, por exemplo, o Isaac ouve algumas bandas que não me agradam nem um pouco, e vice-versa. A mesma coisa acontece com a Simone, já que ela gosta de vários estilos musicais que não me atraem nem um pouco. Mas essa diferença não importa, pois é essa variedade de estilos que faz o Epica ser tão diferente e único.

Arianne – Há algum trabalho específico a ser lançado em 2015 que você está ansioso para ouvir?
Mark –
Bem, na verdade, eu ainda não sei quais bandas vão lançar novos materiais. No ano passado eu acabei não ouvindo nada além de Opeth e Anathema… Lendo reviews, fiquei curioso para checar alguns álbuns, como o do Mastodon, mas por algum motivo ando tão ocupado que não tive tempo para escutar nada de novo. Às vezes eu dedico algum tempo para ouvir música enquanto estou fazendo exercícios físicos ou outras atividades comuns, através da minha conta no Spotify, mas ultimamente não estou muito atualizado quanto ao que as outras bandas estão fazendo.

Arianne – Vivemos num mundo dominado pela internet, mp3, downloads ilegais. Como a banda lida com a pirataria? Você acredita que ela prejudica o trabalho de vocês?
Mark –
Eu acho que ela é ótima! (Risos)

Arianne –… Esta é uma resposta incomum! (Risos)
Mark –
Sim! (Mais risos) Eu acredito que a essência da música é fazer as pessoas felizes. Vivemos num mundo em que precisamos ganhar dinheiro para viver, mas eu acredito que isto seja um mal necessário. Eu vejo tudo de uma perspectiva diferente da que a maioria dos músicos: para mim, é uma bênção! O download ilegal faz com que as pessoas escutem nossas músicas e venham aos nossos shows. Para nós, o mais importante é que as pessoas fiquem felizes, e quando elas vêm ao nosso show e compram uma camiseta ou mesmo um álbum, então é ótimo, pois elas estão mostrando que realmente gostaram do nosso trabalho, comprando algo que a banda fez. A era em que as pessoas compravam pilhas e pilhas de CDs já acabou, então é necessário aprender a lidar com isso. Pessoalmente, não me importo nem um pouco com download ilegal, o importante é o apoio à banda e ao trabalho que fazemos.

Arianne – Você considera que muitas bandas da atualidade têm dificuldade em se lançar no mercado por conta da internet? Que, antes dela, era mais fácil para se fazer um trabalho autoral?
Mark –
Bem, é difícil dizer. Nós começamos o After Forever antes da internet, tínhamos um contrato com uma gravadora, era muito mais difícil do que com o Epica. A partir do novo grupo, tudo ficou mais desenvolvido, mas o fato de também termos um contrato facilitou as coisas. As novas bandas estão encontrando muitas dificuldades para ter contratos com gravadoras, aparentemente agora o número de bandas contratadas é muito menor do que costumava ser no passado, e eu não sei exatamente qual é a razão disso. Minha única preocupação é que os novos grupos tenham uma chance de entrar no meio e, no meu ponto de vista, a internet traz muitas oportunidades a todos. O maior problema é que muitos não sabem encontrar meios de promover seu trabalho de maneira eficiente, e as bandas que sabem como fazer isso e que produzem material de boa qualidade acabam se destacando de todo o resto. Eu acredito que a internet traz às bandas muito mais liberdade. No passado, quando uma revista escrevia coisas boas sobre você, as pessoas saberiam, mas se por alguma razão a mídia resolvesse ignorar seu trabalho, você e sua banda não teriam nenhuma chance. Agora, com a internet, toda banda tem uma chance.

Epica tour 2015 I

Arianne – Sim, com o Youtube, o Facebook, o Twitter…
Mark –
É, por um lado as coisas ficam mais difíceis e, por outro, mais fáceis. Mas são as bandas que devem encontrar o equilíbrio que funcione do jeito certo.

Arianne – Agora mudando mais um pouco de assunto, gostaria de perguntar sobre seu dueto com Floor Jansen no último álbum do ReVamp. Como foi a experiência de trabalhar com ela novamente?
Mark –
Foi muito bacana! Ela cantou comigo várias vezes em projetos ao vivo e também com o Epica, como se pode ver no DVD Retrospect, e agora foi a vez de retribuir um favor, digamos assim, pois fiz parte de um projeto pessoal dela. Eu acredito que o último álbum do ReVamp tem muito mais identidade, foi um grande passo a frente se comparado com o primeiro, e fiquei muito feliz por fazer parte dele. O legal é que também conheço muito bem alguns dos outros integrantes, são meus amigos pessoais. O guitarrista Arjan Rijnen, por exemplo, está trabalhando como roadie para o Epica. As duas bandas são bem conectadas, e foi ótimo trabalhar com eles naquela música. Eu acredito que o resultado ficou muito bom.

Arianne – Você tem algum outro projeto paralelo ao Epica agora do qual possa falar?
Mark –
Eu tenho uma banda além do Epica, o Mayan, com a qual lancei dois álbuns e fiz uma turnê até agora. Nosso último trabalho foi Antagonize, que saiu praticamente ao mesmo tempo em que The Quantum Enigma (Epica), então foi um ano muito atarefado para mim. No momento, há muito mais coisas acontecendo com o Epica, o que não me permite focar muito no Mayan. Também estou trabalhando num projeto estilo “Pop Opera” com a Laura Macri, algo completamente diferente que combina música clássica com elementos da música pop. É bom fazer algo não usual, pois você acaba tendo muito mais inspiração para o que já fazia antes, o que é muito interessante. Fazendo coisas diferentes, é possível descobrir novos horizontes e me renovar, possibilitando trazer novos elementos ao meu trabalho com o Epica.

Arianne – Você comentou sobre o último ano, o fato de estar muito atarefado. A vida na estrada é muito difícil para você?
Mark –
Para mim, não. Eu gosto de estar na estrada, apesar de não conseguir dormir muito bem no ônibus… Acredito que a única parte difícil é ficar preso em aeroportos, pois a impressão é de que você está dentro de uma prisão: são sempre os mesmos tipos de lojas, procedimentos, tempo de espera, tudo é o mesmo! Todos os aeroportos do mundo são iguais, é horrível! Essa realmente parece ser a única desvantagem de se estar em turnê.

Arianne – Você tem alguma mensagem em especial aos fãs brasileiros?
Mark –
Eu gostaria de dizer que estou muito ansioso pela turnê no Brasil e que tenho altas expectativas quanto ao público brasileiro. Espero que possamos fazer uma grande festa novamente, pois quanto mais energia nós recebermos de vocês mais conseguiremos retribuir no palco, então, literalmente, eu mal posso esperar!

Arianne – Muito obrigada pela entrevista e nos encontramos nos shows!
Mark –
Ok, obrigado! Estaremos esperando! ;=)

 

 

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