Texto por Clovis Roman – Fotos por Eliseu Tisato & André Smirnoff – Edição por André Luiz
Após alguns anos, e com novos músicos, o Angra retornou à Curitiba, colocando um bom público no espaçoso Master Hall. Boa parte da galera já havia entrado na casa quando a primeira banda, Devil Sin, subiu ao palco. Depois deles, veio o grupo Semblant, que recém lançou seu disco Lunar Manifesto. Por questões de logística, não pudemos conferir as apresentações.
Com uma pontualidade impressionante, as 23h59m começou a rolar a introdução do Angra, que deu início, instantes depois, com dois clássicos absolutos: “Angels Cry” e “Nothing To Say”, durante as quais dois pontos ficaram bem evidentes. Primeiro: o cantor italiano Fabio Lione está muito mais confortável como frontman da banda. O cara deu uma segurada nos gritinhos agudos, num resultado mais que satisfatório. O outro ponto de destaque é a alegria da banda no palco. O Angra sempre foi uma banda descontraída em seus shows, mas o que Curitiba viu foi uma banda tão, mas tão feliz, que as vezes até parecia forçado. O que no final das contas é bom, pois mostra que eles vivem um bom momento após tantos problemas.
A banda resolveu focar em seus álbuns mais inspirados, e por isto, deixou de fora Aqua e Aurora Consurgens (que não são discos ruins, mas estão aquém dos anteriores, inegavelmente). Foi de Rebirth (2001) que veio quase um terço do set, sendo cinco músicas, incluindo a faixa título, a belíssima “Millenium Sun” e a épica “Acid Rain” (a galera cantando a introdução foi muito bacana). Ainda coube “Bleeding Heart”, faixa bônus do referido trabalho, executada apenas por Rafael Bittencourt no violão e voz, momento sublime. Bem que poderia ter emendado com uma “Reaching Horizons”, outra pérola da banda.
Indo rumo ao final de sua apresentação, o grupo mandou a estupenda “Gentle Change” (uma obra-prima presente no álbum Fireworks, comumente esquecido pelos fãs) e a veloz “Spread Your Fire”. A volta pro encore foi rápida, e então, conferimos execuções primorosas de “Rebirth” (cujo solo é belísimo), “Carry On” e “Nova Era”, clássicos absolutos e indispensáveis em qualquer show da banda. Após os aplausos e daquela foto marota com a galera ao fundo, o Angra se despede e vai embora. O público então começa a chamá-los novamente ao palco, e o inesperado aconteceu. Fugindo do “script”, o grupo retornou e mandou uma música sem ensaio. A prova de que foi mesmo improvisado o esquema é que Fabio Lione simplesmente não sabia cantar a música – no caso, “Angels And Demons” – e apenas balbuciou alguns versos, pedindo, na maior parte do tempo, para a galera cantar.
O resultado do show como um todo foi positivo. Que esta boa vibração do Angra se reflita no disco que estão produzindo. A banda merce voltar a lançar materiais de altíssima qualidade, assim como o público da banda merece um trabalho mais consistente que os últimos.
Setlist
Angels Cry
Nothing to Say
Waiting Silence
Time
Evil Warning
Lisbon
Millennium Sun
Winds of Destination
Bleeding Heart
Gentle Change
Acid Rain
Deus le Volt!
Spread Your Fire
Rebirth
Carry On
Nova Era
Angels and Demons