Texto por Clayton Franco – Fotos por Givaldo Meneses
Para quem gosta de bandas clássicas dos anos 70 e 80, mas que sempre ficaram em segundo plano, a safra de shows no Brasil está excelente. Quando eu digo “em segundo plano”, não é de forma negativa ou para fazer demérito da banda, mas sim, bandas realmente legais com um som original e forte no que se propunha a fazer, mas que infelizmente não alcançaram o mainstream e a grande mídia. Temos um exemplo clássico deste pensamento: o Saxon, que embora se encaixe nestes requisitos, por falta de apoio da grande mídia (e quem sabe um bom empresário) nunca se tornou um Iron Maiden. E quando digo “shows no Brasil”, é realmente Brasil afora, pois já faz algum tempo que algumas produtoras estão levando estes shows para outros lugares de nosso mundão e não apenas em SP, RJ e Curitiba. São nestes requisitos que se encaixam os shows das bandas OMEN e MANILLA ROAD, ocorrido no Hangar 110 em São Paulo.
Em primeiro lugar, antes de falar do show em si, e voltando em algo que disse no primeiro paragrafo, é de se parabenizar a produtora (Open The Road) pela coragem de trazer bandas interessantes, mas que nunca chegaram a estourar em sucesso e, além disto, vir a desbravar o Brasil com a tour. Manilla e Omen não contemplaram apenas São Paulo e Rio de Janeiro com seu heavy metal, mas também levaram suas músicas para Limeira e Londrina. Não é de hoje que o público de metal no Brasil esta aumentando, e mesmo assim os shows em outros estados e no interior de SP continuam a ser raridade. É louvável a coragem da produção em inovar neste aspecto não apenas com esta tour, pois ainda teremos DRI que passará por Belém, Goiânia e Porto Alegre e o Blaze com Tim Ripper que desbravarão Volta Redonda, Belo Horizonte e Sorocaba.
Voltando ao show em si, infelizmente por problemas pessoais de doença na família, este repórter chegou atrasado ao local do show e perdi uma boa parte do show inicial. Ai se dá a primeira perplexidade da noite, pois apenas ao chegar ao local do show descobri que a primeira banda da noite seria o MANILLA. Tanto pela história da banda, como pelos discos lançados, acreditei que ela seria a última da noite (nada que desmereça o OMEN, mas devido à banda ter mais clássicos lançados). Adentrei ao Hangar e o show do Manilla já corria solto e há algum tempo, pois já estavam tocando “Road of Kings”, uma de suas mais famosas músicas. Colhendo algumas impressões com outros amigos que chegaram mais cedo, pude saber que Mark Shelton detonou na guitarra mostrando toda sua técnica e felling em músicas como “Death by the Hammer”, “Divine Victim” e “Open the Gates”.
Tirando o tempo que perdi do show, pude acompanhar “The Ninth Wave”, “Crystal Logic”, “The Ram” e o bis com “Necropolis e “Heavy Metal to the World”. Contando o show todo, a banda tocou em torno de uma hora apenas de show, e que embora o set list tenha sido recheado de clássicos (para sua primeira tour no Brasil a banda preferiu fazer um set list com as músicas mais famosas da carreira do que divulgar o álbum “Mysterium” lançado no fim de 2013), ainda deixou um gosto que quero mais aos presentes que esperavam um show mais completo e de maior duração. Mas, em pouco tempo sobre o palco, Mark Shelton mostrou seu perfeccionismo em executar as músicas da maneira como foram gravadas e Bryan “Hellroadie” Patrick continua sendo a grande voz para cantar clássicas canções baseadas em lendas Vikings e narrar tenebrosos contos de Allan Poe.
Pouco tempo depois do gostinho de “quero mais” que o pessoal do Manilla deixou, era a vez da banda OMEN subir ao palco. Começaram em grande estilo com “Death Rider” já emendando as músicas “Dragon’s Breath” e “Ruby Eyes (of the Serpent)”. O público acompanhava o show com gritos nas horas pedidas por Kevin Goocher e muitas palmas. Por essa trinca inicial do show, víamos que o publico não estava na casa apenas pelo Manilla Road, e muitos conheciam a carreira do Omen, sendo tão bem recepcionados quanto o pessoal da banda inicial.
O show continuava com “The Axeman” e “1000 Years Reign”, seguidas por “Last Rites” e a dobradinha de “Warning of Danger” e “Be My Wench”. Percebia-se que o show seria baseado em grande parte no “Battle Cry”, petardo inicial da carreira. Todos no palco demonstravam em suas feições que estavam felizes de tocar para o público tupiniquim, inclusive Kevin Goocher elogiou muito o público presente, embora tenha reclamado muito do calor que se faz no Brasil (isso porque se apresentou em uma época relativamente fria, imagina como seria se viesse nos meses mais fortes do nosso verão).
O show já se encaminhava para sua parte derradeira com “Don’t Fear the Night” e “In the Arena”, mas o que realmente levantou todo o público presente foi “Termination” e a dobradinha final com “Battle Cry” e “Teeth of the Hydra”. Se os presentes precisavam de um tiro de misericórdia em suas gargantas de tanto cantar a noite toda, esse tiro foi dado no bis com “Die by the Blade”. E a alegria final era visível não apenas sob o palco, mas na face de todos presentes que puderam ver membros da formação seminal do Omen fazer um show arrasador para um público que em muito contribuiu para o show. Vale destacar também o momento emocionante no qual a banda elogiou o vocalista Kimball (primeiro vocal do grupo) que a mais de 10 anos se foi, graças a ingrata doença do câncer que também nos tirou o Ramones e o mestre Dio.
Como resultado final, ambos os shows foram surpreendentes, a participação do público e a interação das bandas com os presentes foram sensacionais. Esperamos outros grandes shows como estes e futuramente, que a dobradinha das bandas desta noite possa voltar em nosso país e desbravar muito mais nossas terras levando sua música competente a outros bangers que não puderam presenciar a grande noite que tivemos. Fica aqui meus agradecimentos finais a Open The Road pela belíssima produção, ao Maicon Leite pelo credenciamento do nosso veículo de imprensa e ao Hangar 110 por abrir suas portas para a realização do evento.
