Texto por André Luiz – o conteúdo expresso reflete a opinião do autor, é de inteira responsabilidade deste
Fotos por divulgação e MRossi (T4F)
Em períodos com hiatos de grandes shows ou festivais e lançamentos, ainda por cima com o foco na Copa do Mundo e tudo que o rodeia, corriqueiramente uma notícia tida “polêmica” repercute na mídia trazendo de volta ao centro das discussões velhos personagens, e quase sempre não estando em pauta uma nova composição. Nas últimas semanas ocorreram duas situações neste sentido envolvendo o vocalista do Metallica com sua apreciação por caça a animais selvagens e o Raimundos com seu ex-vocalista convertido ao evangelho reiterando um suposto arrependimento pelo seu passado com a banda.
James Hetfield não de hoje demonstra ter a caça como hobbie. Há imagens e vídeos na internet comprovando este fato (os quais não perderei tempo inserindo aqui por não ser o foco deste texto), mas a divulgação da presença de James como narrador de um documentário no History Channel sob o título “The Hunter” despertou a ira de ativistas os quais lançaram uma petição online contra a participação do Metallica no tradicional festival britânico Glastonbury. Mas de fato, o que tem a ver gosto pessoal do músico com sua atuação musical e de que forma esta situação interfere na banda? O Iron Maiden é menos banda porque Bruce Dickinson é piloto profissional de avião nas horas vagas? O Judas Priest é menos banda porque Rob Halford é assumidamente homossexual? É por conta do lado “caçador” de seu frontman que o Metallica demorou duas décadas para lançar um ábum “aceitável” mas que não reflete seu histórico thrash metal oitentista? Ou vai me dizer que o Death Magnetic comparando com álbuns desta última década é melhor do que um Tempo Of The Damned do Exodus ou Enemy Of God do Kreator? Não tenho pretensões de afirmar sobre estoque de criatividade ter sido usado até o black álbum ou a banda ter sido contaminada pelos dólares e exposição no mainstream norte-americano, mas o fato é que por duas décadas o Metallica tem voltado á tona na mídia por assuntos relacionados a Napster, troca de baixista, Dave Mustaine, “cano” em tour brasileira por cansaço, rivalidade fãs Maiden/Metallica, Big Four, show na Antártida e afins, mas musicalmente falando lançou dois álbuns com covers, um orquestrado, um de gosto duvidoso (St. Anger) e um como citei anteriormente “aceitável” (Death Magnetic).
Da mesma forma pode-se citar sobre os Raimundos, banda nacional a qual alcançou o sucesso no final dos anos 90 e que após a saída de Rodolfo Abrantes em 2001, retorna a mídia mais por conta de discussões entre o vocalista com seus ex parceiros de banda do que pela apresentação do grupo em festivais como o Lollapalooza este ano. Doze anos após seu último lançamento de inéditas, os Raimundos voltaram a tona com o álbum Cantigas de Roda, retomando a linha maliciosamente escrachada em suas letras do ápice de sucesso na mídia, mas em meio a tour de divulgação novamente volta a tona o assunto Rodolfo e sua saída do conjunto, roubando temporariamente a cena. Sinceramente, se as pessoas fazem coisa errada não podem colocar a culpa em terceiros ou em situações de momento como “sucesso subindo à cabeça”. O arrependimento sincero é apregoado na Bíblia como primeiro passo para redenção, porém a subsistência através deste mesmo período até os dias atuais do que se trata? Por mais que o Rodolfo tenha composto material para outras bandas e projetos, é evidente que mais da metade de seus lucros com direitos autorais (para ser muito generoso) sejam fruto dos tempos de Raimundos e mesmo a exposição de mídia que o mesmo recebe até os dias de hoje é decorrente deste período. Estranho é não haver arrependimento quando o valor mensal referente aos direitos autorais não são depositados, nem que este seja doado a instituições como “símbolo de renascimento de um novo ser”, pelo contrário, o assunto redenção volta e meia retorna a mídia trazendo velhos personagens e discussões supostamente enterradas ao centro das conversas… O importante é retomar a carreira com foco no seu trabalho próprio como fizeram Digão e Canisso, em seu próprio suor, porque uma entrevista como esta passa mais impressão de tentativa de retorno a mídia por meio de “velhas polêmicas”.
Exodus: sai Rob Dukes, retorna Steve “Zetro” Souza
Acho engraçado como as “diferenças musicais” dias antes daquela tour sul-americana de uma década atrás ficaram de lado. OK, Zetro Souza DEPOIS do grande Paul Ballof foi A VOZ do Exodus, mas há mais coisa acontecendo nos bastidores para ocorrer este “descarte” do Rob Dukes de uma hora para outra. E os petardos do Shovel Headed Kill Machine por exemplo, continuarão sendo executados ao vivo ou serão descartados do setlist como seu vocalista original? Mais cenas nos próximos capítulos…
Lançamentos com grande expectativa
No âmbito internacional, foi anunciado para o final de setembro o retorno da banda Sanctuary (Photo by Patrick Häberli) com o lançamento de The Year The Sun Died pela Century Media Records (dias 30 e 29 nos EUA e Europa respectivamente, sem previsão no Brasil até o momento) sendo 11 faixas inéditas e uma versão para o clássico “Waiting for the Sun” do The Doors. A contar pela recente passagem de Warrel Dane em tour solo pelo Brasil, o trabalho promete.
Já o Judas Priest semana após semana libera previews ou faixas completas do aguardado 17º lançamento de inéditas da banda, Redeemer Of Souls, com previsão de lançamento para julho. O álbum que marca o debut em estúdio do guitarrista Richie Faulkner traz Rob Halford, Glenn Tipton, Ian Hill e Scott Travis retornando as raízes do heavy tradicional que marcou a trajetória da banda. Abaixo pode-se conferir a que destaco como melhor das três músicas completas disponibilizadas até o momento, a própria faixa-título Redeemer of Souls.
Já no Brasil, em meio a avalanche de materiais sendo disponibilizados, destaco dois lançamentos. A iniciar pela banda curitibana Semblant com o álbum Lunar Manifesto a ser lançado dia 11-julho, a qual disponibilizou lyric video para o single “The Shrine” (pode ser conferida abaixo), trazendo um material surpreendente: da letra muito bem desenvolvida ao instrumental, interação dos vocais Sergio Mazul e Mizuho Lin, produção de primeira linha e uma clara evolução musical do Behind The Mask para este primeiro single. O álbum já está disponível na pré-venda da loja virtual da Shinigami Records (www.shinigamirecords.com).
Já o Voodoopriest traz a tona o vocalista Vitor Rodrigues (ex-Torture Squad) com um death-thrash de qualidade. Ao lado de Covero (guitarra), Renato De Luccas (guitarra), Bruno Pompeo (baixo) e Edu Nicolini (bateria), o Voodoopriest lançou no mercado o álbum conceitual Mandu, o qual conta a história verídica do índio Mandu Ladino que segundo release da banda “liderou a resistência contra o extermínio de tribos indígenas e invasão de suas terras pelo homem branco na região do estado do Piauí no início do século 18”. A faixa-título e primeiro single do álbum (que pode ser conferida no link abaixo) nos arremete ao trabalho de Vitor no período de TS, com vocais caracteristicamente marcantes que grudam na mente e riffs que empolgam. O álbum está disponível em áudio na íntegra no site oficial da banda (www.voodoopriest.com.br).