Texto e Fotos por Clovis Roman (Foto Ingresso por Drako Douglas)
Mais uma vez no Brasil, o Raven iniciou sua série de três apresentações no país com um show matador em Curitiba, que contou também com três bandas de abertura, que tiveram recepções bem distintas. A primeira a subir ao palco foi o Devil Sin, que tocou para praticamente ninguém. A banda, que distribuiu bebida e discos pra quem estava presente, tem como vocalista Kevan Gillies, nascido na Inglaterra, ex-integrante do grupo “Carne Podre” (a qual depois se tornou “A Carne”), que tocou bastante nas décadas de 80 e 90 na cidade. O Heavy Metal dos caras é simples, mas com bons riffs.
O Hazy Hamlet provou ter bastante fãs, pois durante seu set, a pista ficou cheia de gente, com vários cantando as músicas do grupo, a qual tocou por exatos trinta minutos (tempo justo para uma banda de abertura). Como destaque, posso citar “Jaws Of Fenris”, com bons riffs e solos de guitarra. O vocal, com leves nuances de Chris Boltendahl, de Arthur Migotto (que tem uma presença de palco, no mínimo, curiosa) também chamaram a atenção. E se você quer saber que tipo de som o Hazy Hamlet toca, basta conferir o nome de duas músicas tocadas: “Forging Metal” e “Symphony Of Steel”. Excelente.
Por fim, sobe ao palco o Beltane, banda de Irati, mas que conta com integrantes que moram em Curitiba. Infelizmente, boa parte do público saiu da pista em direção ao bar (que vende cerveja a bons preços, diga-se de passagem), restando apenas os fãs do grupo, que cantaram a agitaram com o setlist do grupo, o qual enfatizou suas composições mais recentes. Como previsto, “The Ritual” (do disco The Wheel Of Sabbaths, de 2006), a última do setlist, teve a maior receptividade. O vocalista Marco Bührer estendeu o microfone para a galera do gargarejo, deixando-os entoar o coro do refrão. O único “porém” ficou para a cover: “I Don´t Know”, de Ozzy Osbourne. A música é excelente, sem dúvidas, mas teria sido melhor ouvir outra composição autoral, como a ótima “Litha”, do disco citado. De qualquer maneira, o Metal com influências folk da banda foi o aquecimento perfeito para o show que viria a seguir.
Mais uma lenda do Metal sobe ao palco do Hangar, o Raven, e desde o início os irmãos Gallagher demonstraram que não vieram para brincadeira, afinal, já começaram com a dupla “Take Control” e “Live At The Inferno”. Uma aula de Metal de uma das mais importantes bandas que sacramentaram seu nome durante a década de 80. Apesar de não ter alcançado o estrelato como o Metallica – banda com a qual dividiram o palco em 1983, na lendária turnê Kill ´Em All For One – o Raven manteve-se na ativa sempre lançando materiais de qualidade indiscutível.
E apesar da homogeneidade em sua discografia, seu setlist foi baseado mesmo nos grandes clássicos. Afinal, mais da metade das músicas vieram de seus primeiros álbuns (ou seja, até All For One, de 83), e nenhuma das canções executadas pelo trio britânico tem menos de 25 anos. Ou seja, um deleite tanto para o público casual quanto para os fãs mais fiéis do Raven. Apesar de terem feito um setlist dos sonhos, o público curitibano mostrou sua já conhecida frieza, já que algumas interações do baixista e vocalista John Gallagher com a platéia parecem ter ficado no vácuo.
Ainda pudemos conferir um extenso solo de John, que usou o mesmo baixo vermelho eternizado na capa do ao vivo Destroy All Monsters. Os caras, mesmo já chegando perto dos 60 anos, mostraram muito profissionalismo, pois mesmo com alguns problemas no início do show, e com o baterista Joe Hasselvander (que já tocou no lendário Pentagram) e Mark Gallagher (guitarrista) passando mal, se entregaram totalmente ao Metal em cima do palco. E no final, o grupo atendeu diversos fãs que os aguardavam, devidamente munidos com incontáveis encartes de CD e capas de seus discos de vinil. Uma noite memorável.
Setlist (não está na ordem):
Take Control (All For One – 1983)
Live At The Inferno (Wiped Out – 1982)
Mind Over Metal (All For One – 1983)
Hard Ride (Rock Until You Drop- 1981)
All For One (All For One – 1983)
On And On (Stay Hard – 1985)
Stay Hard (Stay Hard – 1985)
Speed Of The Reflex (Mad EP – 1986)
Into The Jaws Of Death (Nothing Exceeds Like Excess – 1988)
Rock Until You Drop (Rock Until You Drop- 1981)
Wiped Out (Wiped Out – 1982)
Agradecimentos: Felipe Leite, Juliano Bertelli, Leonardo Barzi e Daniel Danmented pelo auxílio com suas impressões sobre o show.
Já que não há nenhum vídeo do show do Raven no Youtube, fiquem com a ótima apresentação do Hazy Hamlet: