Texto por Clayton Franco – Fotos por Beatriz Ferrari – Edição por André Luiz
ATUALIZADO EM 01/10/2020 – com os devidos créditos à REAL autora das imagens que ilustram esta matéria.
Apresentar “Doro Pesch” para quem gosta de metal, é como diria alguns: “Chover no molhado”. Impossível não conhecer esse nome e reconhecer seu talento, dedicação e contribuição para o Metal. Praticamente cinquentona, essa mulher foi uma das primeiras a trilhar o difícil caminho de ser uma vocalista feminina em um grupo de metal nos anos 80. Se hoje temos muitas mulheres participando ativamente da música pesada (principalmente as ditas bandas góticas), muito se deve a abertura de espaço que Doro, como também Lita Ford, Susie 4 e Girlschool fizeram nos anos 70 e 80. Dona de uma voz poderosa e selvagem, Doro começou no grupo Warlock em 1984 com o disco “Burning the Witches” e após quatro discos de relativo sucesso, as constantes mudanças de formação levaram-na a optar por uma carreira solo, tendo em vista que era a única da formação original do Warlock. A partir de 1989, com seu quinto disco “Force Majeure”, sua carreira solo deslanchou alcançando um público mais amplo e tours maiores por vários países. E agora, em pleno 2014, Doro comemora 30 anos de carreira em uma grande tour denominada “Doro: 30 Years Strong & Proud”, a qual o Brasil teve a oportunidade de sediar dois shows, entre eles, um em São Paulo, do qual trata essa resenha.
Para começar, o show aconteceu justamente no “Dia Internacional da Mulher”… Nada melhor do que comemorar esta data com um show da Rainha do Metal. Com a casa praticamente lotada, as 19h30m em ponto inicia-se a apresentação com “I Rule the Ruins”, seguida de “Burning the Witches”. A banda demonstrava grande empolgação, e Doro corria de um lado ao outro (mesmo no palco diminuto do Carioca Club) animando a todos os presentes. Agradecendo a presença do público e dizendo o quanto é maravilhoso tocar no Brasil, Doro continua a colocar fogo no show com “Fight for Rock” e “The Night of the Warlock”. Neste ponto, já era possível notar algo no setlist. Embora a tour fosse para comemorar os 30 anos de carreira da Rainha do Metal, o show seria calcado nas músicas dos primeiros 4 discos gravados com o Warlock. Para muitos, inclusive este que escreve a resenha, a melhor e mais inspirada fase da Doro (mesmo com as constantes mudanças na formação do Warlock).
O show prossegue com a execução de “Without You” e “Raise Your Fist in the Air” (segunda canção solo da noite), seguida por “True as Steel” que literalmente levantou o público presente. Entre uma canção e outra, podia-se notar o sorriso de Doro para com o público, dizendo o quanto os brasileiros eram especiais e agradecia por proporcionar a ela a felicidade de estar cantando naquela noite. Após os agradecimentos, temos a execução de “Revenge” (terceira canção solo da noite), seguida por uma pedrada das antigas: “Für Immer”. O show já encaminhava para seu final e foi exatamente com “Earthshaker Rock” que Johnny Dee teve a oportunidade de fazer seu solo de bateria no meio da música. Geralmente não gosto de solos de bateria, mas este realmente empolgou. Não apenas por ser rápido e direto, mas pela inclusão da batida inicial de “Run to the Hills” do Iron Maiden (reconhecida de imediato pelos presentes) e também pela inclusão de “I Love It Loud” do Kiss, com participação massiva do público em seu coro.
Após o retorno de toda a banda para o palco, o show volta com “We are the Metalheads” que Doro gravou como tema do aniversário de 20 anos do festival alemão Wacken Open Air. O que se viu após, foi um dos momentos mais emocionantes e carismáticos do show. Doro discursa sobre o quanto foi importante para o heavy metal a pessoa de Ronie James Dio e o quanto sua amizade era importante para ela. Tomada pela emoção, canta a musica “Hero” feita em homenagem ao baixo, e transpassa para todos os presentes a emoção que sentia. Mas, deixando a lembrança triste de seu falecimento de lado, o show volta a empolgar com o emocionante cover de “Breaking the Law” do Judas Priest que novamente levou todos a cantar o refrão a plenos pulmões. E se o público já estava sem voz após Breaking the Law, Doro dá o tiro de misericórdia nas gargantas dos presentes com “All We Are”, clássico absoluto do Warlock.
Ao retornar ao palco, Doro recebeu uma placa em sua homenagem por sua contribuição para música, no que foi possível ver em seus olhos o quanto ela estava emocionada e honrada com o presente. Neste clima festivo, temos o encerramento do show com “Hellbound”, na qual Doro novamente agradece a presença de todos, dizendo o quanto ama os brasileiros e prometendo retornar em breve o país. Um detalhe o qual pôde ser notado é que após o encerramento do show, ela mesma fez questão de recolher todos os presentes que foram jogados no palco, demonstrando humildade junto aos fãs. Aliás, essa humildade foi demonstrada seguidas vezes no show, principalmente nas músicas em que Doro descia até o cercadinho na frente do palco para cantar com o público e abraça-los.
Esperamos que Doro não demore a presentear nossas terras tupiniquins com sua performance vigorosa. Que a Rainha do Metal, sempre nos brinde com suas tours. Deixo aqui meus agradecimentos a Costábile Salzano Jr. (The Ultimate Music – Press) e 8X8 Live pela atenção e credenciamento.