Esse é um post tradicional aqui no site. Excepcionalmente em 2013 a lista foi elaborada apenas pelo repórter/editor Rodrigo Gonçalves.
2013 foi um ano atípico para a música. E digo isso como sendo algo positivo. Foi definitivamente um ano de excelentes lançamentos. Alguns até surpreendentes, eu diria. Caso dos ingleses do Carcass, que após 17 anos de hiato lançaram aquele que é sem dúvida o melhor disco do ano. Ou mesmo do Black Sabbath, que após ver a reunião com Ozzy Osbourne em 1997 não render um trabalho de estúdio, finalmente conseguiram lançar um novo álbum, sucesso de crítica e público, tendo alcançado o primeiro lugar em vários países. A lista tem surpresas como o Hatebreed, a nova banda The Winery Dogs e nomes consagrados como Saxon e Bad Religion.
Vamos à lista:
Carcass – Surgical Steel
O primeiro lugar da lista vai com sobras para o Carcass. De maneira surpreendente, no fim de 2012, Jeff Walker e Bill Steer deram a entender que estavam gravando um novo trabalho de estúdio após 16 anos, notícia que veio a ser confirmada no começo de 2013. Em setembro, Surgical Steel foi lançado e imediatamente caiu no gosto dos fãs e da imprensa especializada. Surgical Steel é um disco agressivo, com riffs excelentes, trabalho vocal espetacular, é o Carcass no seu estado mais puro sem deixar de soar atual. Parece que a dupla Walker/Steer retomou os trabalhos exatamente de onde paparam em 1996.
Black Sabbath – 13
O novo trabalho de estúdio do Black Sabbath foi certamente um dos mais esperados pelos fãs. E a expectativa foi recompensada com mais um trabalho sensacional dos inventores do heavy metal. O disco conta com elementos comuns à discografia do Black Sabbath e ajudaram a consolidar o nome do grupo perante fãs e imprensa, como os riffs pesados e marcantes de Tony Iommi, o baixo criativo e poderoso de Geezer Butler e o vocal inconfundível de Ozzy Osbourne.
13 foi um sucesso tão grande que alcançou o primeiro lugar nas vendas em dezenas de país. O novo álbum também rendeu uma turnê mundial para o veterano grupo, que passou pelo Brasil em outubro e teve público somado de 150 mil pessoas em 3 apresentações. No fim de novembro o grupo ainda lançou um novo trabalho ao vivo, chamado Black Sabbath Live… Gathered In Their Masses com registros feitos durante o começo da turnê mundial.
Hatebreed – The Divinity of Purpose
Quando comecei a elaborar essa lista, tive a leve impressão de que seria xingado pelos saudosistas que ainda torcem o nariz para o metalcore por ter colocado o Hatebreed em lugar de destaque. Mas o fato é que o sexto trabalho de estúdio da banda de New Heaven é facilmente um dos melhores lançamentos do ano em termos de música pesada. Desafio qualquer barizon a colocar “Put It To The Torch” para tocar bem alto e não sair por aí com vontade de quebrar a casa inteira ou fazer rodinha punk até mesmo com os móveis da sala.
Dream Theater – Dream Theater
Mantendo a media de lancer um disco novo a cada 2 anos, 2013 foi um ano intenso para o Dream Theater, que trabalhou em duas frentes: o novo trabalho de estúdio o novo lançamento ao vivo. O novo trabalho de estúdio, auto-intitulado, foi o primeiro em que o novo baterista Mike Mangini pôde participar efetivamente do processo de composição, fato que fica evidente ao escutar o disco com mais atenção. Ao contrário do que vinha acontecendo com seus últimos lançamentos, Dream Theater tem mais momentos de peso do que de músicas mais calmas, fato que foi amplamente apreciado pelos fãs. “The Enemy Inside”, “The Bigger Picture” e a sensacional “Illumination Theory” são os momentos de mais destaque do trabalho.
Bad Religion – True North
O décimo sexto álbum de estúdio da lenda do punk rock americano foi lançado três anos após The Dissent of Man e superou e muito o seu antecessor. True North traz o Bad Religion novamente em grande forma, com músicas memoráveis, como a faixa título, “Past is Dead” e a sensacional “Fuck You”. Para divulgar o novo lançamento, a banda saiu em turnê mundial e os brasileiros terão a chance de conferir um excelente show em fevereiro. Em algumas noites a banda chega a tocar 31 músicas.
Saxon – Sacrifice
Um dos grandes nomes do heavy metal britânico, o Saxon é uma daquelas bandas que quase sempre lança o mesmo disco, mas ainda assim eles quase sempre são sensacionais. Com Sacrifice não é diferente. Embora o vocalista Biff Byford tenha dito que a intenção era voltar a fazer um som mais “cru”, como nos primeiros álbuns, Sacrifice é um álbum grandioso, que consegue agradar os fãs das diversas fases da banda.
Anthrax – Anthems
Sei que colocar um disco de covers numa lista de melhores do ano não é uma atitude muito sensata, mas o último lançamento do Anthrax é tão espetacular que mereceu um lugar no meu top 10. Os últimos anos definitivamente tem sido excelentes para o Anthrax. E o grupo resolveu celebrar o bom momento com uma homenagem aos clássicos de bandas e artistas que serviram como influência para a própria banda. Em Anthems podemos ver o Antrhax no topo de sua forma fazendo releituras estupendas de clássicos do Rush, AC/DC, Thin Lizzy, Journey e outros.
Ghost – Infestissumam
Um dos lançamentos mais aguardados de 2013 foi Infestissumam, o segundo álbum de estúdio da banda sueca Ghost. Após ganhar destaque em 2010 com o lançamento do excelente Opus Eponymous, a banda de Papa Emeritus e das Bestas Sem Nome lançou em abril desse ano seu mais novo disco. Confesso que em um primeiro momento não gostei do novo trabalho, mas aos poucos fui me acostumando. Músicas como “Per Aspera ad Inferi”, “Secular Haze” e “Year Zero” estão entre as melhores do disco, que conta ainda com um improvável, porém excelente cover da música “I’m A Marionette” do ABBA.
Joe Satriani – Unstoppable Momentum
Confesso que não sou exatamente um fã de música instrumental. Mas como ultimamente tenho mergulhado cada vez mais em vertentes do rock que prezam pela parte instrumental, como o rock progressivo, foi um passo natural começar a me interessar mais por esse tipo de música. E o mais novo disco do mestre das seis cordas ganhou um lugar na minha lista de melhores do ano.
The Winery Dogs – The Winery Dogs
Quando Mike Portnoy deixou o Dream Theater em 2010, disse entre outras coisas que gostaria de explorar mais vertentes de seu talento musical. Desde então o músico participo de várias bandas e projeto, mas nada que merecesse muito destaque. O curioso é que o destaque foi alcançado com uma empreitada que por pouco não saiu do papel.
Pouco tempo depois após sair do Dream Theater e tocar com o Avenged Sevenfold e o Adrenaline Mob, Mike se juntou ao baixista Billy Sheehan e ao guitarrista John Sykes para formar um power trio. Devido a incompatibilidades com Sykes, a ideia acabou não rendendo muito mais do que alguns ensaios. Foi quando o famoso DJ Eddie Trunk sugeriu que Portnoy e Sheehan procurassem o guitarrista e vocalista Richie Kotzen.
Foi a combinação perfeita. As coisas fluíram de maneira tão boa que logos os músicos entraram em estúdio e registraram um dos melhores trabalhos de 2013. O auto intitulado álbum de estreia da banda é um disco excelente, um hard rock vigoroso e bem tocado, com os três membros da banda mostrando porque são referências em vários estilos.
Como só tinha espaço para 10 discos, tive que deixar de for a bastante coisa legal usando um critério meramente pessoal. Menções honrosas vão para os novos trabalhos de Eric Clapton, Alice in Chains, Rod Stewart, Queens of the Stone Age, Soufly, Jon Oliva, Nine Inch Nails, Motörhead e Killswitch Engage.
Melhores shows
Pessoalmente, 2013 foi um de poucos, porém excelentes shows. Aqui vai uma lista dos melhores:
Ghost – Rock in Rio
A controversa banda sueca fez um show que desagradou a maioria das pessoas que estavam no Rock in Rio ou que assistiram pela televisão. Eu, particularmente, achei sensacional. A banda liderada pelo vocalista Papa Emeritus conseguiu reproduzir com fidelidade ao vivo todo o clima sombrio de suas músicas. Mas a melhor parte foi ter assistido o show ao lado de uma carola… E ela ter gostado tanto quanto eu da apresentação.
Megadeth – Praça da Apoteose
Apesar de ter lançado um disco apenas mediano em 2013, a banda de Dave Mustaine continua sendo excelente em suas apresentações ao vivo, fato comprovado pelos recentes shows que a banda fez no Brasil abrindo para o Black Sabbath. Dispondo de pouco tempo para criar um setlist, o grupo californiano foi extremamente inteligente ao mesclar clássicos absolutos como “Holy Wars” e “Peace Sells” com músicas da fase mais recente do grupo, caso de “Kingmaker”.
Carcass – São Paulo
Bem antes do lançamento oficial de Surgical Steel, a lenda britânica do metal extremo já havia saído em turnê e passou pelo Brasil em abril desse ano. Contando com a ajuda do guitarrista Ben Ash e do ótimo baterista Daniel Wilding, o grupo capitaneado pelo baixista/vocalista Jeff Walker e Bill Steer fez uma das melhores apresentações de uma banda de metal extremo nos últimos anos em terras tupiniquins. Foi a realização de um sonho poder escutar temas como “Incarnated Solvent Abuse”, “Corporal Jigsore Quandary” e “Heartwork”.
Slayer – Rock in Rio
Antes de mais, esse não foi mais apenas um show na longa relação do Slayer com os fãs brasileiros. 2013 foi um ano duro para a banda, que primeiro perdeu o baterista Dave Lombardo devido a desavenças monetárias e em maio Kerry King, Tom Araya e os fãs tiveram de dizer adeus a Jeff Hanneman, membro fundador do grupo que perdeu a vida vítima de uma doença hepática.
Jeff estava afastado da banda há cerca de dois anos após ter sofrido uma picada de aranha que quase o levou a perder o braço, morreu pouco antes de a banda começar sua turnê europeia.
Kerry e Tom decidiram que a melhor maneira de homenagear o amigo era cair na estrada e manter o legado de Jeff vivo todas as noites. Ao lado do guitarrista Gary Holt e do baterista Paul Bostaph, os membros fundadores da banda fizeram uma apresentação memorável no Rock in Rio, com direito a setlist especial e homenagem a Jeff Hanneman.
Black Sabbath – Praça da Apoteose
Esse facilmente entra para aquela categoria “nunca pensei que fosse acontecer comigo”. Num espaço de cinco dias, estive presente na entrevista coletiva que Geezer Butler e Ozzy Osbourne concederam no Rio de Janeiro e fui escalado para resenhar o show.
Uma tremenda responsabilidade para quem cresceu ouvindo a banda e até bem pouco tempo atrás apenas sonhava em assistir um show do grupo com 75% da formação original. E a realidade superou o sonho. Poder ouvir ao vivo músicas como “Black Sabbath”, “Snowblind”, “Paranoid” e outras, foi a realização de um sonho e o destaque absoluto de um 2013 repleto de boa música.
Sensacional!! O texto ficou ótimo!
Fiquei feliz tb pq falou do cd que eu não consigo ficar um dia sem ouvir (The Divinity of Purpose).
Viciante!
Feliz Ano Novo pra galera do Metal Revolution, muito sucesso e que 2014 seja melhor de shows do que ano passado.
Bjo
Meus parabéns pelo texto. Em termos de shows, particularmente achei esse ano muito bom, especialmente por ter visto Sabbath, Megadeth e Iron Maiden. Sucesso para vocês do Metal Revolution e que 2014 seja melhor ainda.