Texto por Clayton Franco. Fotos por Camila Cara para T4F (Time For Fun).
Vamos falar de música. O que significa a palavra “música”? Segundo o pai dos burros, conhecido como dicionário Aurélio, significa “arte de combinar sons”. Mas isso é algo muito amplo… podemos considerar como música o Rock Roll, Heavy Metal, Hard Rock, Death Metal, etc… assim como também é musica a Erudita, o Pagode, o Axé, o Reggae, etc… Então é um pouco estranho ver uma resenha de bandas de Reggae e musica nacional em um site quase que exclusivamente dedicado ao Heavy Metal em geral. Eu disse “quase que exclusivamente”. A mistura, muitas vezes é boa, e serve para abrir mentes e temperar as coisas. Foi exatamente este conceito que levou ao festival “Summer Break” no sábado, dia 7 de novembro, ao Anhembi. Uma mistura que reuniu poucas bandas (cinco na verdade) mas serviu para empolgar desdes os fans do rock anos 90 praticado pelo Dave Matthews Band, passando pelo rock alternativo do Incubus e com reggae praticado pelo Rappa.
Por volta das 2 da tarde, com o sol castigando a cabeça dos presentes, a banda “Nem Liminha Ouviu” teve o árduo trabalho de abrir o festival. Mesmo sobre o escaldante sol que não deu trégua, com o publico ainda adentrando o campo de marte, com o som ainda baixo e desregulado (que melhoraria ao longo do evento) e sem o telão para os mais distantes na pista normal acompanhar, a banda deu a cara a tapa com seu rock calcado em letras sobre protestos e com muitos covers do rock dos anos 80 brazuca. Podemos ver o teor das letras e protestos quando entre uma música e outra, já no final do show, o vocalista Tatola (ex-Não Religião), pediu aos gritos para a Dilma acabar com a corrupção em nosso país, já que temos potencial para ser “o mais rico do mundo, se essa corrupção chegasse ao fim”.
Após “Nem Liminha ouviu” (e muitos outros também não ouviram pois o festival contava com um grande publico chegando), foi a vez do grupo “Soldiers of Jah Army” (SOJA) subiu ao palco ainda sobre o sol escaldante. Aqui começa a mistura e o tempero do festival que eu citei no inicio. A mistura de Rock com reggae praticado pelo grupo empolgou o publico que demonstrou certo conhecimento de algumas musicas da banda. Com um set de 14 musicas, e tempo em torno de 1 hora, o grupo mostrou a que veio no Brasil… e sem nem todas as musicas eram conhecidas em terras tupiniquins, aquelas que o publico cantou literalmente agitaram o pessoal.
O sol já começava a dar trégua em torno das 17 horas, quando o Rappa subiu ao palco do festival para mostrar a sua mistura de rock com reggae. Se antes tivemos a mistura de uma banda americana, agora era a vez da banda brasileira. Com letras de forte impacto social, seu ritmo não é exatamente definido nem mesmo pela própria banda. Embora seja de início principalmente reggae e rock, a banda também incorpora elementos de samba, rap e MPB. Uma das canções que mais agitaram os presentes foi “Pescador de Ilusões” composta pelo antigo baterista do grupo Marcelo Yuka. Entre outras do set podemos citar a muito conhecida “Me Deixa” e o cover de “Everything Changes,” da banda SOJA, uma das inspirações para o grupo O Rappa e banda que abriu o seu show no festival. A mistura do festival também serviu para trazer bandas semelhantes e inspiradas uma nas outras de locais tão distantes como os EUA e Brasil. Ponto para a organização na ora da escolha do cast.
Já passada das 19.00 horas quando uma as bandas mais aguardadas do festival entra em cena. O “Incubus” foi muito bem recebido pelo publico que agitou quando o grupo entrou no palco. E seria cômico se não fosse trágico, ter sumido a voz de Brandon logo na primeira musica (Quicksand) retornando apenas na segunda canção da noite. Dentre canções novas e hits mais calmos, o grupo levou à galera a loucura com musicas como “Love Hurts”. Na execução de “Sick Sad Little World” pude presenciar muitas meninas (e mulheres também) chorando e gritando quando Brandon tirou a camisa para interpretar a musica. E nesse ritmo, fechou o set com “Pardon Me”.
As 21.30 era chegada a hora do headline do festival subir ao palco. A banda mais esperada por todos os presentes (incluindo este repórter) liderada por Dave Matthews inicia o show com “Don’t Drink the Water”. Empunhando um violão e arranhando em português um “Tudo bem?”, Dave prosseguiu o show intercalando antigas musicas com a o seu ultimo lançamento. Neste inicio de show, destaque vai para as belíssimas imagens que rolavam no telão ao som das musicas mostrando cartas de jogatina e diferentes olhares de pessoas. O publico realmente agitou com a dobradinha de duas das musicas mais conhecidas: “The Space Between” emendada com “Spaceman”. Já para o biz, o grupo executou uma longa medley com as músicas “Grey Street”, “Jimi Thing” e “ Two Step” onde vale destacar toda a improvisação entre as 3 canções tornando o show um momento único. Bela maneira de encerrar não apenas o show, como o festival.
Com o fim do headline, após a meia noite, resta fazer um balanço do festival. O saldo? Podemos dizer eu em grande parte positivo. Um publico, que se não lotou o campo de marte, não fez feio e compareceu em peso. Um local bem escolhido com fácil acesso ao metro (infelizmente o transporte foi prejudicado devido ao atraso entre as bandas e o horário que terminou o festival). Uma bela estrutura de som e palco e telão (que não funcionou no inicio do evento, mas depois foi arrumado). E o que realmente vale destacar é a mistura de estilos musicais que foi muito bem vinda. Aguardamos então as próximas edições e que ele venha a tornar-se parte do calendário de shows e eventos em terras tupiniquins. Abraços a todos!!!