Por Clayton Franco
Fotos cedidas por Givaldo Menezes
Algumas bandas são como um bom vinho. Tem um gosto especial e único e com o passar dos anos fica melhor ainda. Infelizmente, são poucas as bandas (e também os vinhos) que são assim. O UFO se encaixa nesse seleto grupo. Com mais de 40 anos de carreira (o primeiro disco foi lançado em 1970), a banda capitaneada por Phil Mogg nos vocais e Andy Parker na bateria (únicos remanescentes da formação original) é uma referência em se tratando de heavy/hard inglês. Para ter ideia de sua importância, podemos dizer que o grupo é uma das preferidas do baixista fundador do Iron Maiden “Steve Harris”, sendo que o Maiden utiliza a musica “Doctor Doctor” do UFO como abertura de vários shows e tours. A formação que completa o quinteto traz consigo Paul Raymond na guitarra base e teclados (veterano no grupo, tendo participado de várias formações do UFO e retornou em 2003), Vinnie More na guitarra principal (tendo entrado no grupo em 2004 e contribuído com uma modernização muito bem vinda nos últimos discos do grupo) e Rob de Luca no baixo. Sobre o ultimo, mesmo estando na banda desde 2009, é um musico contratado, não fazendo parte efetiva do UFO (vide as fotos de divulgação do grupo onde o mesmo não aparece). Os comentários de bastidores (nunca confirmado) é que o baixista original do grupo, Pete Way, um dos donos da marca UFO junto com Mogg e Parker não consegue controlar sua dependência ao álcool durante as turnês, e sua saúde extremamente debilitada aliada ao alcoolismo não o permite fazer tours com o grupo; por isso a presença de um baixista contratado. Embora não tenhamos sobre o palco um dos membros originais do grupo, Rob de Luca traz uma grande presença ao palco devido a sua jovialidade, correndo para todos os lados e sendo uns dos que mais agitam o publico pedindo a sua interação com o grupo. Mas, já falamos muito sobre o grupo, vamos direto ao show.
Pontualmente as 19:00 horas o grupo adentra ao palco. Muitos dos que foram ao show, contavam com certo atrasado do inicio do espetáculo (visto ser difícil vermos um show às 19 horas), mas o show começou pontualmente no horário divulgado no ingresso. Isso foi percebido durante o inicio do show, haja vista que a casa não estava completamente lotada nas duas primeiras musicas, mas o publico foi adentrado a ponto de no meio do show o Carioca Club estar próximo de sua lotação, tendo pouco espaço livre apenas no fundo da pista. E neste inicio de show, já pudemos perceber que Phil e sua trupe resolveram “botar pra fuder” logo de início, abrindo o show com uma das mais clássicas musicas do grupo: “Light Out” que fez com que todo o publico cantasse o pegajoso refrão junto com Mogg. Importante ressaltar que desde o inicio do show notava-se que o som estava bem regulado sendo audível de qualquer parte do ambiente e assim permaneceu durante todo o show. Mal terminando a primeira canção já emendam com “Mother Mary” seguida por “Fight Night”. Uma maravilhosa trinca musical para um começo de show que levantou todos os presentes. Phil agradece a participação do publico com um sincero “obrigado” dizendo que iria se comunicar com o pessoal em inglês mesmo, visto que passou o dia todo para aprender a falar um simples “obrigado” em português. Logo após essas poucas palavras de Mogg dirigidas ao publico que clamava por mais canções, o grupo atende aos apelos dos fãs executando os clássicos “Wonderland” e “Cherry”, sendo que esta segunda, embora tenha um ritmo mais lento do que outras tocadas durante a noite, não deixou o clima esfriar, pois teve grande participação do publico com palmas e acompanhamento do publico durante a sua execução. Alias, foi exatamente essa interação com os presentes que deixou a banda emocionada e feliz com a recepção dos brasileiros. Mogg agradece novamente por toda a receptividade e diz estar emocionado por tocar novamente para um publico tão barulhento como o nosso.
Como o show não pode parar, após as belas palavras de Mogg para com seu público o show continua com a execução de “Let It Roll”, “Burn Your House Down” e “Only You Can Rock Me” que assim como as primeiras musicas, também tiveram a participação de todo os presentes, seja cantando os refrões com o grupo ou simplesmente com as mãos para o alto. Alias, sobre a participação dos presentes devemos fazer um comentário à parte. Impressionante como os veteranos do UFO, em seus 40 e tantos anos de carreira, conseguem mesclar em seu show pessoas de todas as idades. Em meio a muitos cinquentões de cabelos e barbas brancas, notei muitos jovens na casa de 17 a 20 anos. Talvez, muitos eram famílias de pais e filhos assistindo ao show. Isso demonstra que o rock, quando bem feito e com qualidade, atravessa o tempo passando de geração em geração e conquistando sempre novas legiões de fãs. A participação do público se deu de forma educada, sem rodas de pogo, sem empurra-empurra, sem que a diversão de um atrapalhasse a do seu companheiro e show. Talvez, o único adendo que tenha que ser feito é que por duas vezes, Phil precisou chamar a atenção de uma única pessoa no show, que em dois momentos distintos estava importunando o publico. Infelizmente não domino a língua inglesa para transcrever exatamente o que Mogg disse para o rapaz, e nem o motivo que o fez levar a isso, mas tirando esse pequeno incidente o publico presente esta de parabéns pela participação e empolgação demonstrada durante toda a noite.
Tirando esse incidente, o show continua com “Love To Love” onde o que chamou a atenção de todos foi a sua introdução executada por Paul Raymond que teve nesta musica seu momento de maior aparição para o público. Esta canção também contou com uma parte acústica sendo executada por Vinnie Morre em um violão montado no canto do palco sobre um pedestal. Sobre Vinnie, já comentei no inicio da resenha a pegada mais moderna e jovial que o mesmo trouxe ao som do UFO, mas também devo parabenizar sua presença de palco. Junto do baixista Rob, ambos são os que mais agitam sobre o palco correndo para ambos os lados e convocando os presentes a levantarem a mão e participar em todas as canções. Muito se deve ao falto de ambos serem os mais jovens do grupo e terem essa disposição física e energia para um show de quase duas horas. Mas, Phil Mogg também não fica muito atrás, pois em vários momentos dança com o pedestal do microfone no palco, levantando-o e levando-o ate o publico para que todos cantassem. Logo após essa belíssima musica com direito a parte acústica, a banda agradece novamente ao publico e Phil faz uns comentários sobre a qualidade, o som e a idade dos amplificadores usados no show. Após esses poucos comentários temos a execução de “Venus” e “too Hot To Handle”, que literalmente levantou o público do chão. Para ter uma ideia do entusiasmo causado por essa canção, basta dizer que mesmo após ela ter acabado o público continuava cantando o refrão da música. Mogg, impressionado com esse agito da plateia, novamente agradece ao calor do publico brasileiro.
O show já caminhava para seu derradeiro final, e após todo o agito da musica anterior, nada melhor do que encerrar a primeira parte do show com um dos maiores clássicos da banda; estamos falando de “Rock Bottom”!!! Que antes de sua execução teve Phil apresentando Moore que deu inicio a execução desta ultima canção. Impressionante como esta musica possui um refrão tão simples, mas com um impacto tão grande em sua execução ao vivo. Novamente todos os presentes participam em peso, já sabendo que o show se encaminhava para o final. Ao término da música Mogg apresenta toda a banda e agradece a presença de todos. Mas, ainda não e o final do show. Após uma rápida parada para a banda recarregar as baterias, Phil e companhia retornam ao palco para a execução do bis. Todos achavam que já iriam iniciar com uma grande canção, mas antes disso Phil Mogg pede uma foto do povo presente para guardar de recordação. Uma grande honra para todos os presentes, que não se fizeram de rogado e levantaram as mãos e gritaram o nome da banda para a foto. Pena, a foto não conter o áudio, pois o publico literalmente colocou o Carioca Club abaixo nesse momento. Logo após essa foto, Raymond inicia a introdução da música mais conhecida de toda a sua carreira. Estamos falando de “Doctor Doctor”, que assim como as ultimas musicas executadas, levantou todo o publico para cantar. Houve inclusive alguns momentos que a voz do publico foi tão alta que encobriu os vocais de Phil. E sem deixar o show esfriar a banda emenda com a saideira “Shoot ShooT’ para encerrar um apoteótico show e nos deixar saciados. Alias, saciados não! Com uma vontade de quero mais, e um pedido para que a banda não demore mais 3 anos para retornar as terras tupiniquins. Finalizo por aqui, deixando um grande abraço a todos os que foram ao show, pois a interação e participação do público foi algo que contribuiu de forma substancial para a noite memorável que tivemos e um forte abraço a todos os leitores que acompanharam essa resenha. Até a próxima pessoal!