No dia do feriado da república, grande parte da gloriosa história do metal nacional se apresentou no palco do não menos lendário Circo Voador para um público ávido por shows de metal extremo de qualidade, artigo raro nessa cidade, diga-se.
A abertura da noite ficou a cargo do power trio gaúcho, Krisiun. Uma das bandas mais bem-sucedidas e reconhecidas do metal extremo, o Krisiun precisou de pouco mais de uma hora para violentar os tímpanos dos fãs cariocas naquela que, facilmente, pode ser considerada como uma de suas melhores apresentações na capital fluminense.
Apresentando-se diante de um grande público, os irmãos mostraram que não estavam de brincadeira e queriam fazer mais do que ser apenas a banda de abertura. E o fato de terem iniciado o show com o clássico “Kings of Killing” só corrobora a minha afirmação.
Contando com um setlist muito bem escolhido, com músicas que abrangiam todas as fases dos seus mais de 20 anos de carreira, como “Vicious Wrath”, “Combustus Inferno” e o clássico “Hatred Inherit”, o trio fez a alegria dos fãs. A sintonia entre público e banda era tão grande, que a plateia os impediu algumas vezes de iniciar a próxima música devido aos constantes gritos de “Krisiun.”
A banda encerrou mais uma grande apresentação no Circo Voador com aquele que talvez seja o seu maior clássico. Atendendo a um pedido dos fãs, “Black Force Domain” trouxe o Circo Voador abaixo. Ainda sobrou espaço para a maravilhosa releitura do clássico do Venom, “In League With Satan”, presente no disco Works Of Carnage, lançado em 2003. Preciso realmente falar mais alguma coisa de um show que começa com “Kings of Killing” e termina com “Black Force Domain”?
“Eu vim aqui para ver os irmãos Cavalera.” A frase dita por um amigo resume de maneira brilhante o sentimento da maioria dos fãs presentes ao Circo Voador que ou não tiveram a chance de ver os irmãos tocando juntos, ou só foram conhecer o trabalho dos dois um bom tempo depois da saída de ambos do Sepultura.
Com um atraso absurdo de praticamente duas horas após o fim da apresentação do Krisiun, cortesia de um problema de extravio de equipamento que fez a banda passar praticamente o dia todo no aeroporto, o Cavalera Conspiracy entrou em cena com uma tarefa indigesta pela frente. Superar o primeiro show da noite. E o objetivo, meus amigos, foi alcançado com louvor.
Problemas resolvidos, banda animada e com vontade de fazer um ótimo show e o público extremamente empolgado, foram os fatores que contribuíram para que todos tivessem uma noite inesquecível. Desde a abertura com as músicas “Warlord” e “Torture”, passando por “Refuse/Resist”, o primeiro clássico do Sepultura na noite, os irmãos Cavalera fizeram questão de demonstrar que, mesmo diante do cansaço, a intenção era proporcionar uma noite inesquecível aos seus fãs. E o público compreendeu e obedeceu de forma exemplar. Tanto que agitou nos temas mais novos como “Killing Inside”, “Blunt Force Trauma” e “The Black Arch”, música na qual Max teve ajuda de dois de seus filhos, Richie e Igor Jr. Foi muito legal notar que não houve qualquer tipo de rejeição por parte do público.
Mas, foi na parte dedicada ao Sepultura que os presentes agitaram e trouxeram o caos ao Circo Voador. Temas como “Territory”, “Attitude” e o medley com os clássicos “Arise/Dead Embrionic Cells” fizeram à alegria dos fãs e serviram para saciar (pelo menos em parte) a vontade de todos de ver a formação clássica do Sepultura reunida. “Inner Self”, um dos maiores clássicos do metal nacional em todos os tempos e a pesada e emblemática “Roots Bloody Roots” fecharam a apresentação em alto tom.
Confira abaixo uma galeria com fotos do show.