Texto por Clóvis Roman
Admito que com a enxurrada de excelentes shows rolando pelo Brasil, fica difícil irem todos. Terque escolher que banda deixar de ver para não perder outra é uma tarefa bem árdua. O show do Blind Guardian seria cortado fácil da minha lista (banda ótima, mas que pessoalmente não é das minhas favoritas), mas fiquei extremamente satisfeito em ser convocado para cobri-lo. Afinal de contas, é uma das mais importantes bandas de seu gênero, já tendo escrito várias obras-primas do Metal melódico.
Devido a um equívoco de minha pessoa, cheguei ao Curitiba Master Hall apenas às 21h. Sendo assim, perdi a abertura do Ancesttral, uma excelente banda paulista.
Com auxílio do sempre solícito Christian, do próprio Master Hall, adentrei logo nos acordes iniciais de “Sacred Worlds”, do mais recente disco dos alemães, ‘At The Edge Of Time’. Já no fim desta o vocalista Hansi Kürsch – de cabelo curto, o que impressionou alguns – já deu uma de diplomata e disse que finalmente após anos de sofrimento, a banda estava de volta a Curitiba. Porém, melhor que isto, foi a canção que veio na seqüência: “Born In A Mourning Hall”, Clássico com C maiúsculo mesmo, onde a galera não se furtou de cantar junto.
E entre outras músicas do recente trabalho, como “Tanelorn” e “Turn The Page” (que não rolouem São Paulo, no dia anterior), uma enxurrada de grandes composições, como “Nightfall”, “Time Stand Still (At The Iron Hill)” e a belíssima “Lord Of The Rings”, que você, caso não tenha vivido em Marte nos últimos 10 anos, sabe que livro serviu de inspiração.
Um momento surpreendente e até mesmo emocionante ocorreu em “Valhalla”: Após seu fim, o público começou a cantar seu refrão. A banda acompanhou um tempo, depois só o baterista. A banda para, mas a galera não. O batera volta a acompanhar, pois ninguém parava de entoar os versos “Valhalla – Deliverance; Why’ve you ever forgotten me?”. O frontman teve que intervir, caso contrário, o esquema tinha ido longe.
Para encerrar a primeira parte, Hansi anuncia a gigantesca “And Then There Was Silence In Curitiba” (aqui o nome dela foi este, oras). O quarteto (ou seria sexteto?) é de uma competência técnica absurda; impossível não se impressionar com o baterista Frederik Enmke, que tocava com destreza impar e muita força seu kit – tanto que sua baqueta saiu voando em determinado momento do épico em questão.
No encore, os caras chutaram o pau da barraca. Afinal, veio a maravilhosa “Imaginations From The Other Side”, do disco homônimo, seguida pela sublime “The Bard’s Song (In The Forest)”, e o fim esperado com “Mirror, Mirror”. Esta, onde em 2007 Hansi decepcionou com sua performance, foi o momento mais perceptível do cuidado do Blind Guardian em deixar as vocalizações mais próximas das versões originais; o tecladista fez backing junto a Kürsch nos tons mais altos, num resultado excepcional.
Montar um setlist é sempre algo complicado para bandas realmente boas (e este é o caso), afinal, ficaram de fora pérolas como “Bright Eyes” e “Banished From Sanctuary” (que rolou na tour anterior), mas certamente todos os presentes saíram com um sorriso de orelha a orelha. Bardos, voltem sempre que possível.