MICHAEL
SCHENKER GROUP
STONES MUSIC BAR, SÃO PAULO - SP
Review por Clayton Franco - Edição por André Luiz
Fotos por Myrna & Milton Purple (metalrevolution.net)
Michael
Schenker, para muitos, fãs da música pesada dos anos 70 e 80, apenas
este nome já diz tudo, um guitarrista reconhecido mundialmente tanto
pelas suas músicas como personalidade. Seu talento como guitarrista
é inegável, mas infelizmente, durante alguns períodos de sua vida, o
mesmo foi ofuscado devido a seus problemas com álcool, mas nos dias
atuais, mais precisamente na noite de 26 de julho no Stones Music Bar
em SP, o brilho na noite foi o seu apelo musical! Não apenas seu talento,
mas também simpatia, as melodias conhecidas por todos e os renomados
companheiros de banda. Para aqueles que perderam o show, me atrevo a
dizer que não apenas deixaram de ver apenas um show da banda MSG (Michael
Schenker Group), mas sim um dos melhores shows de rock que pude presenciar,
e olhe que costumo ir a shows desde os extintos Monsters Of Rock. Portanto,
por mais que eu escreva algo sobre o show, apenas palavras escritas
não poderão traduzir a emoção que este show e este guitarrista me proporcionaram...
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Antes de tecer
sobre o show em si, vamos falar um pouco mais sobre a figura
do senhor Schenker. Como músico, podemos dizer que ele começou
a tocar cedo, muito Cedo. Com apenas 16 anos de idade entrou
para a banda de seu irmão mais velho, Rudolf Schenker, da qual
não se tratava nada mais do que o Scorpions. Foi com os irmãos
Schenker que a banda gravou seu debut chamado “Lonesome Crow,”
em 1972, e durante os shows ingleses da tour deste disco que
Michael impressionou os integrantes da Banda UFO e foi convidado,
ainda que provisoriamente, para substituir Marsden na guitarras.
Como guitarrista solo no UFO, foi tão elogiado no seu modo de
tocar que acabou sendo efetivado na banda. É de autoria de Schenker
junto com Phill Mogg (vocalista do UFO), algumas de suas mais
conhecidas músicas, entre elas a clássica “Doctor Doctor” que
serve como abertura para várias shows do Iron Maiden. Mas como
nem tudo são flores, ainda no início do texto citei seus problemas
com a dependência alcoólica, foi exatamente a combinação de
bebidas com sua personalidade explosiva que colocou fim a estadia
no UFO. Para ser mais exato, ao longo dos cinco anos que ficou
na banda, sua relação com a mesma foi se desgastando aos poucos,
culminando durante o processo de mixagem do disco “Strangers
In The Night” em 1978. Mas guitarrista brilhante como era, e
com a banda de seu irmão indo muito bem, Schenker volta para
o Scorpions durante o processo de gravação e composição do álbum
Lovedrive. Durante a tour de promoção do disco, seus problemas
com o alcoolismo se agravam, sendo demitido alguns meses depois.
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Com uma personalidade forte
e temperamental para ser apenas um membro de um grupo, aliado a seu
crescente alcoolismo, Schenker se vê obrigado a montar sua própria banda,
a qual chamou de Michael Schenker Group logo no início dos anos 80.
Foi sobre a alcunha de MSG que o músico alcançou o estrelato, tendo
gravado com inúmeros músicos de renome, entre eles Graham Bonnet (Alcatrazz
e Rainbow) e Don Airey (Rainbow e Deep Purple). Voltou a tocar com seus
antigos companheiros do UFO na década de 90, gerando dois ótimos discos
de estúdio, mas novamente os ânimos entre Schenker e Mogg se acirraram,
culminando novamente com sua saída da banda. Em 2006, novamente se reúne
com seu irmão e os antigos companheiros do Scorpions para um show comemorativo
que ao seu findar rendeu um lançamento em DVD. Após esse período, reativa
o MSG gravando os discos “Tales Of Rock'n'Roll” em 2006 e “In the Midst
Of Beauty” nos fins de 2008. Foi exatamente com a tour desse disco que
o MSG desembarca no Brasil. Agora, depois de repassarmos um pouco a
carreira desse brilhante guitarrista, podemos entender melhor a dimensão
do show realizado no Stones Music Bar em SP, dizer no mínimo que se
trata de um momento histórico, tanto por podermos presenciar um guitarrista
com passagem por duas das bandas mais conhecidas e conceituadas do rock,
como por ser o seu primeiro e único show em terras tupiniquins.
Nunca havia ido ao Stones
Music Bar, por sinal uma excelente casa para shows, dotadas com bar
externo ao ar livre, espelhos d’agua e um amplo espaço para o show.
Não houve banda de abertura, e com uma casa que se não estava lotada
ao máximo, também estava longe de estar vazia, o show iniciou-se com
1 hora de atraso. Aos gritos de ‘Schenker’, a banda adentra ao palco
com os acordes de “RIDE ON MY WAY”, faixa do mais recente trabalho de
estúdio do MSG, lançado em 2008 intitulado “In the Midst Of Beauty”.
Embora seja uma música relativamente nova, ela já serviu para empolgar
o público para o espetáculo da noite, e foi uma grata surpresa ver que
muitos que lá estavam conheciam o novo trabalho do MSG, acompanhando
o vocalista Gary Barden em coro. Logo após, para levar ao êxtase os
fãs da fase mais antiga do MSG, Schenker manda em seqüência quatro músicas
dos dois primeiros trabalhos da banda, iniciando a quadra com “CRY FOT
HTE NATIONS” empolgando o público presente que canta e vibra em cada
acorde executado por Michael. Sem tempo para respirar, ao fim da música
emenda “LET SLEEPING DOGS LIE”. Incrível como essa música tem o poder
de cativar e fazer vibrar nossos corações. Não foram poucas as pessoas
que vi com os olhos brilhantes e o sorriso estampado no rosto acompanhando
este petardo. Ao seu final, temos a primeira parada para um rápido diálogo
de Barden, o qual sorridente e gentil, agradece a presença de todos
e diz que se tratava de uma noite especial por estar tocando para um
público tão animado na primeira visita do MSG ao Brasil. Barden aproveita
para anunciar que a próxima música fazia parte do primeiro trabalho
da banda de 1980, e o grupo manda “ARMED AND READY”. Nem preciso dizer
que o Stones Bar literalmente pegou fogo neste momento, tamanho o agito
dos presentes. Para fechar esse quarteto musical da época seminal do
MSG temos uma grata surpresa no set list. Estou falando de “ARE YOU
READY TO ROCK”.
Aproveitando
o público nas mãos graças às pérolas antigas executadas, o
MSG nos mostra mais do seu recente trabalho. Além do tema
de abertura do show, Michael, Barden e o restante da banda
executam “I WANT YOU” e “NIGHT TO REMEMBER”, composições presentes
no disco de 2008. Devo admitir que não conheço o último trabalho
do MSG e fiquei meio perdido nestas duas músicas, mas novamente,
assim como no início do show pude notar que vários dos presentes
cantavam-nas junto à banda, demonstrando que embora o Stones
Bar não estivesse cheio, aqueles que foram realmente conheciam
a MSG e não apenas seus clássicos. E por falar em clássicos,
este é o momento em que acompanhamos Michael em um retorno
ao tempo, mais precisamente a 1980, época do lançamento do
primeiro disco, álbum auto-intitulado. Para aqueles que são
dos áureos tempos do vinil e tinham por gosto ouvir música
acompanhando a letra em um encarte ou apreciando uma bela
arte de capa em tamanho grande (detesto as minúsculas capinhas
de cd), Michael executa a primeira faixa Lado B do seu primeiro
disco lançado “INTO THE ARENA”. Particularmente é uma música
que eu gosto muito com uma bela melodia e por ser inteiramente
instrumental. Pessoalmente se tratou de uma grande emoção
poder escutá-la ao vivo, visto que ela me trás lembranças
de algumas pessoas queridas e momentos vividos ao lado destas.
Bem, mas chega
de divagações de um repórter saudosista. Novamente agradecendo
os presentes e animando o público, Barden anuncia a próxima
canção, “LOST HORIZONS”, do segundo disco da banda. Aqui,
já para o meio do show, cabe um comentário interessante sobre
aqueles que acompanham Michael Schenker. Gary Barden dispensa
comentários, exímio vocalista dos tempos áureos do MSG que
agora de volta a banda, faz seu trabalho de forma excelente.
Fazendo uma dobradinha nas guitarras com o próprio Schenker
temos Wayne Findlay, um simpático “gorducho barbudo” que durante
o show inteiro sorria para o público presente, o qual também
era o responsável pelos teclados do grupo. Na bateria, ahhhhh,
o baterista, este é um caso a parte. O responsável pelas baquetas
era nada mais nada menos que Mr. Chris Slade. Se você, meu
caro leitor conhece esse nome sabe que ele acompanhou bandas
como Uriah Heep e Asia, mas a banda mais famosa que este monstro
das baquetas tocou chama-se AC/DC!!!!! (pausa para ajoelhar
e agradecer aos deuses por sua existência). Foi com Slade
nas baquetas que os irmãos Young gravaram o disco “The Razor's
Edge” em 1990 e um dos melhores discos ao vivo que já ouvi,
o simplesmente intitulado “Live em 1992”. E já que estamos
falando do batera Chris Slade, podemos dizer que para os fãs
do AC/DC o atraso inicial do show não foi problema, visto
que rodava nos telões o próprio DVD Live de sua antiga banda.
Voltando ao sho,
praticamente o set list inteiro foi baseado em músicas do
ultimo trabalho de estúdio de 2008 e em cima dos dois primeiros
discos do MSG, os quais mesmo sendo excelentes, durante o
show, confesso que gostaria de ouvir músicas de outros discos
do MSG. Meio que lendo meus pensamentos, Schenker inclui no
show a canção “ROCK MY NIGHTS AWAY” que faz parte do controverso
“Built To Destroy” de 1983. Digo controverso, pois este álbum
teve uma recepção morna se comparado aos anteriores, apresentava
um direcionamento musical levemente diferente, com influências
do Hard Rock americano. Eu sempre gostei do Hard Rock praticado
nas terras do Tio San, então a inclusão desta música no show
fora uma grata surpresa para mim. A primeira parte do show
já estava chegando ao seu fim e com grande satisfação Barden
agradece aos presentes e diz que quer vê-los agitando nas
músicas seguintes. Voltando ao início de carreira, o show
se encerra de forma emocionante com dois petardos do segundo
disco de estúdio, estamos falando de “ON & ON” e da maravilhosa
“ATTACK OF THE MAD AXEMAN”. Com a sensação de dever cumprido,
toda a banda se reúne no centro do palco para agradecer ao
público e dizer mais generosas palavras aos presentes. Os
músicos deixam o palco, mas no coração, todos sabiam que o
show não tinha acabado...
Após alguns minutos
e com o coro do público gritando por Michael Schenker, a banda
retorna ao palco do Stones Bar para um biz que com certeza
ficara na memória e no coração de todos presentes. Primeiro
que ele se inicia com uma música inusitada tocada em moldes
acústicos, “DANCE LADY GYPSY”; mas o que levou os presentes
ao delírio e colocou o Stones Bar abaixo devido a participação
do público foi a dobradinha final do show... Não estamos mais
falando de musicas do MSG, mas sim da maravilhosa banda inglesa
dos anos 70 U.F.O., uma banda a qual infelizmente nunca tive
oportunidade de ver ao vivo assim como muitos que presenciaram
o show do MSG. Schenker encerra a noite com “ROCK BOTTOM”
em uma memorável apresentação de praticamente 10 minutos de
duração. Durante este tempo coube as paradinhas para o público
cantar a música e a inclusão de uma parte improvisada da canção
“Strangers In The Night”. E se Rock Bottom já fez todos os
presentes pularem, a derradeira faixa acabou com as cordas
vocais daqueles que ainda tinham garganta para contar com
a banda. Encerra-se o show de forma apoteótica com “DOCTOR
DOCTOR”, com todos cantando e vibrando a cada acorde do mestre
Schenker e a cada gesto do front man Gary Barden. Fim do show,
a banda deixa o palco ovacionada pelos presentes e podemos
notar no sorriso dos músicos que eles tinham adorado o show
e se emocionaram tanto como os seus fãs.
As luzes do palco
se apagam e sob aplausos e coro de "Olê Olê Olê Olê,
Schenker, Schenker” o show tinha se findado. Pego rumo do
hotel da banda para tentar mais algumas fotos e autógrafos
com uma de minhas bandas preferidas e no caminho vou tentando
digerir o espetáculo musical que pude presenciar. Em relação
ao Michael Schenker, o que podemos dizer é que como pessoa
ele está completamente mudado do antigo Michael dos anos 70
e 80, trata-se de uma pessoa “limpa” sem o vício do álcool.
Graças ao seu atual estado, seu talento musical voltou a brilhar
mais do que nunca, é um cara centrado no palco, de poucas
palavras, praticamente faz um show para ele mesmo tocando
sorrindo para o público, mas sem grandes agitos. Muito de
sua nova fase se deve ao carinho e amor dispensado a ele por
parte de sua atual esposa Emi Egushi, uma japonesa simpática
e sorridente. No hotel, após atender os fãs pacientemente
distribuindo autógrafos e fotos, Schenker e sua esposa sentaram
entre nós tomando um bucólico cafezinho. Para quem foi conhecido
pelas suas bebedeiras nos anos 80, podemos ver o poder que
uma boa mulher pode fazer na mudança de uma pessoa! Quanto
ao show, foi digno de aplausos. Houve alguns pequenos problemas
de som em algumas músicas, mas rapidamente resolvido. O único
ponto negativo que me desapontou no show foi a falta de pelo
menos uma música de sua época no Scorpions, a banda que o
revelou!!! No mais, que ele volte muitas outras vezes ao
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Brasil,
não apenas para uma única apresentação, mas para uma grande
tour em nosso país de dimensão continental pois tenho certeza
que do norte ao sul de nossas terras tupiniquins, o MSG tem
grandes fãs. Abraço a todos que me acompanharam em mais esta
resenha. |
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AGRADECIMENTOS
- Primeiramente
a RÁDIO CORSÁRIO, na pessoa do Sr. JULIO VISEU. Tive oportunidade
de bater um papo com o mesmo e sua namorada Milena após o show.
Mais do que pessoas extremamente educadas, se mostraram pessoas
de caráter e coragem para trazer um nome tão importante para
o rock mundial como o MSG para um único show no Brasil.
- A minha grande amiga e companheira de shows MYRNA, que além
de caronas e mais caronas para cima e para baixo em busca das
bandas pelos hotéis, sempre acaba ouvindo todo o meu falatório
e minha chatice hahahaha! Muito obrigado pela companhia, amiga! |
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