24/10/2006 - por Renata Petrelli e Thiago Rahal - Tradução por Rodrigo Gonçalves

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Metal Revolution - A banda lançou Rocket Ride no começo do ano e, recebeu ótima critica da imprensa especializada e dos fãs. A evolução de vocês já chegou ao ápice ou ainda acreditam que podem fazer algo melhor?
Jens Ludwig -
Claro que ainda existe bastante espaço pra música crescer! Quero dizer que se sentíssemos que já atingimos tudo o que tínhamos para atingir com a nossa música, podíamos encerrar a banda. Eu penso que é um processo natural: sempre tentamos não nos repetir e além disso fazer coisas diferentes. Isso mantém as coisas interessantes para nós músicos e para os fãs também. Seria um tédio lançar sempre o mesmo álbum e apenas trocar os títulos das músicas, concorda?

Metal Revolution - Em Helfire Club a banda buscou o lado mais Hard Rock e pesado. Rocket Ride continua com essa linha, mas com algumas novas influências modernas. O metal melódico ainda faz parte dos planos do Edguy? Ou cada vez mais, podemos esperar por essas mesclas de ritmos e influências?
Jens -
Não sei. Ainda não começamos a escrever para o próximo álbum, por isso não tenho certeza aonde essa jornada nos levará. Nós nunca planejamos como as músicas soarão, a única coisa que almejamos é a nossa satisfação com as músicas. Ainda nos consideramos uma banda de power metal, mas é sempre interessante incluir novos elementos em nossa música, desde que você não mude completamente seu estilo e que as pessoas ainda reconheçam que aquilo que você criou é o Edguy.

Metal Revolution - O que você poderia destacar como a principal evolução do Edguy?
Jens -
É difícil falar esse tipo de coisa sobre você mesmo porque todo mundo tem um ponto de vista diferente. Mas eu acho que é o fato de ainda soarmos como Edguy mesmo que tenhamos colocado elementos novos em nossa música. Muitas bandas tentaram fazer isso antes da gente e quando o álbum é lançado, soa como uma banda completamente diferente.

"Eu acho que é bastante importante trabalharmos junto nas músicas na sala de
ensaio antes de entrarmos no estúdio. Se essas músicas soam bem na sala de ensaio,
podemos ter certeza de que soarão bem ao vivo. No estúdio você tem bastante ajuda,
algo muito técnico, pode adicionar efeitos, grandes corais, múltiplas faixas, mas na sala
de ensaio você tem apenas cinco músicos tocando aquelas canções."
- Jens Ludwig

Metal Revolution - O Edguy gravou um DVD por aqui em sua última passagem, em 2004 e, todos sabemos que o mesmo não foi bem sucedido devido aos diversos problemas técnicos. O que levou a banda re-gravar esta turnê?
Jens -
Bem, é como você acabou de mencionar: a nossa última tentativa não saiu muito legal. Definitivamente não temos sorte quando se trata de gravar um DVD. A última vez em São Paulo foi a melhor tentativa que fizemos até agora, e não digo isso por causa dos fantásticos fãs da América do Sul e da atmosfera dos shows. As partes que pudemos usar do último show no Brasil são muito boas, por isso decidimos tentar de novo.

Metal Revolution - Podemos esperar alguma surpresa no set list, devido ao fato de ser gravação de DVD? Quem sabe alguma participação especial?
Jens -
Se eu te contasse deixaria de ser surpresa! Falando sério, eu não acho que haverá muitas surpresas, exceto talvez alguns anúncios que o Tobias fará, mas isso também não é nenhuma surpresa.

Metal Revolution - É notável a sua amizade para com André Matos. Esse seu reconhecimento de amor com o Brasil se deve a essa amizade? Assim como em 2004, ele deve participar da gravação no Credicard Hall?
Jens -
Não é a única razão para amar o Brasil. As pessoas são muito gentis, a comida é ótima e o clima é na maioria das vezes melhor que na Alemanha. Eu não sei se ele estará em São Paulo quando estivermos por lá, mas se tiver, por que não?

Metal Revolution - Quais bandas brasileiras além de Angra, Shaaman e Sepultura vocês conhecem?
Jens -
Bom, isso é basicamente tudo o que eu conheço. Eu conheço também o Viper, mas o Brasil é muito distante pra conseguir ficar de olho na cena metal daí.

Metal Revolution - Alguns boatos foram lançados de que vocês gravaram um cover de “Cum On Feel The Noise”, isto é verdade? Se for, irá sair em algum single ou próximo álbum?
Jens -
Sim, é verdade, mas não sei quando será lançada. Nós gravamos essa música de brincadeira e não sabíamos o que fazer com essa gravação. Acho que não sairá como single, mas talvez como faixa bônus em um de nossos próximos lançamentos, quem sabe...

Metal Revolution - Vamos falar um pouco sobre as composições... Como é o processo de criação do Edguy? Vocês compõem primeiro as melodias ou as letras?
Jens -
Depende, às vezes o Tobi tem alguma letra ou então a música aparece primeiro. Mas no geral você pode dividir em duas partes: a primeira é a fase de coleta de idéias para a música, algo que acontece o tempo todo. Seja no ônibus da turnê, nos quartos de hotel, em casa, enquanto estamos na privada e etc.. E a segunda parte é tentar criar música a partir dessas idéias. Isso acontece com toda a banda junta na sala de ensaio. Eu acho que é bastante importante trabalharmos junto nas músicas na sala de ensaio antes de entrarmos no estúdio. Se essas músicas soam bem na sala de ensaio, podemos ter certeza de que soarão bem ao vivo. No estúdio você tem bastante ajuda, algo muito técnico, pode adicionar efeitos, grandes corais, múltiplas faixas, mas na sala de ensaio você tem apenas cinco músicos tocando aquelas canções.

Metal Revolution - O Power Metal é carregado de letras fantasiosas e histórias medievais, já o Hard Rock não, é totalmente ao contrário. Vocês têm esses dois lados em suas letras. Quais preferem trabalhar e qual sua opinião sobre isso?
Jens -
Em minha opinião, se teremos letras que falam sobre contos medievais, que dêem um significado maior a elas, quer dizer, elas deveriam ter uma mensagem que você também pode entender no presente. Não é apenas sobre matar dragões. Mas o que eu gosto mais na maioria das músicas de Hard Rock é a atitude positiva. Eles cantam sobre se divertir, festas e aproveitarem a vida e isso se encaixa bem nas minhas atitudes como pessoa. Eu acho que é muito legal que o Edguy consiga cantar sobre qualquer coisa e não é limitado porque alguém está sempre triste, feliz ou matando dragões o tempo todo. A música tem que lidar com as emoções e elas não são as mesmas o tempo todo.



Metal Revolution - Assim como uma banda de rock carrega uma grande fama e status importante na sociedade, vocês acabam por dar exemplos aos seus fãs e admiradores. Algumas pessoas começam a tocar instrumentos simplesmente por ouvirem suas músicas. O que acha sobre isto?
Jens -
É bom saber que talvez as pessoas se sintam inspiradas por algo que eu faço, mas é muito mais importante à pessoa criar uma opinião própria. Além de entreter as pessoas com a nossa música, a única mensagem que temos para os fãs é que eles devem pensar por si próprios.

Metal Revolution - Vocês ensaiam quanto tempo antes de entrar em turnê de algum álbum novo? Existe alguma dificuldade com as músicas novas?
Jens -
Sim, é claro! Bem, para ser honesto, para a turnê desse ano na América do Sul ensaiamos apenas uma vez, mas já fizemos uns 50 shows esse ano, por isso não devemos ter maiores problemas para conseguirmos tirar as músicas.

Metal Revolution - Algumas perguntas sobre o passado agora... Foi dito que a primeira fita demo da banda, fora realizada como a única chance de vocês apostarem em suas carreiras. Como foi isso? Guardaram o próprio dinheiro e gravaram? Ou tiveram algum apoio dos parentes?
Jens -
Na verdade nós gravamos duas fitas demos e um CD demo completo(Savage Poetry) antes de sermos notados. Fizemos vários shows pequenos naquela época e guardamos o dinheiro para gravarmos um álbum de maneira adequada. Foi meio frustrante quando mandamos as primeiras fitas para as gravadoras e eles as mandaram de volta para nós. Algumas pessoas chegaram até a dizer que nunca conseguiríamos chegar longe com o tipo de música que fazemos, mas nunca deixamos de acreditar em nós mesmos e continuamos tentando até que um selo pequeno chamado AFM Records nos deu uma chance e nosso primeiro contrato para gravar um disco.

Metal Revolution - Dos álbuns até o Theatre of Salvation, quais são os preferidos pela banda? E qual a razão para isto?
Jens -
Acho que depende de qual membro da banda que for responder essa pergunta. Meu favorito é o Van Glory Opera porque foi o primeiro álbum onde tudo se encaixou. Nós tivemos boas músicas e contamos com uma ajudinha do Timo Tolkki e o som do disco também é legal.

Metal Revolution - Vocês começaram muito jovens, provavelmente tinham o sonho de ter uma banda, mas acabou que o destino veio do jeito que veio e os tornaram grandes músicos. Caso esse destino não fosse possível, vocês teriam alguma idéia do que seriam?
Jens -
Pergunta difícil porque eu nunca fiz nada além de música. Eu pratiquei bastantes esportes antes de começar a tocar, por isso acho que talvez teria tentado ser um atleta profissional. Ou outra coisa, eu não sei. Por sorte nunca tive a necessidade de pensar nisso.

Metal Revolution - Hoje em dia, vemos que as bandas e seus integrantes principalmente, procuram ter algo fora do normal, como os projetos paralelos. Todos sabem do Avantasia, projeto solo de Sammet, mas alguém fora ele têm algo a mais?
Jens -
Sim, nosso baixista, Eggi, tem uma outra banda. O resto do pessoal tem alguns projetos de vez em quando, mas nada sério.

"o que eu gosto mais na maioria das músicas de Hard Rock é a atitude positiva. Eles cantam
sobre se divertir, festas e aproveitarem a vida e isso se encaixa bem nas minhas atitudes
como pessoa. Eu acho que é muito legal que o Edguy consiga cantar sobre qualquer coisa
e não é limitado porque alguém está sempre triste, feliz ou matando dragões o tempo todo.
A música tem que lidar com as emoções e elas não são as mesmas o tempo todo."
- Jens Ludwig

Metal Revolution - Na turnê, para vocês, qual é a maior dificuldade? Existe alguma coisa com que ainda não se acostumaram?
Jens -
Esperar! Essa é a parte mais chata de se sair em turnê. Tantas e tantas vezes você apenas fica esperando algo acontecer. Por um avião, um show... Às vezes também é difícil lidar com os fusos horários e os vôos, mas isso tudo vale a pena!

Metal Revolution - Por favor, caso seja possível comente seus álbuns:
Jens:
Savage Poetry (1995) -
Nosso primeiro álbum completo. Algumas ótimas idéias, mas você pode perceber que éramos bastante jovens naquela época. Eu ainda gosto desse disco porque soa bastante cru.

Kingdom of Madness (1997) - Quando começamos a gravar esse disco, ainda não tínhamos um contrato para lançá-lo. As músicas são mais complexas se comparadas com Savage Poetry, mas infelizmente o álbum tem um som muito ruim.

Vain Glory Opera (1998) - Tudo deu certo com esse álbum. Boas e marcantes músicas e um som muito bom. Ficamos bastante orgulhosos de pessoas como Hansi Kursch e Timo Tolkki terem aparecido como convidados nesse álbum e isso foi um grande passo na nossa carreira. Nós ganhamos muitos fãs com esse álbum e até os críticos ficaram satisfeitos com ele.

Theater of Salvation (1999) - Tudo maior é uma boa descrição para esse álbum. Maiores corais, músicas mais rápidas, uma produção maior, etc... Theater of Salvation ainda é uma das músicas que eu mais gosto.

The Savage Poetry (2000) - Durante a Theater Tour vários fãs no pediram a versão original desse álbum, porque ela era bastante difícil de se achar e existiam ofertas no Ebay de mais de U$500 por esse disco. Por isso decidimos relançar o disco, mas não as versões originais. Foi bastante divertido fazer covers de nossas próprias canções.

Mandrake (2001) - Distanciamos um pouco do lance do maior e mais rápido que tivemos no último álbum e nos concentramos mais nas músicas em si. Esse é o primeiro disco onde se podem ouvir influências que não são muito comuns para uma banda de Power Metal.

Burning Down The Opera Live! (2003) - Estou bastante orgulhoso desse álbum, principalmente dos fãs que fizeram a atmosfera nele ser tão legal. Algumas das músicas, ao vivo soam bem mais difíceis do que nas versões de estúdio, mas tudo bem.

Hellfire Club (2004) - Meu favorito. Eu realmente gosto das partes de orquestra no álbum e toda a atitude Rock 'n Roll em músicas como Lavatory Love Machine.

Rocket Ride (2006) - Para esse disco foi a primeira vez que contratamos ajuda de um produtor, o conhecido Sascha Paeth. Ele nos deu bastantes dicas e diferentes opiniões o que foi uma boa experiência. Nós temos bastantes elementos diferentes nesse álbum e já estou curioso em saber o que o futuro nos reserva...

Metal Revolution - Quando a banda não está em turnê ou gravando, o que vocês costumam fazer?
Jens -
Bem, se não estamos em turnê ou gravando discos, eu aproveito pra cuidar de todas as coisas que não podemos fazer enquanto estamos viajando, especialmente passar tempo com a família e amigos. É estranho: quando estamos viajando durante muito tempo queremos voltar pra casa e quando finalmente voltamos, mal podemos esperar para sairmos em turnê de novo.

Metal Revolution - Existe alguma banda em especial que vocês gostariam de dividir o mesmo palco?
Jens -
Sim! AC/DC & KISS.

Metal Revolution - Se possível, conte-nos qual foi a pior experiência que a banda passou no palco e fora dele.
Jens -
Não existe situação ruim em cima do palco, é tudo um grande desafio! Por isso tentamos aproveitar ao máximo, mesmo que eu não lembre com clareza o que foi ou onde foi...

Metal Revolution - Além da gravação do DVD em São Paulo, quais os próximos planos para o Edguy? Existe a possibilidade de um álbum já no ano que vem?
Jens -
Veremos. Após a turnê sul-americana começaremos a trabalhar no próximo álbum e além disso teremos mais uns shows.

Metal Revolution - Obrigado por essa entrevista, este espaço é seu para deixar algum recado aos seus fãs e leitores do Metal Revolution.
Jens -
Obrigado e vejo todos vocês em breve! Cuidem-se, Jens